quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Sobre passagens

Estrelas surgem à noite,
De vez em quando,
Só para provarem
Que a luz pode sim
Transpor a escuridão.

Mas pela manhã
Já não existem mais.
Aí vem o sol,
Para confirmar que a vida
Não é só feita de noites,
De chuvas e de dias nebulosos.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 30.)


Este poema eu havia feito em homenagem a uma grande amiga que já partiu...

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Imposto de renda

O trabalho me sugou
E não sei como sair de dentro dele.
Já não tenho mais uma vida,
Fiquei restrito a uma carreira.

Sou o tal profissional,
Muito menos o marido,
Muito menos o pai,
Muito menos o dono,
Muito menos o ser humano.

Por isso, sou planejado,
Organizado, cronometrado,
Viciado, milimetrado,
Condicionado, desesperado,
Estressado, medicado...

Sempre na correria!
Mas acho que consigo
guardar um minuto pra mim...


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 29.)


Quando criei "Imposto de renda", eu ainda não havia trabalhado. Então, tudo o que inseri nesse poema foi fruto de impressões que tive. Será que hoje, trabalhando já há algum tempo, mudei esse ponto de vista?

***

É por isso que as pessoas têm tanta necessidade de encontrar um emprego em uma área de seu interesse, uma vez que, no universo capitalista, o trabalho é a prioridade.

***

Eu gosto muito de ser professor. Sinto que faço alguma diferença nesse meio. Pena que a educação não está na moda atualmente... hihihi

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Rotundo

Já não me encontro em meus escritos.
Será que eles já não fazem mais sentido?
Será que já não sou mais quem eu era?

Acredito que sim.
Tudo gira.
Tudo passa.
Tudo muda!

O importante é identificar as causas
De indesejáveis consequências.

Pois tudo gira,
Tudo passa,
Tudo muda...

E o que permanece é a essência.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 28.)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A verdade

Será que esse bicho pensa?
Se não pensa...
Gostaria de ser esse bicho

Que não pensa,
Que não fala,
Que só vive ( ! ),
Sem a angústia da linguagem,
Sem a angústia do EU.

Mas ele late, ele mia
E tem vontades...

E se ele pensa e não pode botar pra fora?
Coitado! Não pode nem escrever poemas...

***

Vai saber...
Ele não pode nos dizer a verdade.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 26.)


Em "A verdade", procurei colocar um pouco das minhas reflexões sobre os animais. Sempre fico imaginando o que eles acham do ser humano e o que pensam a respeito deste nosso estilo de vida, no qual criamos nossas próprias jaulas e gaiolas. 

***

As pessoas se acham muito especiais por terem as capacidades de falar e de manejar objetos - os dois fatores que são a nossa bênção e a nossa desgraça simultaneamente, dependendo do ponto de vista (mas não colocarei aqui o que penso do assunto, uma vez que é um argumento longo e filosófico). E, por conta disso, sempre se consideraram extremamente superiores aos animais. Nós somos os evoluídos, dizem.

***

Hoje, durante a minha caminhada diária, alguém atirou de dentro de um ônibus urbano uma garrafa de refrigerante aberta e contendo metade do seu conteúdo. O objeto caiu no meio da rua, sobre o asfalto feito recentemente pela prefeitura. O líquido escorreu, lambuzando o progresso (poético, não?). E, pela trajetória do projétil, calculei que este deveria atingir aqueles que se locomoviam pela calçada, no caso, eu. Até hoje eu nunca soube de um animal irracional que tenha feito algo similar. E duvido que algum o faria se pudesse. (Inclusive publiquei um poema tratando disso no meu novo livro.)



FIM

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

BOAS NOVAS!!!

Acabei de retirar na editora a minha mais nova obra poética! Esse livro, intitulado "Entretanto", é o meu mais curto mas, provavelmente, o melhor. Ele conta com 40 poemas teoricamente adultos e 10 poemas teoricamente infantis. Isso porque qualquer público poderá tirar proveito (ou não) de qualquer um dos textos, já que escrevo pensando no crescimento pessoal dos indivíduos, e não somente de determinados grupos. Espero que todos que tiverem a oportunidade de lê-lo apreciem a leitura.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O jornaleiro e o jornalista

Há uma diferença sutil
Entre o jornaleiro e o jornalista:
Os dois distribuem informações,
Mas só o segundo tem voz
Para dizer alguma coisa.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 25.)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Encharcados de temores e convenções

Sem medo da chuva 
Só eu e os miseráveis.
Será que já sou um miserável?
Não! Estou indiferente à chuva,
Mas não ao sol.

