Bicho sensível
De força maligna
Repele o mal
Que me ensina
Que azul é o céu
Verde é a flora
Que fino é o véu
Que apaga a memória
Bicho insensível
De força maligna
Deserta é a fauna
E cinza é o céu
Não há mais fauna
Não há mais flora
Não há mais calma
Não há mais agora
Não há mais demora
Não há mais alerta
E o podre desperta
A alma que implora
MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
O poema “Bicho chorando” é um dos que eu mais gosto do primeiro livro. Ele tem um certo valor, tanto que foi escolhido para ser declamado em um grande e belo evento de poesia realizado na Escola Estadual Haidée Tedesco Reali.
Desta vez, ao invés de comentar a respeito do conteúdo do texto, postarei algumas letras de músicas da banda Cólera (São Paulo-SP), presentes no álbum “Verde, não devaste!”, de 1989.
Considero importante colocar essas letras, tendo em vista que, durante o processo de produção do “Humano expresso”, as músicas que eu ouvia me influenciaram muito mais do que os textos que lia. (Na realidade, grande parte das canções são textos extremamente ricos, onde letra e música colaboram uma com a outra para formarem obras de arte inacreditáveis.) E a adoração pela banda Cólera teve uma grande contribuição nos poemas da minha primeira obra. Então, cabe aqui esta homenagem.
“Da última árvore para o último animal”: Nós estávamos aqui / Antes de você, antes deles, / Quando o mundo desconhecia a violência / Nós existimos há trilênios / Alimentando a todos. / Aos poucos você foi vendo / Eles chegando com uma invenção / Usavam aqui para nos cortar / E com nossos pedaços em brasa / Se aquecer. / Então eles fizeram armas e motores / Com armas te caçavam / Com motores nos cortavam. / Você viu sua espécie aniquilada, / Você viu nossas sombras sumirem, / Água e ar, vítimas de contaminação / Química. / Você viu armas feitas com / Pedaços de nossos corpos, / Você viu sua pele irmã / A preço promocional na vitrine. / Eles não viram nada além do lucro, / Eles usam sua pele / Sentados sobre nossos pedaços. / Eles têm projetos milionários para / Exterminar todos nós. / Observe agora, eles já estão cegos e / Suicidas. / Olhe ao redor, só eu e você, / Eles morrem aos poucos e / Nada mais, nada mais podemos fazer, / Nada mais...
Presídio Zoo: Bem-vindo ao Zoo, Presídio Zoo, a jaula foi feita pra você / Muitas crianças, vai divertir, porcarias elas vão te dar / Da sua espécie, nada sobrou, você é raridade e vale um milhão / Veja os papéis, você é meu! Veja os papéis, você é meu! / O erro do homem é gananciar, o que não se vende ele sempre quer comprar / É ilegal comprar, vender. / O animal não pertence a você! / É ilegal comprar, vender. / O animal não pertence a você! / ANIMAIS não fazem guerras! / ANIMAIS não pertencem a ninguém! / ANIMAIS não destroem selvas! / ANIMAIS não matam por prazer! / ANIMAIS não constroem bombas! / ANIMAIS pode ser você! / ANIMAIS não poluem o ar! / ANIMAIS, A, A! / Zooona! Presídio Zoo onde exponho você / Pra te amansar, te controlar / E por dez milhões te vender / Seria bom se os animais pudessem contar / Com todos vocês pra apoiar, pra defender / O seu direito de viver. Pra apoiar, / Pra defender a liberdade de ser / ANIMAIS não fazem guerras! ANIMAIS não destroem selvas! / ANIMAIS não constroem bombas! / ANIMAIS não poluem mares! / ANIMAIS não pertencem a ninguém! / ANIMAIS não matam por prazer! / ANIMAIS pode ser você! / Animais, A-NI-MAIS!
