terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Nina

Meu cachorro não entende
As diferenças sociais
Meu cachorro não entende
As diferenças raciais

Meu cachorro não entende
Que eu estudo e que eu trabalho
Meu cachorro me atende
E nunca diz que eu só atrapalho

Meu cachorro me perdoa
Meu cachorro não caçoa
Meu cachorro nunca insulta
Meu cachorro nunca julga

Que ser humano é o meu cachorro!
Que ser profano é o meu povo!
Meu cachorro quer ser do bem
E o meu povo quer se dar bem

Meu cachorro não entende
Que o ser humano é negligente

Meu cachorro é quem me cura
Quando a vida aqui é dura



MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


A natureza é essencialmente poética. Boa parte das pessoas ficam sensibilizadas diante da fauna e da flora com as quais nós fomos presenteados, o que cumpre, sem sombra de dúvidas, com a principal função social da poesia: a sensibilização do ser humano. E é poesia pura, ao estilo de Quintana, Pessoa, Neruda, Drummond, Vinícius, não daquela forçada que muitos costumam praticar nas últimas décadas. E ela sabe disso. O planeta inteiro sabe disso. Deus sabe disso. O Universo sabe disso. Pois, a natureza, o planeta, Deus, o Universo, todos estão umbilicalmente ligados, funcionando na mesma frequência poética.

***

Este é um poema estruturalmente bastante simples e, até certo ponto, idiota. Porém, eu realmente não pretendi moldá-lo de forma complicada, pois queria que ele soasse como a Nina, a minha cadelinha pequinês: pura, inocente, humilde, companheira, a quem fiz uma verdadeira homenagem, de modo a demonstrar que os "animais", especialmente os cachorros, são os verdadeiros "seres humanos", levando em consideração o que foi exposto no referido texto.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Hierarquia... é porcaria!

Classe baixa... sempre abaixo;
Classe média... sempre um tédio;
Classe alta... é um assalto;
Hierarquia... é porcaria!

Diz uma lenda...
Que somos todos iguais.
Mas só se vê submissão...
Só se vê subordinação...

Pois sai sede por poder
Grita mais alto do que sua consciência;
E você quer, mais do que nunca,
Ser um pronome de tratamento.



MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


“Hierarquia... é porcaria!” é o primeiro poema da minha segunda obra, “Humano Impresso”, que postarei e comentarei aqui no blog. É um texto que fala a respeito da inexplicável desigualdade social que condiciona a existência das pessoas e soca a dignidade do ser humano.

***

Parece um filme de terror: desde o momento em que um óvulo é fecundado por um espermatozóide, o embrião resultante desta combinação já é fadado a ser alguém ou ninguém, o príncipe ou um plebeu, Vossa Excelência ou um invisível, o intocável ou um que serve de tapete.

***

Você pode nascer sob a perspectiva de Moisés, o príncipe do Egito, assim como pode nascer sob a perspectiva de Moisés, o escravo hebreu. Tudo é uma questão de sorte, onde cada candidato à vida deve torcer para que sua genética seja banhada a ouro.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Moscas & Aranhas

Os homens criam a teia
Os homens são pegos pela própria teia
Então, arrancam pedaços de si mesmos
Acreditando serem moscas tontas

As aranhas são perigosas
As moscas... podem voar
Quem não voa fica coberto de teias
Quem fica coberto de teias... devora quem pode voar


MENDEL, Guilherme Mossini. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


O poema "Moscas & Aranhas" é o último que postarei da minha primeira obra, "Humano Expresso". Esse é um dos meus textos preferidos até hoje, pois considero-o bastante simbólico, redondinho e verdadeiro. É um dos poucos escritos que salva o "Humano Expresso". É um dos poucos escritos que me salva como poeta.

***

Não sei se sou um bom escritor. Prefiro acreditar que sim. (Em verdade, apostei que sim, já que publiquei três obras e participei de outras duas.) Quiçá eu seja um autor a quem se deva dar atenção. Contudo, o abandono está fazendo com que eu me mate aos poucos, contendo a minha vontade de escrever literatura, pois poesia não vende; eu não vendo. Estou perdendo os trocos que havia poupado durante minhas modestas experiências com "ganhar dinheiro" e, como consequência, sinto que estou perdendo tempo.

***

Tenho pena dos meus poemas. Bem que eles poderiam ter surgido para aqueles atores de novela que publicam poesia. Provavelmente seriam reconhecidos. Mas pode ser que se tornassem textos diferentes, embebidos em garbo e atenção, elogiando a paradisíaca vida que lhes seria mostrada detrás dos óculos da fama.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Escrevendo poemas

Palavras esquisitas
Palavras esquecidas

Pensamentos benditos
Pensamentos malditos

Ideias controversas
Ideias subversivas

Amor inabalável
Amor inalcançável

Ódio indesejável
Ódio incontestável

Tantas coisas envolvidas
Tantas coisas distorcidas
Para um texto construir
E o contexto confundir



MENDEL, G. M.. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


"Escrevendo poemas", como o próprio nome denuncia, é basicamente um texto que fala a respeito da arte de escrever poesia.

Então, aproveito a deixa para explicar o motivo que me levou a escrever poesia:

A poesia, para mim, é basicamente uma breve expressão de pensamentos e sentimentos. E, por ser breve, na maioria das vezes o poeta tem a felicidade de conseguir conceber um poema quando a ideia está fresquinha na cabeça e/ou os sentimentos estão fazendo o seu sangue ferver. O que não acontece com a prosa (pelo menos com a minha). Pois, até o escritor terminar de escrever tudo o que gostaria dentro dos moldes de determinado gênero prosaico (cortando a imensidão de coisas que deve cortar, ajeitando tudo o que deve ajeitar) , as ideias já estão podres e os sentimentos já estão congelados dentro d'alma.

É isso...

Até!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Poesia de gaveta

Aprisionados aos papéis
Os poemas são fiéis
À sua fria condição
De esperar publicação



MENDEL, G. M.. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Acreditem se quiserem, dentre tudo o que publiquei até hoje, este é um dos meus poemas prediletos! E, acreditem se quiserem, é o único que eu sei de cor.

Isso porque é um poema extremamente simples, extremamente redondinho e extremamente verdadeiro, que não revela apenas a situação dos poetas iniciantes ou dos poetas tímidos, mas da poesia em si nos dias de hoje, relegada à marginalidade – não da Literatura, e sim das editoras, das livrarias, do bolso dos leitores. Sim! As pessoas lêem poesia. Só que o fazem em blogs, em jornais, em folhetos colocados por aí (em murais, muros e paredes, nos ônibus e nos metrôs). No entanto, triste do poeta que quer lançar livros, tornando-se um polivalente mendigo literário, cujas atividades incluem: escrever, revisar, fomentar, divulgar e vender as suas próprias obras. Triste do escritor que escreve o texto-martelinho: pequeno, mesmo assim difícil de engolir; que faz arder a garganta, que aquece a alma e que, em seguida, perturba.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vocês

Tentando socializar o insocializável
Você não obtém resultados
Você não apaga o inusitado
E não detém minha memória inflamável

Tudo o que eu cuspo é bonito
Mas você não consegue entender
Tudo o que eu vivo é o que sinto
E eu não consigo esquecer

Você quer que eu vista amarelo
E que lhe agrade lhe tingindo desta cor
No entanto, permaneço opaco
Vestindo um branco fumegado de dor

Não é possível relaxar
Onde o tempo corre contra nós
Por isso continuo a desejar
Que o tempo pare...
Que o futuro esgote...
Que o passado não chore...
E a paz permaneça em nós

Como a vida pode ser bela
Se descansar em paz é estar morto?
Como irei viver sem sentir dor
Se a vida é mesmo um campo de batalha?



MENDEL, G. M.. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Criei este poema pensando em longas conversas que tinha com um grande amigo meu. Nós refletíamos muito sobre tudo o que achávamos errado no mundo, no comportamento das pessoas. E, para o nosso azar, víamos mais coisas ruins do que boas.

Hoje procuro não ser mais fatalista em excesso. Afinal, como diz meu pai, "quem pensa não casa". Apesar de que aninhar-se com uma bela mulher é uma das poucas coisas que continuam boas neste mundo. Desse modo, quem pensa, então, casa, consegue um bom trabalho, faz a sua parte e não se preocupa muito com os outros... Por dois motivos: 01) o ser humano não merece mais tanta piedade; 02) e não se pode mais depender tanto dos outros, pois certamente, numa hora ou noutra, você levara um cano, tendo em vista que o egoísmo está, cada vez mais, corroendo o lado bom dos seres humanos.


Obs.: Muita gente irá ler isso aqui e achará bastante pesado, pessimista. Contudo, não sou pessimista em relação a mim, mas aos outros. E eles não me permitem tomar outro partido. Inclusive, se eu enxergasse coisas bonitas, escreveria sobre coisas bonitas. Porém, no cenário atual, o lixo está sobreposto às belas paisagens.

domingo, 31 de outubro de 2010

CENSURADO

Conteúdo proibido, por razões que é melhor não comentar.