Indiferença, essa é a minha melhor arma!
No entanto,
Será indiferença ou conformidade?
Bem, talvez seja loucura!

Porém,
Quanto mais a loucura se aproxima de mim,
Mais eu adquiro a minha sanidade.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 24.)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Endoface / Exoface

Ô, cara!
Ô, rosto!
Ô, face!
(vocativo...)

Ó, cara!
Ó, rosto!
Ó, face!
(evocativo...)

Minha cara não é a tua coroa!
- mas nós sabemos como modelá-las -


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 21.)


Este é um dos meus poemas mais significativos. E eu não quero assassiná-lo revelando as minhas intenções com esse texto...

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Nina, um exemplo de superação

  Nina, nossa cadelinha da raça pequinês, já está com sete anos. Contudo, sua história poderia ter sido muito diferente. Quando tinha dois anos, ela começou a “perder” as patinhas traseiras. É aí que começa o drama.
  Em pouco tempo, a Nina conquistou a todos, sempre tendo bons modos e sendo muito querida. Porém, a partir do momento em que não conseguia mais se firmar nas patas de trás, tornou-se o ser mais lamentável de se ver. Arrastava-se pelo apartamento e defecava quando tinha crises de dor. Logo que isso teve início, fomos a todos os melhores veterinários da região. O diagnóstico foi sempre o mesmo: hérnia de disco. O tratamento variava entre inúmeras seções de fisioterapia, cirurgia, tudo caríssimo e sem certeza de sucesso. Sem saber o que fazer nem suportar ver nosso amado animalzinho daquele jeito, chegamos a considerar a eutanásia como uma solução, acreditando que o descanso eterno seria melhor do que o sofrimento prolongado.
  Numa última esperança, orientados por um veterinário, começamos a administrar comprimidos de cálcio ao cãozinho, pois, segundo o especialista, a Nina estava com baixa absorção desse nutriente. Pouco depois, a nossa mascote passou a reagir ao tratamento, vindo milagrosamente a melhorar. E hoje, em meio a umas raras crises, tem uma vida extremamente normal, passeando todos os dias, correndo, brincando, sendo o mais feliz que pode junto a nossa família.
  E, assim, com a sua maneira tranquila e silenciosa, a cadelinha mostrou que, no momento em que você chega ao fundo do poço, pode simplesmente vir a levantar, desde que tenha vontade, esperança e coragem para enfrentar os problemas.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Questão educacional

(Atividade solicitada pelas professoras do Módulos II do curso PROINFO.)

* Quais são as estratégias que utilizo ou considero que podem ser úteis para estabelecer um ambiente que favoreça o diálogo e o aprendizado?
     Durante as minhas aulas, procuro utilizar uma linguagem que não me distancie tanto dos alunos e tento deixá-los à vontade para que falem o que gostariam de dizer, de modo a não intimidá-los. Ainda, estimulo o sorriso e o bom humor, pois acredito que ninguém tira nada de bom de situações nas quais não se sinta à vontade. Também, proponho trabalhos em grupos sobre músicas que trago à sala de aula, além de apresentar filmes que considero importante que eles assistam (atividade que pode - ou não - levar a uma avaliação, dependendo do caso). Por fim, promovo momentos onde os estudantes socializam com os colegas músicas e textos que apreciam, bem como organizo situações em que a turma fica em círculo (ou vai ao pátio da escola) para ler poemas e contos.
     Utilizando os netbooks, os alunos já realizaram exercícios de Língua Portuguesa, digitaram e/ou produziram textos, construíram histórias em quadrinhos, bem como apresentaram trabalhos para os colegas. Eles consideraram essas tarefas estimulantes, porque dão um novo sabor a propostas que antes não eram tão bem recebidas assim.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Consciência

A consciência
É mulher.

A consciência
É mãe.

A consciência
É irmã.

A consciência
É parceira.

A consciência
É amiga.

Por quê?
Bem,

É mulher,
Porque me fascina!

É mãe,
Porque me cuida!

É irmã,
Porque me protege!

É parceira,
Porque me acompanha!

É amiga,
Porque me orienta!


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 20.)


Este é um texto que fala sobre a importância da consciência para quem a usa. Muitas vezes a nossa consciência é chata e irritante, porém preserva a nossa integridade física, mental e emocional em inúmeras situações.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O que é um hipertexto?