Don’t waste it: “Animais não são nossos para satisfazer nossos prazeres violentos!” / Destrua os caçadores!! No forest, no animals, no ocean, no air! / Who can live in this world??? / Veja quanto gás polui o ar e os vegetais, floras e faunas assassinas / Estupidamente pra que? / Esses canalhas que ferem o mundo deviam se suicidar, pois seus cérebros só destroem o céu, a terra e o ar! / PRECISAMOS RESPIRAR! PRECISAMOS RESPIRAR!
Verde: Onde haviam riachos limpos / Hoje só vemos estrume humano / O chão que era coberto por / Folhas secas está encoberto / Pelo concreto / Quem quer que mate a toa / Quem queima e corta / Florestas e reservas / Só pensa em lucrar / Mas isso é roubar! / MINHA VIDA, SUA VIDA, / NOSSAS VIDAS DEPENDEM DO VERDE / MINHA VIDA, SUA VIDA, / NOSSAS VIDAS DEPENDEM DO / VERDE, DEPENDEM DO VERDE / JÁ! / O homem já inventou / Máquinas que voam / Mas não inventou o verde / O homem já criou / Cérebros e bombas / E esqueceu do verde / O homem não pensa muito / Na hora de explorar / Por mais que destrua a vida / Só pensa em lucrar / Mas isso é roubar! / MINHA VIDA, SUA VIDA... / Ponha ele em pé com a serra elétrica, / Corte no início da perna, / Corte no início da perna. / Código de indústria pra fazer papel / Ou armarinho de luxo / Ou armarinho de luxo
Como vocês podem ver, as composições da Cólera são bastante parecidas com as minhas: há protesto, há vontade de fazer uma arte engajada e há erros de escrita, decorrentes da falta de conhecimento que eu também tinha quando escrevi a primeira obra poética.
Por fim, cabe observar que em 1989 os caras já chamavam a atenção para um problema bastante atual, sinal de que a questão ambiental é consideravelmente antiga. Desde sempre há gente tentando conscientizar a população, só que esses são os que têm menos voz dentro da sociedade.
É isso.
De força maligna
Repele o mal
Que me ensina
Que azul é o céu
Verde é a flora
Que fino é o véu
Que apaga a memória
Bicho insensível
De força maligna
Deserta é a fauna
E cinza é o céu
Não há mais fauna
Não há mais flora
Não há mais calma
Não há mais agora
Não há mais demora
Não há mais alerta
E o podre desperta
A alma que implora
MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
O poema “Bicho chorando” é um dos que eu mais gosto do primeiro livro. Ele tem um certo valor, tanto que foi escolhido para ser declamado em um grande e belo evento de poesia realizado na Escola Estadual Haidée Tedesco Reali.
Desta vez, ao invés de comentar a respeito do conteúdo do texto, postarei algumas letras de músicas da banda Cólera (São Paulo-SP), presentes no álbum “Verde, não devaste!”, de 1989.
Considero importante colocar essas letras, tendo em vista que, durante o processo de produção do “Humano expresso”, as músicas que eu ouvia me influenciaram muito mais do que os textos que lia. (Na realidade, grande parte das canções são textos extremamente ricos, onde letra e música colaboram uma com a outra para formarem obras de arte inacreditáveis.) E a adoração pela banda Cólera teve uma grande contribuição nos poemas da minha primeira obra. Então, cabe aqui esta homenagem.
“Da última árvore para o último animal”: Nós estávamos aqui / Antes de você, antes deles, / Quando o mundo desconhecia a violência / Nós existimos há trilênios / Alimentando a todos. / Aos poucos você foi vendo / Eles chegando com uma invenção / Usavam aqui para nos cortar / E com nossos pedaços em brasa / Se aquecer. / Então eles fizeram armas e motores / Com armas te caçavam / Com motores nos cortavam. / Você viu sua espécie aniquilada, / Você viu nossas sombras sumirem, / Água e ar, vítimas de contaminação / Química. / Você viu armas feitas com / Pedaços de nossos corpos, / Você viu sua pele irmã / A preço promocional na vitrine. / Eles não viram nada além do lucro, / Eles usam sua pele / Sentados sobre nossos pedaços. / Eles têm projetos milionários para / Exterminar todos nós. / Observe agora, eles já estão cegos e / Suicidas. / Olhe ao redor, só eu e você, / Eles morrem aos poucos e / Nada mais, nada mais podemos fazer, / Nada mais...