(Quem leu o post deste dia leu. Quem não leu, não lerá nunca mais.)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Não sei

Eu sei que é bom dormir
Não sei se é bom pensar
Não sei se é bom fingir
Eu sei que é bom amar

Eu sei que é bom dormir
Dormir p'ra não pensar
Pensar em ser feliz
P'ra nunca mais sofrer

Não sei se é bom viver
Talvez seja tolice
Por ser tão vulnerável
Ao que ela diz



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Dormir é confortável. É confortável, porque faz com que não pensemos nas pedras no meio dos caminhos que percorremos. Caminhos que percorremos, desconhecidos ou conhecidos. O desconhecidos nos trazem novas perguntas e novos desafios. Os conhecidos nos trazem o tédio, a preguiça e o conformismo. O tédio é um veneno lento, pois mata aos poucos. A preguiça envelhece, pois subtrai a vitalidade que ainda resta em nossos corpos. E o conformismo é confortável, pois não nos proporciona riscos nem angústias - mas acaba com a graça do viver.

***

O poema diz muito mais do que isso que eu coloquei acima. Contudo, não escrevi o que escrevi a título de comentário, mas de complementação.

É isso...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Inconseqüência conseqüente

Algo ainda me mantém em pé
Não sei até quando
Não compreendo a razão

Algo ainda me mantém em pé
Não sei a razão
Não compreendo até quando

Algo ainda me mantém... até quando?
Não compreendo a razão
Cortaram meus pés

Porque algo ainda me mantém razoável
Por ser tão compreensivo
Pela falta de pés

Os pés? Atiraram na minha testa
Para ver se eu caía
Pela falta de razão

No entanto... ainda não compreendo!
Como tudo pode ser tão razoável
Se não tem pé nem cabeça?



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


"Inconseqüência conseqüente" é o meu poema favorito do primeiro livro. Até hoje eu sou fascinado por ele, e acredito que isso se deva ao fato de ele retratar muito bem aquilo que busco em meus textos: ousadia, insanidade questionadora, dizer de maneira criativa aquilo que se quer dizer e, o mais importante de tudo, simplicidade.

Aprecio enormemente os escritores que conseguem criar textos fantásticos por meio de uma escrita simples e suave, porém emocionante e significativa - assim como o Quintana e o Neruda faziam. Na minha modesta opinião e preferência, esses dois são alguns dos que representam o que é a poesia de verdade. Mas claro, isso "na minha modesta opinião e preferência" - sem querer desmerecer outras opiniões e preferências.

***

Certa feita, quando eu era um pouco mais jovem e muito mais besta - e tinha acabado de publicar o "Humano Expresso", postei - todo confiante - esse poema numa comunidade de poesia do Orkut. Nossa! Visitava constantemente a postagem para ver se alguém tinha comentado algo a respeito. Então, numa oportunidade, descobri que um monte de gente havia comentado - o que me deixou extremamente animado e emocionado. Mas, no momento em que comecei a ler o que haviam escrito, me enxerguei como sendo o pior lixo do mundo. Senti vontade de morrer, de acabar com os exemplares restantes da obra, bem como de nunca ter inventado essa história de publicar os meus pobres e podres rascunhos.

Os comentários eram todos bastante negativos, ridicularizando gigantescamente o texto. Contudo, descobri uma crítica positiva no meio de todas aquelas agressões. Era de uma moça do Rio de Janeiro. Comecei a "conversar" seguidamente com ela e criamos laços de amizade (limitados aos muros da internet). Depois de algum tempo, a guria, que também cursava Letras, mostrou-se uma excelente poetisa (cujos textos me enchem de admiração até hoje), tornou-se uma grande incentivadora dos meus escritos e, por conta disso, mereceu ter seu nome inserido na lista dos agradecimentos de meu mais novo livro, o "Sobretudo". (Mas, infelizmente, não pude dizer isso a ela, tendo em vista que perdi contato com ela ao cancelar a minha conta no Orkut - o que é um fato lamentável, uma vez que eu gostaria de acompanhar os avanços em sua carreira.)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Abnegação

Não há mais calma
Não há mais amor
Sinto o peso da alma
Sinto tanto pavor

Não há mais verão
Não há mais calor
Sinto o peso do vão
Sinto tanto pavor

Não há mais poesia
Não há mais furor
Sinto tanta histeria
Sinto tanto pavor

Não há mais beleza
Não há mais pureza
Sinto o peso da dor
Sinto tanto pavor


MENDEL, G.M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Depois de algum tempo que comecei a guardar os poemas que escrevia, com o sonho de publicá-los em livro, eu fiquei desacreditado e parei de escrever. Não estava mais gostando dos meus textos, não pensava mais que conseguiria lançar uma obra, esse tipo de coisa deprimente.

De repente, eis que chega em Erechim o meu único irmão, mais velho, morador de PoA (exatamente o lugar onde ele nasceu), para uma rápida visita. E, durante essa estadia, me incentiva a continuar com os escritos, pois ele gostava muito dos meus textos e sempre me apoiava. (Ainda faz isso, com bastante competência inclusive - mas o presente não cabe num comentário sobre um poema passado...) Então, eu, que sempre fui imensamente ligado ao meu irmão, considerei os seus conselhos e lapidei "Abnegação", com as ferramentas toscas e as mãos canhotas que eu tinha em maior intensidade na época.

E acabei gostando demais do texto, o que me deu uma enorme injeção de ânimo para seguir em frente.

***

Até hoje não considero "Abnegação" um texto ruim. Mas atualmente as minhas atenções se voltam apenas ao "Sobretudo".

Até!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Circo da Democracia

O Lula foi eleito
E todos acharam graça.

O Tiririca foi eleito
E ninguém mais riu.

Este é o efeito...
Bem-feito, Brasil!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sem suporte

Você quer o que desconhece
Você desconhece o que você quer
Você não sabe como lidar com isso
Você não quer correr esse risco

Agarre com alma
Dedique sua vida
Agarre sua chance
Dedique seu sangue

Poças d’água não movem moinhos
Mas faça com que parem os moinhos do tempo
Persista no momento / Não deixe passar
Não permita que o vento / Insista em levar



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Esse poema mostra muito do que fui como indivíduo nos anos em que escrevi o “Humano Expresso”. Naquele tempo, eu sempre queria conquistar coisas teoricamente impossíveis. Uma delas era a publicação de um livro. Não sabia como fazer isso, a quem recorrer, aonde ir. Então, por diversas vezes caminhei pelas ruas de Erechim, com uma pasta em que constava o meu projeto de obra, em busca de informações. E, quando tudo aconteceu, foi de uma maneira inesperada, espontânea e sem medo, assim como todas as grandes conquistas da minha vida.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Namorado chiclete

Ela me mascou
Ela me usou
Depois ela cuspiu

Ela me pisou
Ela me arrastou
Depois ela sumiu



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


“Namorado chiclete” é um poema extremamente simples pelo qual eu tenho uma enorme simpatia, pois é engraçado e criativo – sem fazer muita força.

Fi-lo (“Fi-lo” é brabo. É mais antigo do que o “Fi-lo porque qui-lo.”, mas creio que essa ainda é a forma correta de se fazer tal concordância.) baseado na ideia-clichê dos namorados chiclete, que são aqueles que não desgrudam de seus queridos. Porém, inverti um pouco as coisas na minha versão da historinha, tendo em vista que, nela, comparo os namorados chiclete com chicletes mesmo – o que dá todo o tom da micro-narrativa.

***

E aí, gostaram?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cadê a democracia?

O Brasil é um país dito democrático, onde o povo teoricamente escolhe quem são seus governantes (ou opressores). A cada dois anos os brasileiros são obrigados a participar da “Festa da Democracia”. No entanto, o que ocorre parece mais uma ditadura enrustida.

Já no Horário Eleitoral Gratuito, tão aguardado pelas pessoas, pode-se perceber a gigantesca desigualdade existente entre os poderes partidários. Os partidos maiores possuem propagandas enormes e vistosas, dignas de encher os olhos de qualquer um, enquanto que os partidos menores possuem propagandas insignificantes e precárias, dignas da pena de qualquer um. (E, detalhe: muitas dessas legendas minúsculas dedicam a maior parte de seu tempo a questionar a limpeza dos bastidores da publicidade política – e isso basta para fazer valer a sua campanha.)

Há também o caso das pesquisas de intenção de voto, de utilidade discutível. Durante o período eleitoral os indivíduos são bombardeados por essas estatísticas, feitas pelos órgãos mais “ficha limpa” do país e tratadas com ares de necessidade pelos veículos de comunicação (ou manipulação). Porém, o resultado dessas investigações acaba com as chances (que já eram poucas) das siglas pequenas, pois muitos daqueles que iriam apostar nos políticos underground decidem, no fim das contas, não votar nos mesmos, tendo em vista que isso significaria anular o voto, uma escolha que poucos fizeram até hoje.