(Atividade solicitada para o curso PROINFO.)

Conforme é apresentado em Führ e Calgaroto (28 de novembro de 2011), "[...] o hipertexto é um texto escrito (digital ou em papel) com citações que nos levam a outras informações, cuja leitura contribuirá para a ampliação da aprendizagem por descoberta. No meio digital ela é apresentada em forma de links e na forma tradicional através de citações, anotações, notas de rodapé, verbetes, termos em dicionário, entre outros." (Disponível em: link 01. Acesso em: 28 de outubro de 2013.)

O acesso a uma gama ilimitada de informações pode ser apontado como a principal vantagem do hipertexto, enquanto que a leitura superficial dessas informações pode ser colocada como a desvantagem mais latente ao se trabalhar como esse gênero. Ou seja, as pessoas procuram esses textos buscando esclarecimento sobre um determinado assunto, porém, ao se depararem com um número elevado de outros textos interligados àqueles primeiros, vão até esses links e perdem o foco durante a sua atividade de leitura e/ou pesquisa.


(Charge disponível em: link 02. Acesso em: 28 de outubro de 2013.)

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Despretensioso ser

Todo ser humano
Tem alguma pretensão;
Mesmo um tal sujeito,
Despretensioso ser.

O despretensioso
Segue apenas
A religiosa pretensão
De não ser pretensioso.

Sendo assim,
Acredite em mim...
Se quiser.

Faço, então,
A conclusão:
Não existe inocência plena!


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 18.)


"Despretensioso ser" é um dos meus poemas favoritos, porque é simples e filosófico - duas características que me deixam bastante contente quando surgem em meus textos.

Nessa produção afirmo que não existe ninguém despretensioso. Todos são pretensiosos e egoístas (aqui inserindo outra característica que cabe a essa reflexão), uma vez que sempre observam a vida de dentro de si mesmos e praticam aquilo que lhes convêm e que soa bonito aos seus olhos. E não acho esse fato ruim nem bom. É apenas algo que existe e que as pessoas precisam aceitar.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Sobre passeios e aprendizados

Tenho o dever diário de levar o meu cachorro passear – quando o clima permite, é claro (embora a minha mascote ignore preocupações mundanas, como se irá chover ou se fará frio). Nunca posso deixá-la cheirando os “verdinhos” por tempo suficiente, tendo em vista que o ser humano possui mais atividades e preocupações do que os cães – mesmo que, “racionalmente”, elas sejam inventadas, e não tarefas naturais e/ou necessárias. Contudo, por mais que o animalzinho não tenha ficado o bastante fora de seu mundo de concreto, vulgo “apartamento”, ele sempre me presenteia com sorrisos e olhares de retribuição quando sobe, em meu colo, pelas escadas do prédio. Para ele, provavelmente, o sentimento é de que o passeio foi curto e aborrecedor, mas que está grato por eu tê-lo levado. E essa é uma atitude que a humanidade deveria aprender.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A visão mais maravilhosa do mundo

A previsão era de tempestade com raios. E foi o que aconteceu.

Assim, em uma tarde chuvosa de segunda-feira, eu lia sobre o Gre-Nal 398 no Zero Hora e o meu cachorro, ao lado da moderna TV desligada, entediava-se em sua caminha. Fiquei comovido diante da tristeza dele, mas eu realmente estava com muita vontade de ler os comentários a respeito do jogo. Então, solucionando o "problema", sentei no chão, em frente ao bichinho, deitando o jornal sobre o tapete. E, para ser menos insensível, enquanto virava as páginas com a mão direita, adulava o animal com a esquerda.

Contudo, o cãozinho, dando-me um legítimo tapa de luva, levantou-se, abocanhou o esquecido ossinho que eu havia lhe comprado, estirou-se em cima da enorme publicação aberta e me lançou AQUELE OLHAR CONVIDATIVO. Gargalhei espontaneamente, considerando-me um idiota imprestável, diante da visão mais maravilhosa do mundo. Eu havia apenas ignorado Deus.

Postagem II


* Segunda postagem solicitada pela professora do módulo II do curso PROINFO.

Precisando adicionar um vídeo à minha postagem, escolhi uma música, uma vez que não sou um visitante assíduo do YouTube.

