Tenho nojo do tempo
Do mal que nos faz
O novo inventa
O antigo agüenta
Triste sabedoria
Almejando a ingenuidade
Agora descansa
Tem saudades do cansaço
Agora vives cansado
Não sonhas com nada
Esqueces de tudo
Repete as palavras
Beirando a morte
Triste e enfermo
Frágil e amante
De lembranças queridas
MENDEL, G. M. Humano Expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
Criei esse poema após a morte do meu avô paterno. Apesar das variações dos pronomes pessoais e das repetições, características recorrentes nos meus textos daquela época, "O mal do tempo" sempre me pareceu um assunto pertinente.
Na primeira estrofe, procurei tratar do caráter refutável que o velho tem em nossa sociedade. Os idosos são tratados como aparelhos eletrônicos fora de linha, sendo jogados em qualquer canto para que esperem o tempo lhes consumir.
Continuo nessa linha de pensamento na estrofe seguinte: os aposentados são ultrapassados e, por isso, devem apenas descansar depois de uma vida inteira de trabalho - um dos eufemismos mais claros que se tem notícia.
Após, refiro-me especificamente ao meu vô, que, nos seus últimos anos, tinha sua saúde e seu ânimo abalados pelo Mal de Alzheimer e pela quase cegueira.
Por fim, ressalto o caráter romântico do estado deprimente em que estava o meu muito querido familiar: inseria-se cada vez mais no mundo de sua infância, não mais como nostalgia, mas como realidade. Ou seja, procurava constantemente pela casa onde morava quando era criança, confundia filhos e netos com seus irmãos, perguntava para o meu pai em que lugar havia amarrado o cavalo; só não esquecia da minha avó, embora raras vezes a tratasse por "mãe", o que não seria de forma alguma uma mentira.
É mais ou menos isso...
Até breve, caros leitores.
Do mal que nos faz
O novo inventa
O antigo agüenta
Triste sabedoria
Almejando a ingenuidade
Agora descansa
Tem saudades do cansaço
Agora vives cansado
Não sonhas com nada
Esqueces de tudo
Repete as palavras
Beirando a morte
Triste e enfermo
Frágil e amante
De lembranças queridas
MENDEL, G. M. Humano Expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
Criei esse poema após a morte do meu avô paterno. Apesar das variações dos pronomes pessoais e das repetições, características recorrentes nos meus textos daquela época, "O mal do tempo" sempre me pareceu um assunto pertinente.
Na primeira estrofe, procurei tratar do caráter refutável que o velho tem em nossa sociedade. Os idosos são tratados como aparelhos eletrônicos fora de linha, sendo jogados em qualquer canto para que esperem o tempo lhes consumir.
Continuo nessa linha de pensamento na estrofe seguinte: os aposentados são ultrapassados e, por isso, devem apenas descansar depois de uma vida inteira de trabalho - um dos eufemismos mais claros que se tem notícia.
Após, refiro-me especificamente ao meu vô, que, nos seus últimos anos, tinha sua saúde e seu ânimo abalados pelo Mal de Alzheimer e pela quase cegueira.
Por fim, ressalto o caráter romântico do estado deprimente em que estava o meu muito querido familiar: inseria-se cada vez mais no mundo de sua infância, não mais como nostalgia, mas como realidade. Ou seja, procurava constantemente pela casa onde morava quando era criança, confundia filhos e netos com seus irmãos, perguntava para o meu pai em que lugar havia amarrado o cavalo; só não esquecia da minha avó, embora raras vezes a tratasse por "mãe", o que não seria de forma alguma uma mentira.
É mais ou menos isso...
Até breve, caros leitores.
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