Sabe-se que o ser humano é guiado pela imagem e pelo grupo. O que a imagem (os vídeos feitos metodicamente para os candidatos) e o grupo (as pesquisas que apontam a intenção da maioria) mandam fazer, o brasileiro, um cidadão com pouca instrução crítica, faz – realizando os desejos daqueles que “mechem os pauzinhos”.

Então, é possível perceber que as eleições brasileiras, vendidas como transparentes e imparciais, pouco têm de limpinhas e bonitinhas, uma vez que só favorecem os interesses do sistema, o que não é nenhuma novidade para esta nação.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Humanotário

Para que cuspir idéias
Se as certezas se esvaem?
Necessidade humanotária
Ego longo e pavio curto

As palavras reproduzidas
Partem sempre de pressupostos inúteis
As palavras inúteis
Partem sempre de suposições reproduzidas

Nada é criado
Tudo é reproduzido
Tudo sempre existiu
E o nada me possuiu

Tudo parece criado
Pois nunca soubemos nada
Viver é como ler um texto
Só absorvemos o que é pretexto

Folhando e vivendo
Aprendendo e descobrindo
Letra por letra
Descoberta por descoberta



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


"Humanotário" é um poema que eu considerava bastante bom. Hoje passei a achá-lo bem podrinho. Mas vale a postagem pelo seu conteúdo. Basicamente ele fala sobre a inutilidade da reflexão humana, tendo em vista que em verdade não estamos evoluindo, como a maioria pensa.

"Ego longo e pavio curto", esse verso valoriza o todo, pois denuncia a essência do homem, da qual ele nunca fugirá: é um ser orgulhoso e violento. E qualquer um fica tomado por um vazio (um nada) quando se dá em conta de que, no fim das contas, nada vale a pena - a não ser o básico do ser humano, o amor.

Por fim, como os caras da banda Karne Krua colocaram em uma de suas músicas, "o homem tem o poder e pensa que tem a verdade; acha que está correto e, assim, vai pastando."

Até mais!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Vagão

Ignore para poder sobreviver
O que te faz enlouquecer

O que te faz perceber
Ignorando o teu ser?

O que te faz ser
Ignorando o teu perceber?

Tudo o que te faz saber
Será ignorado por você!

Tudo o que te faz você
Será ignorado pelo saber!

Tudo o que você precisa saber
Está incorporado no seu ser

Você só precisa perceber
Antes de enlouquecer

Mas cuidado para não morrer
Percebendo quem realmente é você

Nada te deixará dormir
Quando aquela segurança sumir

Nada te deixará sumir
Quando aquela segurança dormir



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


"Vagão" é um dos meus poemas favoritos até hoje. O título se refere ao vagão de trem. Por quê? Porque o vagão é guiado por uma força, até onde essa força pretende levá-lo.

É um texto que trata sobre tudo aquilo que faz uma pessoa ser o que é; sobre tudo aquilo que faz uma pessoa ser o que realmente é; sobre tudo aquilo que faz o ser humano ser o que é; e sobre tudo aquilo que faz o ser humano ser o que pensa que é.

***

E aí, gostaram dele tanto quanto eu?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

É perigoso demais

É perigoso ficar em casa
É perigoso sair
É perigoso mandar brasa
É perigoso se esvair

É perigoso fazer
É perigoso não fazer
É perigoso refazer
É perigoso desfazer

É perigoso proibir
É perigoso liberar
É perigoso reagir
É perigoso atacar

É perigoso pensar
É perigoso relaxar
É perigoso organizar...
Ou desorganizar

É perigoso se expor
É perigoso se esconder
É perigoso se opor
É perigoso se render

É perigoso dormir
É perigoso acordar
É perigoso oprimir
É perigoso aceitar

É perigoso demais
Ser um bom jovem rapaz
Nesse mundo fugaz
Nesse mundo voraz

Tudo é perigoso
Nada é seguro
Mas ser um nada é perigoso
Quando tudo é inseguro



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Sobre este poema não comentarei nada. Quero deixá-lo intacto para reflexão. Gostaria de salientar apenas que ele parece um texto um tanto quanto idiota. Mas só parece.

Vou adicionar duas músicas da banda Cólera como complemento, para que a leitura seja mais rica:

MEDO: Às vezes tenho medo / Às vezes sinto minha mão / Presa pelo ar / E quando eu olho em volta / Encontro uma multidão / Presa pelo ar. / Às vezes tenho raiva / Às vezes sinto que a ilusão / Me faz recuar / Pois muita gente mente / Pois muita gente dá a mão / Só pra empurrar. / SÓ PRA EMPURRAR / SÓ PRA EMPURRAR / TE DÃO A MÃO, TE DÃO A MÃO / SÓ PRA EMPURRAR!

SOMOS VIVOS: Sempre, sempre suicido meu orgulho pessoal / Por que a gente nunca sabe / Se sabemos pra valer. / Quando pego o trem subúrbio / Caio dentro do real / Cada um é um universo / Face a face com você! / SOMOS VIVOS / MAS NASCEMOS SEMPRE QUE ERRAMOS. / ATÉ QUANDO VAMOS ESCONDER OS NOSSOS BRAÇOS? / Sinto que não temos tempo / Aumentou a pulsação / Dê uma olhada para cima / Dê uma olhada pra você. / Quando pego o trem subúrbio / Caio dentro do real / Cada um é um universo / Face a face com você!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Crítica aos críticos

Eu sei que já falei sobre o ato de criticar em si num texto intitulado “Sobre a crítica e a autocrítica”. Porém, gostaria de complementar aquele escrito falando a respeito de algumas consequências que os censores causam.

Muito se discute a respeito da pouca leitura em nosso país, bem como da má leitura efetuada pelos poucos que se propõe a ler (redundantemente tratando, como o assunto permite). No entanto, como desejar que alguém que nunca lê o faça tão profundamente quanto um mergulhador descobrindo os mistérios de um mar pouco explorado?

Outra cena que me perturba é a seguinte: considerem o mesmo cidadão inculto mencionado acima. Esse indivíduo, tendo em mente que a leitura é uma coisa boa (de acordo com o que a TV afirma), pega para ler o novo livro mais vendido de um autor tido como fraco pelos críticos literários. Seleciona exatamente essa obra por estar em uma grande revista, na lista dos volumes mais vendidos no mês em todo o país. Um grande leitor, ciente de que existem produtos melhores, dá uma espécie de sermão cultural no pobre despretensioso, cuja intenção era somente ver para onde a literatura poderia levá-lo. Além disso, tal autoridade intelectual não se contentaria em ridicularizar um livro vazio. Ele iria indicar os clássicos ou os raros grandes contemporâneos (de acordo com a maioria dos afins da Literatura) – só para mostrar que ELE SABE!!! Todavia, meus caros, convenhamos que querer que um amador encare um Saramago de supetão é o mesmo que desejar que um telespectador de novelas assista “2001 – Uma odisséia no espaço”. O cara iria achar uma droga!!! Não iria tirar o mínimo de proveito da obra, além de se sentir desencorajado de provar qualquer outra coisa. Ele gostaria tanto do Paulo Coelho (tão detonado nos cursos de Letras)! E, devagar e sempre, poderia vir a experimentar coisas mais densas. Mas não! Aquilo não vale!

É o que a maioria dos professores de Literatura faz quando insiste que seus alunos de Ensino Médio absorvam os clássicos, ignorando completamente as sagas volumosas que os jovens gostam de curtir, como “Crepúsculo”, “Senhor dos anéis”, “Harry Potter”. Esses títulos são ruins. São péssimos! Incentivar que eles vivam de subcultura é compactuar com o desenvolvimento de um bando de idiotas. Porém, o problema é maior do que nós. O buraco é muito mais embaixo. As pessoas só consomem o que está mais a mão: sertanejo universitário, auto-ajuda, filmes com milhões de dólares investidos em efeitos especiais, etc.

Diante dos fatos, é fácil perceber que uma adolescente que vive de Fiuk não irá gostar de Machado de Assis; que um jovem viciado em NX Zero não irá gostar de Mário Quintana; que uma criança que passa o dia assistindo desenhos idiotas de hoje em dia, principalmente os orientais, terá dificuldade em gostar de qualquer coisa que não fale sobre esse universo.

SOBRETUDO, é o que eles, os que mexem os pauzinhos, desejam que continue acontecendo. E nós, meros fantoches, não podemos fazer exatamente nada. E, no meio disso tudo, os críticos são meros palhaços, tentando acordar as paredes.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Lavagem visual

A minha guilhotina
É esta rotina
Que insiste perversamente
Em decapitar qualquer sonho

A minha catapulta
É esta falta de culpa
Que agride o hipnotismo
Permitindo um vôo livre

A minha sabedoria
É saber que sofreria
A cada noite mal-dormida
Por eu ter que acordar...