Apresentação do autor

(Tarefa solicitada para o Módulo II do curso PROINFO, oferecido pelo Núcleo Tecnológico Municipal, cujo objetivo é o aperfeiçoamento tecnológico dos professores da rede municipal de ensino de Erechim.)

* Nome: Guilherme Mossini Mendel
* Idade: 26 anos
* Profissão: professor de Língua Portuguesa
* Outras atividades: poeta
* Interesses: literatura, música, cinema, animais e esportes


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Períodos demarcados

Meio-dia
E a melodia me cerca:
“Não precisa esperar
O sol te iluminar
Para começar a ser
Uma peça feliz.”

É de manhã
E o amanhã me responde:
“Não precisa esperar
O mestre te ensinar
Para começar a ser
Um eterno aprendiz.”

É madrugada
E amedrontada ela diz:
“Não precisa esperar
A tua chance chegar
Para começar a ser
Uma esperta atriz.”


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 17.)


"Períodos demarcados" surgiu a partir das rimas "meio-dia" e "melodia", "manhã" e "amanhã" e "madrugada" e "amedrontada". Em seguida, fui lapidando o restante dos versos, de modo a elaborar um poema rimado - pois entendia que, tendo surgido aquelas primeiras rimas, não podia ignorá-las e estragar a musicalidade do texto. Então, o produto final tornou-se um poema bastante musical e motivacional - o que é raro dentro da minha poética. E, em virtude de seu ritmo e teor, esse é um dos textos preferidos do público de "Sobretudo".

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Apelo moral

Ele vem assim,
Meio que de repente,
Só para me reprimir
Quando fujo do meu senso.

Então, permanece ali,
Até poder perceber
Que consegui suprimir
Aquela falta de freios.

É o golpe de consciência,
Que não permite voos livres,
Mas que sempre me sustenta
Como se eu fosse uma pandorga.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 15.)


Escrevi "apelo moral", assim como alguns outros poemas da obra "Sobretudo", pensando na importância que a consciência tem em minha vida. Acredito que o indivíduo que ouve a sua consciência e, desse modo, mede a consequência de seus atos tem mais chances de se tornar uma pessoa melhor - e não apenas mais um idiota em meio a tantos que se vê por aí. Infelizmente, poucas pessoas ouvem a sua consciência, bem como são em número reduzido aquelas que pensam nos outros (sejam eles animais ou pessoas). Porque, atualmente, vivemos numa sociedade egoísta e fútil, em que os valores morais estão se perdendo completamente. Em qualquer lugar, são mais valorizados os indivíduos falsos e bajuladores do que aqueles que somente tentam fazer a sua parte bem feita e de maneira honesta. 

***

Finalizando, sei que não sou a melhor pessoa do mundo. Porém, pelo menos, tenho alguma dose de autocrítica (e isso me deixa maluco às vezes).

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sanguessugas

Sanguessugas:
Cuidado com elas!
Basta você crescer um bocadinho
Que elas já te miram,
Te pulam em cima
E te sugam o sangue,
Até a última gota.

E depois de terem sugado a tua força
Elas te pisam na cara –
Só para terem certeza 
De que você não criará problemas.

***

Isso pode não ser um poema,
Mas, pelo menos,
É uma verdade.
É um alerta de amigo!

E, como dizem por aí:
“O mundo é dos vivos!”
Então...
Tome cuidado com eles!


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 13.)


O poema "Sanguessugas" refere-se aos indivíduos que desejam se aproveitar dos outros, absorvendo e usando tudo aquilo que considerarem útil nas pessoas e jogando no lixo o que restar. E, em verdade, o ato de usar o outro é a essência das relações humanas. Nós sempre usamos o próximo, seja para satisfazer um prazer, para acabar com a solidão, para conseguir uma informação, para nos afirmarmos como indivíduos, para aprendermos algo, entre outras situações.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pela arte de Marte

Eu luto, cada vez mais,
Pela arte de Marte:
Do planeta da sorte,
Não da estrela da morte!
Porque a da Terra se enterra,
Num furo sem futuro,
Com perdas morais.

Pois, nesse mundo imundo,
A paz não é capaz,
Da floresta nada resta,
Dinheiro é companheiro,
Beleza é impureza,
E o homem?
O homem não merece rimar com nada!


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 12.)


