quarta-feira, 21 de abril de 2010

A parte de um todo

Cada parte de um todo
Cada parte é o todo
O todo não faz parte
Da parte que me toca
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A parte do todo parte
Com todos que não faz parte
Da parte que compõe o todo
O todo está em toda parte
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Tudo briga com todo
A parte, parte com eles
Tudo e todos são parte
De tudo que talvez gostamos
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A união de tudo com todo
A guerra entre a parte e o todo
O todo que talvez parta
Parta com o coração de todos
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MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
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Nossa, que alegria que senti após a criação desse poema! Parecia o próprio Camões!
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Durante anos disse aos outros e a mim mesmo que esse era o melhor produto da minha escrita; isso até eu começar a achar o "Humano expresso" ridículo, patético, vergonhoso, tendo em vista o seu conteúdo claramente amador (do ponto de vista da minha massacrante autocrítica).
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Além disso, deixando bem explícito que esse texto foi criado em 2004, descobri em 2006 (ou 2007) que existe o seguinte poema de autoria do grandíssimo escritor Gregório de Matos, ou "Boca do Inferno":
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O todo sem parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo
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Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.
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O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
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Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo
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Assim, depois de saber que o meu até então inédito jogo de palavras e sentidos já havia sido feito lá no Barroco, "A parte de um todo" quase perdeu a graça para mim. Digo quase porque, no segundo livro, publiquei "A parte de um todo 2".
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É isso, pessoal!
Até mais...

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