...Num outro dia, mesma vida
Ser limitado, alucinado
Durante os dias, em minha vida
Cercado por este Inferno
Dissolvido num falso mar de rosas



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


As ideias expostas nesse poema são constantes em minha cabeça: a rotina, aprisionando o ser humano em um determinado programa e assassinando quase que completamente suas chances de viver de verdade; o correr contra a maré, tentando buscar uma existência mais consciente e menos viciada; a tristeza por saber que você acordará no outro dia, na melhor das hipóteses, e encontrará o mesmo cenário na sua frente.

Bem, digamos que já melhorei imensamente em relação a essa última parte. Atualmente acordo muito feliz. Pois, aos poucos, estou conseguindo o que sempre quis. Na realidade, na época eu estava apenas começando a caminhada - e eu sou imediatista. Além disso, a minha impaciência geralmente me corrói por dentro e me deixa muito desiludido. Mas também, ela me faz realizar grandes coisas, ousar mais, o que considero algo importantíssimo.

É mais ou menos isso, pessoal. Postei esse poema por achá-lo bem confeccionado. É uma espécie de arroz bem feito. Não é nada complexo, porém tem um sabor necessário ao nosso paladar - bom, ao menos para o meu.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Eu não sei

Eu nada sei sobre mim
Eu nada sei sobre o meu lugar
Eu nada sei sobre o meu destino
E eu não quero ser frágil!

Estou sujeito ao mundo
E o mundo não me transformou em sujeito
Estou sujeito ao fracasso
E o fracasso me deseja a vitória

Não sei se estou no caminho certo
Não sei se pertenço a um caminho
Eu sei que não quero ter um caminho
Pois desconheço o caminho do amor



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Na primeira estrofe deste poema, revelo muito da minha postura durante a adolescência: a procura do EU. Naquele período, eu não sabia quem era nem o que queria, mas sabia que precisava ser forte.

Em seguida, adicionei versos fortes e verdadeiros, cujo sentido representa a condição de inúmeras pessoas: “Estou sujeito ao mundo e o mundo não me transformou em sujeito.” Ou seja, a vida nos impõe tanta correria, tantos rótulos (homem, estudante, filho, irmão mais novo), que não há espaço para pensar em quem somos deveras. Então, por perceber esse desconhecimento “estou sujeito ao fracasso”; porém, o fracasso (o sistema) me deseja a vitória – pois se eu ganhar ele ganha também, já que o êxito de alguns impulsiona esse modelo de funcionamento das coisas.

Na terceira e última estrofe, a conclusão: “Não sei se estou no caminho certo” / “Não sei se pertenço a um caminho” (tendo em vista a confusão existencial em que me encontrava) / “Eu sei que não quero ter um caminho” (POR QUÊ?) / “Pois desconheço o caminho do amor” (!!!)

Isto é: apesar de ser somente um jovem meio errante ainda, eu já tinha certeza de que o único caminho prestável é o do amor verdadeiro, aquele que realmente transforma.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Câncer de pele

Nada leva a nada
Tudo leva ao nada
Ilusão é a desilusão
de querer poder
Permissão é a proibição
de querer parar

Nada leva a nada
Tudo leva ao nada
Negação é a afirmação
de querer sumir
Educação é a domesticação
de querer mudar



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


O título do poema é “Câncer de pele”, pois tal moléstia aparece devido ao exagero em relação a algo bom. Ou seja, mesmo que tomar sol seja uma atitude excelente, o excesso de exposição ao sol causa câncer de pele, bem como o excesso de comida leva à obesidade, o excesso de exercício ocasiona lesões musculares e fadiga, etc.

“Nada leva a nada / Tudo leva ao nada” – Estamos sempre em busca do pote de ouro e vamos morrer procurando um tesouro inexistente, o que traz como consequências as loucuras da vida. Fora esses versos, criei conceitos poéticos*, que refletem - ao meu ver - alguns aspectos da existência dos seres humanos, através de paralelos entre os antônimos das palavras, cujo resultado me fez postar esse texto aqui.




* Considero-os como conceitos poéticos, tendo em vista que eles não têm nenhum compromisso com as conceituações dicionarizadas.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Suicídio adolescente

Eu sou bem mais fraco
Eu sou o bem mais fraco
Vivo entre suas entranhas
Procurando a proteção ilusória

Quem irá me proteger do mal?
Quem irá me afastar do casual?
Quem irá descobrir quais são...
As agressões internas e externas?

No fundo do poço
É bem mais seguro
Na entrada do poço
Eu posso tombar

Feliz ou triste...
Alguém desiste?
A queda assusta mais
Do que a situação imóvel



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Esse poema fala sobre desilusão. Aquela desilusão que pode levar sua vítima ao ponto de cometer suicídio – por não acreditar mais no mundo, nas pessoas, no futuro. “Suicídio adolescente”, pois muitas vezes acontece precocemente (até antes da adolescência, durante a infância, quando a criança é perversamente oprimida pelo bullying).

A primeira estrofe denuncia a fraqueza, cuja influência amaldiçoa qualquer um, tendo em vista que todos têm um limite, uma hora que pensa em desistir, em parar de lutar.

A segunda trata a respeito do medo do porvir, dos acidentes de percurso. Ela retoma indiretamente o termo adolescente, já que na referida fase da vida os seres humanos têm mais medos e angústias do que em outros momentos da sua existência.

Em seguida há umas sacadinhas das quais gosto bastante: “No fundo do poço é bem mais seguro.” / “Na entrada do poço eu posso tombar.” Ou seja, quem está no fundo do poço sabe que não tem nada a perder, que não pode ficar pior – o que de qualquer forma é uma posição segura. E quem está rondando o poço pode cair a qualquer hora – o que traz a insegurança.

Para finalizar, pus de uma maneira diferente aquilo que foi exposto acima: “A queda assusta mais do que a situação imóvel.” Isso, após um convite a desistir... Desistir do quê? De viver? De morrer? Pois a desistência também pode ser boa. Você pode desistir de tirar a própria vida, de parar um curso que está fazendo, etc.

É isso. Mas para terminar adicionarei duas admiráveis músicas compostas pela banda Inocentes:

Nada pode nos deter: Quando eu nasci... / Me disseram que era pra esperar, porque / O futuro seria todo pra mim / Agora eu cresci... / E cansei de esperar e descobri / Que o futuro não é aqui / Hoje eu estou / Sobre os restos e os escombros do que sobrou / Das mentiras que tive que engolir / Nada mudou... / As mentiras são as mesmas, só eu que não sou / Aquele cara que ficava sem reagir / Não sigo normas, não sigo leis / Que deixam tudo como está / Fazem da liberdade algo a se procurar / Não tenha medo, me dê sua mão / Ninguém mais vai nos enganar / Vamos pra qualquer lugar / Ninguém vai nos parar! / Ninguém vai nos deter! / Ninguém vai nos parar! / Nada pode nos deter! / Nada pode nos parar!

Um cara qualquer: Eu só queria ser / Um cara comum, / Um cara qualquer / Sem ambições, / Que aceitasse a vida como ela é / Eu só queria não acreditar / Em nada, em nada... / Eu seria tão feliz / Mas eu não sou assim / Infelizmente a sorte não sorriu pra mim / Eu vivo a brigar / É difícil eu aceitar / As coisas como elas estão / As coisas como elas são / Mas eu não sou assim / Eu só queria ser / Mais um cara perdido na multidão / Sem nenhuma angústia, nenhum medo ou frustração / Eu só queria não me incomodar / Com nada, com nada... / Eu seria tão feliz / Mas eu não sou assim / Infelizmente a sorte não sorriu pra mim / Eu vivo a brigar / É difícil eu aceitar / As coisas como elas estão / As coisas como elas são / Mas eu não sou assim

terça-feira, 22 de junho de 2010

Bicho chorando

Bicho sensível
De força maligna
Repele o mal
Que me ensina
Que azul é o céu
Verde é a flora
Que fino é o véu
Que apaga a memória

Bicho insensível
De força maligna
Deserta é a fauna
E cinza é o céu

Não há mais fauna
Não há mais flora
Não há mais calma
Não há mais agora

Não há mais demora
Não há mais alerta
E o podre desperta
A alma que implora



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


O poema “Bicho chorando” é um dos que eu mais gosto do primeiro livro. Ele tem um certo valor, tanto que foi escolhido para ser declamado em um grande e belo evento de poesia realizado na Escola Estadual Haidée Tedesco Reali.

Desta vez, ao invés de comentar a respeito do conteúdo do texto, postarei algumas letras de músicas da banda Cólera (São Paulo-SP), presentes no álbum “Verde, não devaste!”, de 1989.

Considero importante colocar essas letras, tendo em vista que, durante o processo de produção do “Humano expresso”, as músicas que eu ouvia me influenciaram muito mais do que os textos que lia. (Na realidade, grande parte das canções são textos extremamente ricos, onde letra e música colaboram uma com a outra para formarem obras de arte inacreditáveis.) E a adoração pela banda Cólera teve uma grande contribuição nos poemas da minha primeira obra. Então, cabe aqui esta homenagem.

