terça-feira, 13 de julho de 2010

Eu não sei

Eu nada sei sobre mim
Eu nada sei sobre o meu lugar
Eu nada sei sobre o meu destino
E eu não quero ser frágil!

Estou sujeito ao mundo
E o mundo não me transformou em sujeito
Estou sujeito ao fracasso
E o fracasso me deseja a vitória

Não sei se estou no caminho certo
Não sei se pertenço a um caminho
Eu sei que não quero ter um caminho
Pois desconheço o caminho do amor



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Na primeira estrofe deste poema, revelo muito da minha postura durante a adolescência: a procura do EU. Naquele período, eu não sabia quem era nem o que queria, mas sabia que precisava ser forte.

Em seguida, adicionei versos fortes e verdadeiros, cujo sentido representa a condição de inúmeras pessoas: “Estou sujeito ao mundo e o mundo não me transformou em sujeito.” Ou seja, a vida nos impõe tanta correria, tantos rótulos (homem, estudante, filho, irmão mais novo), que não há espaço para pensar em quem somos deveras. Então, por perceber esse desconhecimento “estou sujeito ao fracasso”; porém, o fracasso (o sistema) me deseja a vitória – pois se eu ganhar ele ganha também, já que o êxito de alguns impulsiona esse modelo de funcionamento das coisas.

Na terceira e última estrofe, a conclusão: “Não sei se estou no caminho certo” / “Não sei se pertenço a um caminho” (tendo em vista a confusão existencial em que me encontrava) / “Eu sei que não quero ter um caminho” (POR QUÊ?) / “Pois desconheço o caminho do amor” (!!!)

Isto é: apesar de ser somente um jovem meio errante ainda, eu já tinha certeza de que o único caminho prestável é o do amor verdadeiro, aquele que realmente transforma.

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