Presídio Zoo: Bem-vindo ao Zoo, Presídio Zoo, a jaula foi feita pra você / Muitas crianças, vai divertir, porcarias elas vão te dar / Da sua espécie, nada sobrou, você é raridade e vale um milhão / Veja os papéis, você é meu! Veja os papéis, você é meu! / O erro do homem é gananciar, o que não se vende ele sempre quer comprar / É ilegal comprar, vender. / O animal não pertence a você! / É ilegal comprar, vender. / O animal não pertence a você! / ANIMAIS não fazem guerras! / ANIMAIS não pertencem a ninguém! / ANIMAIS não destroem selvas! / ANIMAIS não matam por prazer! / ANIMAIS não constroem bombas! / ANIMAIS pode ser você! / ANIMAIS não poluem o ar! / ANIMAIS, A, A! / Zooona! Presídio Zoo onde exponho você / Pra te amansar, te controlar / E por dez milhões te vender / Seria bom se os animais pudessem contar / Com todos vocês pra apoiar, pra defender / O seu direito de viver. Pra apoiar, / Pra defender a liberdade de ser / ANIMAIS não fazem guerras! ANIMAIS não destroem selvas! / ANIMAIS não constroem bombas! / ANIMAIS não poluem mares! / ANIMAIS não pertencem a ninguém! / ANIMAIS não matam por prazer! / ANIMAIS pode ser você! / Animais, A-NI-MAIS!
Don’t waste it: “Animais não são nossos para satisfazer nossos prazeres violentos!” / Destrua os caçadores!! No forest, no animals, no ocean, no air! / Who can live in this world??? / Veja quanto gás polui o ar e os vegetais, floras e faunas assassinas / Estupidamente pra que? / Esses canalhas que ferem o mundo deviam se suicidar, pois seus cérebros só destroem o céu, a terra e o ar! / PRECISAMOS RESPIRAR! PRECISAMOS RESPIRAR!
Verde: Onde haviam riachos limpos / Hoje só vemos estrume humano / O chão que era coberto por / Folhas secas está encoberto / Pelo concreto / Quem quer que mate a toa / Quem queima e corta / Florestas e reservas / Só pensa em lucrar / Mas isso é roubar! / MINHA VIDA, SUA VIDA, / NOSSAS VIDAS DEPENDEM DO VERDE / MINHA VIDA, SUA VIDA, / NOSSAS VIDAS DEPENDEM DO / VERDE, DEPENDEM DO VERDE / JÁ! / O homem já inventou / Máquinas que voam / Mas não inventou o verde / O homem já criou / Cérebros e bombas / E esqueceu do verde / O homem não pensa muito / Na hora de explorar / Por mais que destrua a vida / Só pensa em lucrar / Mas isso é roubar! / MINHA VIDA, SUA VIDA... / Ponha ele em pé com a serra elétrica, / Corte no início da perna, / Corte no início da perna. / Código de indústria pra fazer papel / Ou armarinho de luxo / Ou armarinho de luxo
Como vocês podem ver, as composições da Cólera são bastante parecidas com as minhas: há protesto, há vontade de fazer uma arte engajada e há erros de escrita, decorrentes da falta de conhecimento que eu também tinha quando escrevi a primeira obra poética.
Por fim, cabe observar que em 1989 os caras já chamavam a atenção para um problema bastante atual, sinal de que a questão ambiental é consideravelmente antiga. Desde sempre há gente tentando conscientizar a população, só que esses são os que têm menos voz dentro da sociedade.
É isso.
Oi Guilherme.
ResponderExcluirAté agora, dos que li, foi o que mais gostei.
Desculpe não ter respondido seu e-mail. Eu achei que seria melhor falar pessoalmente, mas é que nunca calha...
Quem sabe essa semana.
Abraço.