“Da última árvore para o último animal”: Nós estávamos aqui / Antes de você, antes deles, / Quando o mundo desconhecia a violência / Nós existimos há trilênios / Alimentando a todos. / Aos poucos você foi vendo / Eles chegando com uma invenção / Usavam aqui para nos cortar / E com nossos pedaços em brasa / Se aquecer. / Então eles fizeram armas e motores / Com armas te caçavam / Com motores nos cortavam. / Você viu sua espécie aniquilada, / Você viu nossas sombras sumirem, / Água e ar, vítimas de contaminação / Química. / Você viu armas feitas com / Pedaços de nossos corpos, / Você viu sua pele irmã / A preço promocional na vitrine. / Eles não viram nada além do lucro, / Eles usam sua pele / Sentados sobre nossos pedaços. / Eles têm projetos milionários para / Exterminar todos nós. / Observe agora, eles já estão cegos e / Suicidas. / Olhe ao redor, só eu e você, / Eles morrem aos poucos e / Nada mais, nada mais podemos fazer, / Nada mais...

Presídio Zoo: Bem-vindo ao Zoo, Presídio Zoo, a jaula foi feita pra você / Muitas crianças, vai divertir, porcarias elas vão te dar / Da sua espécie, nada sobrou, você é raridade e vale um milhão / Veja os papéis, você é meu! Veja os papéis, você é meu! / O erro do homem é gananciar, o que não se vende ele sempre quer comprar / É ilegal comprar, vender. / O animal não pertence a você! / É ilegal comprar, vender. / O animal não pertence a você! / ANIMAIS não fazem guerras! / ANIMAIS não pertencem a ninguém! / ANIMAIS não destroem selvas! / ANIMAIS não matam por prazer! / ANIMAIS não constroem bombas! / ANIMAIS pode ser você! / ANIMAIS não poluem o ar! / ANIMAIS, A, A! / Zooona! Presídio Zoo onde exponho você / Pra te amansar, te controlar / E por dez milhões te vender / Seria bom se os animais pudessem contar / Com todos vocês pra apoiar, pra defender / O seu direito de viver. Pra apoiar, / Pra defender a liberdade de ser / ANIMAIS não fazem guerras! ANIMAIS não destroem selvas! / ANIMAIS não constroem bombas! / ANIMAIS não poluem mares! / ANIMAIS não pertencem a ninguém! / ANIMAIS não matam por prazer! / ANIMAIS pode ser você! / Animais, A-NI-MAIS!

Don’t waste it: “Animais não são nossos para satisfazer nossos prazeres violentos!” / Destrua os caçadores!! No forest, no animals, no ocean, no air! / Who can live in this world??? / Veja quanto gás polui o ar e os vegetais, floras e faunas assassinas / Estupidamente pra que? / Esses canalhas que ferem o mundo deviam se suicidar, pois seus cérebros só destroem o céu, a terra e o ar! / PRECISAMOS RESPIRAR! PRECISAMOS RESPIRAR!

Verde: Onde haviam riachos limpos / Hoje só vemos estrume humano / O chão que era coberto por / Folhas secas está encoberto / Pelo concreto / Quem quer que mate a toa / Quem queima e corta / Florestas e reservas / Só pensa em lucrar / Mas isso é roubar! / MINHA VIDA, SUA VIDA, / NOSSAS VIDAS DEPENDEM DO VERDE / MINHA VIDA, SUA VIDA, / NOSSAS VIDAS DEPENDEM DO / VERDE, DEPENDEM DO VERDE / JÁ! / O homem já inventou / Máquinas que voam / Mas não inventou o verde / O homem já criou / Cérebros e bombas / E esqueceu do verde / O homem não pensa muito / Na hora de explorar / Por mais que destrua a vida / Só pensa em lucrar / Mas isso é roubar! / MINHA VIDA, SUA VIDA... / Ponha ele em pé com a serra elétrica, / Corte no início da perna, / Corte no início da perna. / Código de indústria pra fazer papel / Ou armarinho de luxo / Ou armarinho de luxo


Como vocês podem ver, as composições da Cólera são bastante parecidas com as minhas: há protesto, há vontade de fazer uma arte engajada e há erros de escrita, decorrentes da falta de conhecimento que eu também tinha quando escrevi a primeira obra poética.

Por fim, cabe observar que em 1989 os caras já chamavam a atenção para um problema bastante atual, sinal de que a questão ambiental é consideravelmente antiga. Desde sempre há gente tentando conscientizar a população, só que esses são os que têm menos voz dentro da sociedade.

É isso.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Espelho meu! (Transição)

Estão cobrando de mim um personagem novo
Estão cobrando de mim a relação com o povo
Estão cobrando de mim uma atitude moderna
Estão cobrando de mim uma postura deserta

Estão sonhando por mim o que desejam por eles
Estão vivendo por mim o que viveram por eles
Estão fazendo por mim o que fizeram por eles
Estão mostrando p’ra mim um mundo feito p’ra eles

Eu não pedi p’ra nascer
Eu não nasci p’ra viver
Eu não vivi p’ra sofrer
Eu não sofri p’ra morrer!


MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Esse poema é um discurso gritante dentro da minha cabeça, porque fala de algo que sentirei na pele por toda a vida: pressão.

A primeira estrofe, clara como é, fala das constantes cobranças que o mundo e os outros fazem: criar personagens para saber como lidar com as diversas situações; construir amizades para não ter que sobreviver sozinho e, assim, se ferrar (já que o ser humano vive em sociedade); agir de acordo com os outros para não ser chato; e ser menos sério, ou mais malandro, pois, como aponta um dos ditados modernos mais recorrentes, “bonzinho só se fode!”.

A outra revela que neste mundo é impossível ficar em paz, tendo em vista que se vive com os outros e eles querem que você seja mais um – mais um dos inúmeros patéticos que se encontra por aí.

E a última, através de um jogo que considero bastante eficiente, mostra envolventemente a profundidade da agonia que apresenta alguém que não se sente confortável por aqui.

Mas...

Há também o sentido do segundo título do poema, “Transição”, diretamente relacionado ao que foi exposto acima, uma vez que ao se sair da adolescência tudo muda: a visão de mundo, as expectativas, as preocupações, a posição da pessoa no meio, etc.

FIM!
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TEXTOS COMPLEMENTARES:
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Pressão social (Banda: Plebe Rude) Há uma espada sobre a minha cabeça / É uma pressão social que não quer que eu me esqueça / Que tenho que estudar, que eu tenho que trabalhar / Que tenho que ser alguém, não posso ser ninguém / Há uma espada sobre a minha cabeça / É uma pressão social que não quer que eu me esqueça / Que a minha vitória é a derrota dele / E o meu lucro é a perda de dele / Que eu tenho que competir, que eu tenho que destruir / Há uma espada sobre a minha cabeça / É uma pressão social que não quer que eu me esqueça / Que eu tenho que conformar, conformar é rebelar / Que eu tenho que rebelar, rebelar é conformar / E quem conforma o sistema engole / E quem rebela o sistema come / E quem conforma

Alien (Banda: Devotos) Eu vim aqui mesmo sem planos / Estou aqui não sei porquê / Me ajude a ser humano / Não quero me perder / Não quero falar dos meus sonhos / Não quero pedir para viver / Me ajude a ser humano / Não quero me perder / Eu tenho o sono dos anjos / Eu tenho a fome de viver / Me ajude a ser humano / Não quero me perder / Não quero falar dos meus sonhos / Não quero pedir para viver / Me ajude a ser humano / Não quero me perder... / Não quero me perder!!!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

De tudo

Hoje veja
Hoje seja
Seja um louco
Seja um pouco...
De tudo

Hoje corra
Hoje morra
Mas tente
Mas invente...
De tudo

Hoje chore
Hoje sorria
Hoje namore
Hoje desistia...
De tudo



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


"De tudo" é um poema simplíssimo, mas com pontos interessantes. No final das estrofes, por exemplo, a expressão “de tudo” marca um dos aspectos mais legais desse produto da ansiedade (na minha modesta opinião): ela vai do positivismo dos dois primeiros segmentos ao negativismo do último, quando a quebra do caráter animado do texto é feita por meio do verso “Hoje desistia...”. Pois anteriormente, independentemente de quais fossem as atitudes tomadas (tornar-se um louco desenfreado; correr, morrer, tentar, inventar; chorar, sorrir, etc.), o indivíduo estaria apenas vivendo intensamente, “curtindo a vida adoidado”. E em seguida há um rompimento do ritmo anterior, causado pelo sentido da expressão “desistir de tudo”, que indica um descontentamento com a própria vida, e pelo tempo verbal mal-empregado naquela construção, que chama a atenção por não se encaixar de forma perfeita linguisticamente, tanto no poema quanto na percepção dos leitores (acredito eu).

Enfim, bom ou ruim, é um texto que trata sobre a inconstância do espírito e a bipolaridade da existência, com seus altos e baixos...

Fui!

sábado, 29 de maio de 2010

Ônibus

Vejo a miséria em movimento
Minha rotina correndo
O Sol agora nascendo
E as pessoas vivendo

Estes degraus vou subindo
O dia-a-dia fluindo
Confesso agora o que sinto
Quando entro neste recinto

A comunidade se une
Neste destino impune
Objetivos tão diferentes
Mas somos todos clientes

A indiferença toma conta
Uma realidade que até espanta
A individualidade então reina
E a convivência afugenta

Burocracia envolvida
Dela depende a sua vida
Agora o ônibus apita
Que é a hora da minha saída



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Criei o poema “Ônibus” para um concurso de poesia no ônibus que iria ter na cidade. Não ocorreu a competição literária, mas o texto permaneceu – e foi para o livro.

Ele é um dos poucos que produzi sem muita inspiração, pensando em um tema e o desenvolvendo, pois prefiro escrever a partir da emoção, da excitação criativa que há em momentos (in)oportunos.

Fala exatamente das pessoas que pegam o ônibus assim que amanhece o dia e a cidade começa a funcionar...

É um poema com erros, como muitos outros, mas faz parte da minha formação como escritor. E poucos são os que acertam logo de início, bem como os que passam a acertar depois de alguns erros. Então, embora a cobrança que faço em cima de mim mesmo seja imensa, preciso aceitar que o processo erro-acerto é natural.

Bem, é mais ou menos isso o que tenho para hoje.
Até!
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PONTO DE ÔNIBUS (Roger Moreira/Maurício Defendi) Ônibus - não! / Ônibus - não! / Que é que eu tô fazendo aqui / Nesse ponto de ônibus / Quando eu tiver dinheiro / Eu prometo a mim mesmo / Que eu só vou andar de táxi / Ainda se o tempo não tivesse mudado / Ainda se o ônibus tivesse parado / E esse cara aqui do meu lado / Fica me olhando com cara de tarado / O motorista não foi nada educado / Passou na poça e me deixou encharcado / Parou à frente, superlotado / E o cobrador que nunca tem trocado [Ultraje a Rigor]
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WAITING FOR THE BUS We got the mother and the kids / We got the guy and his date / We all get mad / We all get late / Looks like somebody forgot about us / Standin' on the corner / Waitin' for a bus / Say hey mister driver man / Don't be slow / 'Cause I got somewhere I got to go / Say hey mister driver man / Drive that thing fast / My precious time keep slippin' past / Let's call the mayor let's complain / Looks like the city's done to us again / Tied up in traffic what'ya know / The damn city bus moves so slow / I said hey mister driver man / Don't be slow / 'Cause I got somewhere I got to go / Say hey mister driver man / Drive that thing fast / My precious time keep slippin' past [Violent Femmes]

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Liberdade ou alienação?

Não precisamos
Viver de aparência
Nem precisamos
Nos tornar ocultos

Os nossos sonhos?
Eles serão aparentes
Mas pode ser que se tornem
Algo essencial

A nossa busca
Será alienada
Todos nós gostamos
Da liberdade sonhada


MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Será que eu deveria ter publicado os meus dois livros? Por inúmeras vezes acho que não, que foi um erro patético. Contudo, agora foi... E já que estou gostando de elaborar este blog, irei dar continuidade ao trabalho, mesmo que meus “poemas” não agradem a todos (alguns não chegam a agradar nem a mim mesmo).

Sobre o “Liberdade ou alienação?”... é um texto extremamente simples com um significado importante e complexo. A primeira estrofe trata a respeito do equilíbrio que devemos buscar em todos os aspectos das nossas vidas. (Pelo menos eu acredito nisso.) Mais especificamente no caso do contexto criado no poema, não é muito saudável entrar no "jogo-instinto" do poder, assim como não é muito saudável fugir do mundo. Em seguida, falo da relevância dos sonhos para a existência das pessoas, já que eles impulsionam qualquer indivíduo. Um ser humano que sonha sempre terá motivos para lutar, perguntas para responder, caminhos para trilhar. E, por fim, uma quebra básica: os sonhos não deixam de ser uma “autoalienação”, onde fugimos um pouco da realidade para alcançar as nuvens. (É o que a palavra por si indica: SO.NHO s.m. 1) Conjunto de imagens e de fenômenos psíquicos que se apresentam à mente durante o sono. 2) Coisa ou pessoa com quem se sonha. 3) Devaneio, fantasia, ilusão, utopia. 4) Cul. Doce leve e fofo feito à base de farinha, leite e ovos, frito em gordura e passado em açúcar ou calda. [Minidicionário Português, Grupo Ciranda Cultural]). Para encerrar, a “liberdade sonhada” refere-se ao que enxergamos como realidade, visão diferente em cada um – aquilo que torna a lida mais inquietante e as pessoas amáveis ou odiáveis.

FIM!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Devaneio

Onde mais encontrarei
O que antes procurei
Em alguém que já não sei
Se existe ou eu criei?

No passado eu aprendi
O pensamento construí
Acredito no que vi
Pois você ainda sorri

Procuro então rimar agora
Explicação, deixo p’ra outra hora
Se hoje ainda um padre ora
Preciso, pois, ir embora

Já irei sem devaneio
Já criei algum receio
Em comer pão de centeio
Ou um normal, mas pelo meio


MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Conforme o “Dicionário da Língua Portuguesa” da Editora Avenida (2002), o significado de devaneio é: “de.va.nei.o sm 1 Ato de devanear. 2 Imaginação, fantasia, sonho.” E foi isso o que me levou a colocar tal título nesse poema - não a descrição publicada na obra citada acima, mas o que essa palavra representa para mim.

A primeira estrofe, como vocês podem ver, traz um contexto embebido em esquizofrenia, uma das doenças que mais me intriga. Para quem não sabe do que se trata a moléstia, esta é a definição que o já referido dicionário apresenta: “es.qui.zo.fre.ni.a sf Med Doença mental em que o doente perde o contato com a realidade e vive num mundo imaginário.”

A segunda, situada na mesma situação, prova que o eu-lírico não estava louco. Realmente aconteceu algo entre ele e alguém, tendo em vista que a pessoa, quando o vê, sorri, dum sorriso que só os dois entendem.

Revelando isso, o eu-lírico desconversa, puxando um outro tema, complexo, e parte para a última parte do texto, que denuncia a falta de intensidade do cuidado, da prudência, da precaução.

É basicamente isso...

Até a próxima!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sobre a crítica e a autocrítica

A crítica é extremamente importante, pois tem por função afirmar ou transgredir um evento, linguístico ou não, e, dessa forma, permitir a permanência ou a mudança (quando acatada). Contudo, a posição do crítico é um tanto quanto patética, tendo em vista que este nada mais é do que a voz de um orgulho acariciado ou ofendido, expressando através de uma atitude eu julgo a sua (in)conformidade com a realidade que enxerga. Mas o que ele vê é do ponto de vista dele, não do sujeito agente ou ator, cuja decisão está entre um leque de opções, onde deve analisar a sua visão e os olhares de urubu dos outros, sendo o peso na consciência variável conforme a pessoa.
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Tem-se também a autocrítica, cuja utilização em excesso leva à loucura e, num momento posterior, ao mais perto que se pode chegar da lucidez. Ela é um mecanismo excelente para que um pensante observador estude suas ações e comportamentos passados, presentes e futuros, tentando alcançar o seu ideal degrau por degrau. Porém, é baseada no ponto de vista egoísta e de experiências únicas de quem sofre a sua agoniante influência e, então, indigna de credibilidade.
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De qualquer forma, todas essas reflexões fazem com que questionemos, prepotentes ou não, conceitos como os de verdade, sanidade, etc. E essa inquietude infinita, existente somente na espécie humana, não tem valor mensurável.
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P.S.01: Ainda, basta pensarmos um pouco num mundo de plena humildade para chegarmos a uma conclusão incrivelmente intrigante: se todos fôssemos totalmente humildes nunca teríamos achado nada ruim ou bom, o que nos levaria a não criar nada nem nos instigaria a desenvolver a linguagem (para expressar nossa opinião). Portanto, o orgulho (ou ego), assim como julgamentos envolvendo os significados abstratos e facilmente mutáveis de bom e mau, estão intrinsecamente relacionados, fazem parte da natureza e são ferramentas indispensáveis para a movimentação do mundo e do ser humano - que quando usadas em excesso ocasionam a maioria das desgraças conhecidas até o momento atual.
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P.S.02: Notem que, agora mesmo, estou embebido em orgulho, desenvolvendo uma ideia que EU JULGUEI interessante de compartilhar com a sociedade.
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P.S.03: Bem, vou acabar antes que todos acabem insanos. Tchau!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

As portas das janelas

Abram as portas
Para todas as janelas
Para que andem pelo mundo
Que nos fizeram enxergar
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Abram as portas
Para todas as janelas
Para que dancem conosco
A dança do medo
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Abram as portas
Para todas as janelas
Para que trilhem um caminho
Sem avisar onde estão
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Abram as portas
Para todas as janelas
Para que elas fujam
Deixando os cegos no exílio
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Abram as portas
Para todas as janelas
Para que encontrem um amor
Que ilumine o nosso quarto
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MENDEL, G.M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
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"As portas das janelas" foi um dos poemas de que eu mais gostei. Tenho apenas um certo problema com o título: nunca o achei o mais adequado, só que também não encontrei algum melhor.
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Esse texto me veio enquanto eu observava a rua através da janela do meu quarto. Provavelmente estava com a cabeça em turbilhão, como sempre. Acredito nisso por causa das ideias que expressei nas estrofes:
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1ª "Para que andem pelo mundo que nos fizeram enxergar" = O mundo que as janelas nos denunciaram não é tão bonito assim. Não é aquele olhar para fora e encontrar beleza, alegria, tranquilidade; mas feiura, tristeza, correria.
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2ª "Para que dancem conosco a dança do medo" = Ali fora há sim a dança do medo. Basta observar qualquer pessoa, correndo, com atenção extrema, preocupada, de cabeça cheia.
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3ª "Para que trilhem um caminho sem avisar onde estão" = Esse trecho é um pouco mais alegre, pois expressa simplesmente o sentimento de liberdade, do caminhar despreocupado e errante.
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4ª "Para que elas fujam, deixando os cegos no exílio" = Quem são os cegos no exílio? Por que são cegos? Onde é o exílio?
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5ª "Para que encontrem um amor que ilumine o nosso quarto" = Que bonito, não é mesmo? E também bastante significativo...
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É basicamente isso, pessoal. Espero que tenham gostado da postagem. Até a próxima oportunidade...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Diet

Ignore o que te faz sobreviver
Valorize a felicidade
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Não importa o que você foi em um mês
Sempre valerá o que você foi a vida inteira
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Todos juntos com propósitos diferentes
Todos cansados destas incansáveis mentes
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Não existem sonhos
Apenas planos curtos e alcançáveis
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MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
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Esse texto parece ruim. Eu prefiro achar que ele permite inúmeras interpretações.
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Assim como vários outros, é um poema onde não encaixo uma estrofe com outra, tendo em vista que a única relação que elas têm entre si são a identificação com o título: a cultura moderna da dieta rigorosa e da punição estética.
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Dessa forma, na primeira estrofe procurei retratar a busca desenfreada pela felicidade e a desvalorização dos detalhes da vida (que é o que realmente traz o gozo); na segunda, as pessoas que tentam mudar quando já é tarde demais (ex.: indivíduos que foram gordos durante um grande período, mesmo após emagrecer, sempre se enxergarão como obesos, desprezíveis diante da sociedade atual); na terceira, o individualismo e a concorrência indiretamente pregados pelo poder e a falsa solidariedade diretamente instigada pela mídia; e na última, a conquista do grande sonho passo a passo, por meio de um planejamento com ações disciplinadas, que é o método em que eu acredito para realizar aquilo que se almeja.
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Mas, o que isso tudo tem a ver com diet? É óbvio que eu não darei o poema inteiro de mão beijada! Então, façam bom proveito...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Me detenho

Será que eu faço o que é certo
Ou me detenho no incerto?
Das minhas escolhas tenho certeza
Ou me detenho na incerteza?
Será que venço os obstáculos
Ou me detenho em meus medos?
Sigo a minha ideologia
Ou me detenho em vossas leis?
Será que amo quem me ama
Ou me detenho em gostar?
Conquisto por mim mesmo
Ou me detenho em ser orgânico?
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Me detenho em mim mesmo
Não me encaixo no contexto
Sigo apenas liberdade
Não cultivo a falsidade
Penso e sinto
Não consinto
Com o cinto
Que nos aprisiona
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MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
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"Me detenho" é o primeiro poema que criei baseado em questionamentos. Ficou uma construção muito boa, acredito. Tem um ritmo envolvente e diz tudo sobre o que eu era na época.
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Mas o melhor de tudo é que não é um texto só para mim. Todos que o lerem poderão se identificar com o que está exposto, imposto, pressuposto e implícito ali.
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***
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Posteriormente (bem posteriormente), fui apresentado à obra "Livro das perguntas", de Pablo Neruda, uma obra fantástica, extremamente recomendável, com indagações de cunho muito mais poético do que as minhas. Realmente tenho grande admiração pela poesia que pergunta (literalmente), pois é muito mais do que uma questão de pontuação no final da frase. É uma forma de dizer aos leitores: "Eu não me atrevo a afirmar nada, porque toda a afirmação é uma atitude orgulhosa. O importante é que vocês questionem, porque é através das perguntas que se chega às respostas."
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É mais ou menos isso, pessoal!
Espero que estejam gostando das postagens.
Abraço e tudo de bom a todos!
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P.S.: Uma atenção especial ao trecho "Penso e sinto / Não consinto / Com o cinto / Que nos aprisiona". Acho que as pessoas gostaram disso tanto quanto eu. Pelo menos é o que geralmente falam. Quando terminei esse poema, li novamente o final e percebi que poderia ter futuro. E é esse tipo de sensação, de empolgação, que me faz continuar - apesar de tudo...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A parte de um todo

Cada parte de um todo
Cada parte é o todo
O todo não faz parte
Da parte que me toca
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A parte do todo parte
Com todos que não faz parte
Da parte que compõe o todo
O todo está em toda parte
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Tudo briga com todo
A parte, parte com eles
Tudo e todos são parte
De tudo que talvez gostamos
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A união de tudo com todo
A guerra entre a parte e o todo
O todo que talvez parta
Parta com o coração de todos
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MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
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Nossa, que alegria que senti após a criação desse poema! Parecia o próprio Camões!
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Durante anos disse aos outros e a mim mesmo que esse era o melhor produto da minha escrita; isso até eu começar a achar o "Humano expresso" ridículo, patético, vergonhoso, tendo em vista o seu conteúdo claramente amador (do ponto de vista da minha massacrante autocrítica).
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Além disso, deixando bem explícito que esse texto foi criado em 2004, descobri em 2006 (ou 2007) que existe o seguinte poema de autoria do grandíssimo escritor Gregório de Matos, ou "Boca do Inferno":
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O todo sem parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo
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Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.
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O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
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Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo
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Assim, depois de saber que o meu até então inédito jogo de palavras e sentidos já havia sido feito lá no Barroco, "A parte de um todo" quase perdeu a graça para mim. Digo quase porque, no segundo livro, publiquei "A parte de um todo 2".
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É isso, pessoal!
Até mais...

sábado, 17 de abril de 2010

A doença

A doença do homem
A doença do mundo
É o próprio homem
O mundo é o defunto
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A morte do homem
A morte do mundo
O homem provoca
Destrói o futuro
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O fim do ser humano
O fim de um ser profano
É culpa do homem
Do homem urbano
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O mundo é o defunto
Destrói o futuro
Do homem urbano
Chamado doença
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Ganância é o sintoma
Dinheiro transmite
Não existe cura
Apenas a morte
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MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
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Eu acho esse poema bem bom! Gosto bastante dele, pois, mesmo sem ter domínio de técnicas de escrita poética apuradas, consegui construir um jogo de versos interessante para os 17 anos que eu tinha na época. Lembro que estava consideravelmente inspirado e motivado quando o criei; e é nessas condições que escrevo os meus melhores textos. Aliás, não sou muito de lapidar poesia. Lido bastante em cima dos meus escritos em prosa e pouco em cima dos versos. Acho que é porque estes saem com maior naturalidade.
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***
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Quanto ao assunto do poema, acredito que não é preciso explicitar algo além do que já está exposto, não é?
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É...
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Até mais!

terça-feira, 13 de abril de 2010

O mal do tempo

Tenho nojo do tempo
Do mal que nos faz
O novo inventa
O antigo agüenta

Triste sabedoria
Almejando a ingenuidade
Agora descansa
Tem saudades do cansaço

Agora vives cansado
Não sonhas com nada
Esqueces de tudo
Repete as palavras

Beirando a morte
Triste e enfermo
Frágil e amante
De lembranças queridas


MENDEL, G. M. Humano Expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Criei esse poema após a morte do meu avô paterno. Apesar das variações dos pronomes pessoais e das repetições, características recorrentes nos meus textos daquela época, "O mal do tempo" sempre me pareceu um assunto pertinente.

Na primeira estrofe, procurei tratar do caráter refutável que o velho tem em nossa sociedade. Os idosos são tratados como aparelhos eletrônicos fora de linha, sendo jogados em qualquer canto para que esperem o tempo lhes consumir.

Continuo nessa linha de pensamento na estrofe seguinte: os aposentados são ultrapassados e, por isso, devem apenas descansar depois de uma vida inteira de trabalho - um dos eufemismos mais claros que se tem notícia.

Após, refiro-me especificamente ao meu vô, que, nos seus últimos anos, tinha sua saúde e seu ânimo abalados pelo Mal de Alzheimer e pela quase cegueira.

Por fim, ressalto o caráter romântico do estado deprimente em que estava o meu muito querido familiar: inseria-se cada vez mais no mundo de sua infância, não mais como nostalgia, mas como realidade. Ou seja, procurava constantemente pela casa onde morava quando era criança, confundia filhos e netos com seus irmãos, perguntava para o meu pai em que lugar havia amarrado o cavalo; só não esquecia da minha avó, embora raras vezes a tratasse por "mãe", o que não seria de forma alguma uma mentira.

É mais ou menos isso...

Até breve, caros leitores.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Caminho incerto

Um único caminho
Caminho odioso
Caminho de lembranças
De separação

Não temos escolhas
Mas somos obrigados a escolher
Nada conhecemos
Tudo repudiamos

O fim do caminho
De um novo caminho
Caminho da vida
Da vida desiludida

Nos mobilizamos
Estamos otimistas
Então superamos
Ou recomeçamos

O mundo dá chances
Chances de escolha
Da vida suicida
Ou do clímax vital

Uma certa idade
Com certas escolhas
Por novas fronteiras
E incertos caminhos


MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Esse é um poema bastante rico, que proporciona inúmeras leituras. No entanto, quando o escrevi, eu tinha em mente a condição em que me encontrava naquele momento: meus colegas de terceiro ano do Ensino Médio e eu, gente de classe média, pensávamos no que deveras iríamos ser quando crescêssemos. Ou seja, estávamos prestes a escolher que curso superior iríamos frequentar e onde isso iria acontecer.

Aquela realidade não me agradava nem um pouco. Não queria me separar dos meus amigos, muito menos pensar em ser alguma coisa. Estava ótimo não ser nada nem ninguém!

Por outro lado, via vários amigos animadíssimos com as possibilidades e, de certa forma, desejava estar como eles. Olhando o futuro sob aquele prisma parecia ser muito mais fácil. Só que eu sempre fui bastante fatalista, o que complica um pouco as coisas.

Bem, talvez eu só estivesse prevendo o que iria acontecer: virei escritor do gênero mais desinteressante da literatura atual (e o único que consigo produzir com certa habilidade, quase como uma condenação - me sinto como um cara que enxerga num mundo onde só a cegueira tem valor) e me formei em uma licenciatura, o que nos dias de hoje pode ser comparável a ir para o exército e descobrir que uma guerra se aproxima. Mas tudo bem... Eu não preciso enfrentar guerra alguma, tendo em vista que ninguém quis me contratar. (Contudo, caso resolverem mudar de ideia eu sou um excelente soldado, ouviram?)

Obs.: Perdão pelo tom melancólico da postagem. É que todas essas lembranças me causaram um certo desconforto e/ou saudosismo - coisas típicas de alguém regido por Câncer, não é mesmo?

P.S.: Novamente esse poema é repleto de versos desconexos e divagantes. No entanto, se em toda vez que eu publicar um poema no blog ficar chamando atenção para os defeitos de construção do texto, todos acabarão se cansando de visitá-lo. (É que isso é algo típico de professor de Português: ficar se preocupando com erros linguísticos - coisa que ninguém se importa muito - como um proprietário de imóvel que aluga sua sala para um bloco de carnaval. É óbvio que os foliões irão quebrar tudo, então "relaxa e goza".)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Distância da nossa imagem ao espelho do mundo

Todos os caminhos são formados por linhas imaginárias
Que diferem os caminhos virtuais dos caminhos reais
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Virtuais são os caminhos das drogas, do crime, das guerras, do homem real
Reais são os caminhos da paz, do equilíbrio interior, da honestidade, do homem virtual
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Pela lógica, todo caminho virtual deveria ser uma ilusão de óptica
Porém, eles são o nosso reflexo no espelho
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Nossa vida é invertida
Nossos sonhos virtuais
Os humanos não refletem
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MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
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Esse poema eu achava sensacional na época! Nossa!!! Que emoção após escrevê-lo!
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Estava aprendendo sobre Óptica em Física. Então, minha mente começou a fervilhar pensando em um monte de coisas, e saiu isso aí, um texto bastante criativo e relativamente bem elaborado, apesar de contar com alguns problemas recorrentes em meus escritos, como a estrofe final meio desconexa - o que me leva a pensar que a maioria dos meus primeiros poemas são coitados.
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Bem, voltando ao assunto, o que os versinhos dizem é que basicamente o homem de verdade é podre, e que, para grande parte dos indivíduos, ser uma boa pessoa é apenas uma ilusão.
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...E ainda termino com o fantástico "Os humanos não refletem", onde reflete tem um duplo sentido (refletir de "pensar sobre algo" / refletir de "desviar ou fazer retroceder segundo a lei da reflexão" - conforme aponta o Michaelis)... Bah! Que mérito pro fedelho que eu era...

domingo, 4 de abril de 2010

Timidez doentia

Vivo em um cubo de vidro
Respiro tristeza
Não penso, apenas sinto

Fora do cubo há um mundo normal
Eu poderia quebrar o vidro
Mas uma barreira de sentimentos me impediria

Convivo com as pessoas dentro da normalidade
Meu corpo me representa nesta outra dimensão
Mas meu espírito adormece dentro do cubo

Já usei meu direito de amar
Porém, nunca tive um amor
Desisti do rancor



MENDEL, G.M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Esse é o primeiro poema que escrevi como poeta, já que foi ele quem me incentivou a assumir tal papel. É por isso que esse texto é bastante importante para mim. Nele tentei retratar tudo o que sentia como um adolescente tímido. Gostei tanto do resultado das figuras que desenvolvi que continuei a escrever, sempre buscando o meu aprimoramento.

Na época eu achei "Timidez doentia" excelente! Para mim era quase um poema de poeta grandão. Hoje encontro ali algumas repetições (sempre adorei o "mas"), descontinuidade e amadorismo, apesar de ainda o achar criativo e pertinente, considerando que o sofrimento das pessoas tímidas não é brincadeira.

Enfim, eu somente me perguntava: "Será que a errada é a pessoa que é taxada de tímida ou a sociedade que quer adequá-la em seus moldes?"

Isso me faz lembrar da banda Tokyo, que nos anos 80 cantava versos como:

"Eu sou triste / Por ser assim / Cheio de erros / Cometidos por mim / Não tenho garotas / Elas fogem de mim / Não olho no espelho / Tenho medo de mim / Não olho para os outros / Tampouco para mim / Eu sou um defeito / Eu não quis nascer assim / Eu sigo calado / Sou anti-social / E quero algum dia / Me tornar normal / Estou sofrendo / Procuro a solução / Caso não encontrar / Vou me suicidar / Não olho para os outros / Tampouco para mim / Eu sou um defeito / Eu não quis nascer assim" (Eu sou triste)

"Esses humanos que circulam / Pela cidade aí afora / Eu não aguento,
eles querem me conquistar / Eu não aguento, eles querem me controlar / Querem me obrigar a ser do jeito que eles são / Cheios de certezas e vivendo de ilusão / Mas eu não sou / Nem quero ser / Igual a quem me diz / Que sendo igual / Eu posso ser feliz" (Humanos)

Papo inicial

A principio o blog seria apenas uma ferramenta para eu divulgar (ocasionalmente) um ou outro de meus poemas, atitude muito frequente na internet. Contudo, decidi mudar a proposta do site: vou comentar alguns textos, cuja postagem será por ordem cronológica.

Para quem não me conhece (ou seja, a maioria dos poucos leitores desse blog), sou um poeta novato do interior gaúcho, mais especificamente de Erechim-RS. Apesar da pouca idade, já publiquei duas obras poéticas (edições de tiragem curta, custeadas pelo pouco dinheiro que tive condições de ganhar com meu próprio trabalho) e participei de uma antologia chamada "Poesia do Brasil - Vol. 8".

O primeiro livro, de 2007, foi uma coletânea dos poemas que eu havia escrito na minha adolescência. Por isso, é fraco tecnicamente, uma vez que conhecia pouco sobre poesia, mas, por outro lado, é bastante forte tematicamente, tendo em vista que depositei ali todas as minhas frustrações e indignações.

No segundo, de 2008, procurei ser um pouco mais suave e técnico. O resultado disso foi um trabalho de maior valor artístico, que recebe elogios de seus poucos leitores até hoje.

Após esses dois lançamentos, fui convidado a participar da antologia. Então, para esse projeto selecionei aquilo que eu achava que havia escrito de melhor depois da publicação das duas obras: textos mais ousados e de temática menos pesada.

É mais ou menos isso, pessoal.
Espero que todos gostem desse blog, o visitem com gosto e façam comentários.
Abraço e "tudebão"!