"Pela arte de Marte" fala, sobretudo, sobre a minha descrença no ser humano, porque não valoriza a arte de qualidade, a qual permanece clandestina ao grande público, sendo a cultura difundida ao povo alienante e manipuladora. E esse é um contexto bastante interessante para o sistema capitalista, já que dispõe de pessoas ignorantes e passivas para usar (e não de  indivíduos sábios e questionadores, que poderiam causar problemas). Além disso, o homem transforma esse mundo em um imundo, repleto de violência, destruição, injustiças, crueldade, entre outras coisas. Desse modo, essa gente não merece rimar com nada.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Osmose Inversa

Todo o ser humano
Faz uma osmose inversa:
Passa do meio menos concentrado
Para o mais concentrado.

Eu não!
Sempre sigo as leis da ciência:
Passo do meio mais concentrado
Para o menos concentrado.

***

Todo o ser humano
Tem medo da solidão.
Ela é muito perigosa
E revela vários monstros!

Eu não!
Não tenho medo dela!
Pois cresci só,
E, assim, eu só cresci.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 11.)


"Osmose Inversa" é o primeiro poema do livro "Sobretudo", minha última obra publicada até o momento. Nesse texto comento sobre a necessidade de alguma solidão para a verdadeira descoberta interior. Faço isso comparando os movimentos humanos com a osmose, conteúdo que aprendi vagamente durante o Ensino Médio.

FIM!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Assim que chutei uma pedra, encontrei inúmeros iguais a mim, iludidos ou ignorados...

Em qualquer sala de aula tem gente escrevendo poesia. Em qualquer bairro, comunidade, distrito ou viela, por mais insignificante que seja, tem gente escrevendo poesia. Isso é estranho, porque ninguém mais valoriza a poesia, ninguém entende nada sobre poesia, mas uma incontável multidão de indivíduos escreve poemas. 

Todos esses escritores (na maioria das vezes informais) seriam poetas não reconhecidos pela sociedade cultural e pelo mercado editorial (que nem pensa mais em poesia, já que poemas não são produtos de fácil comercialização)? Ou poucos deles seriam realmente poetas, no verdadeiro sentido da palavra?

Quando comecei a escrever poesia, aos 15 anos, usava tal atividade como válvula de escape. Depositava ali todos os meus problemas e desabafos, imaginando que estava escrevendo algo bastante importante e exclusivo. E é o que a maioria dos poetas atualmente faz. Embora tenha muita gente que escreva poesia só para aparecer. Tem gente que fala sobre flores, tem gente que fala sobre amor, tem gente que fala sobre sexo... A gama de assuntos é bem variada. E não importa a qualidade desses textos. Quem mais trabalha as relações sociais é quem mais vende livros*. (* Existem também aqueles escritores de internet, que têm uma imensa produção virtual e não têm nada publicado no papel.)

Refletindo sobre essas questões, fico procurando o meu lugar: 
- Será que sou um dos poucos bons poetas, criando textos de real qualidade?
- Será que sou apenas mais um dos inúmeros que pensa ser um grande escritor?
- Será que meus livros têm valor ou apenas fiz papel de idiota, gastando um dinheiro que eu nem tenho?

Sem conseguir responder a qualquer uma dessas perguntas, o fato é que lançarei o meu próximo livro ainda neste ano (assim espero). E, embora esteja evoluindo muito como poeta, no presente momento não sei qual será o sentido mais coerente dessa produção, se será somente a minha quarta obra ou se será a última. Enfim, erro ou não, uma vez dado o primeiro passo com o "Humano Expresso", agora devo continuar a caminhada.

domingo, 15 de setembro de 2013

Lágrimas de Deus

Perdi-me num lugar em branco.
Não havia nada lá:
Nem saídas, nem entradas;
Nem ruínas, nem estradas.

Eu corria sem sair do lugar,
E adormecia sem ver o luar.
O tempo não passava,
Nem eu envelhecia.

Então, um dia,
Começou a chover.
E, para meu espanto,
Eram lágrimas de Deus.

Quando tudo acabou,
Ele olhou para mim,
E, perturbado, falou:
"Filho, estás fora do Universo!?"


(BACCA, A. A.; GONÇALVES, C.. Poesia do Brasil. Vol. 8. Bento Gonçalves-RS: Grafite, 2008. p. 192)

Escrevi este poema há muitos anos, como é possível observar pelos erros de pontuação. Foi um dos meus primeiros textos, quando eu estava cursando o Ensino Médio. Ele não entrou para o primeiro livro, mas, algum tempo depois, reconheci a qualidade do texto (para mim) e fiz alguns ajustes, vindo a publicá-lo na já referida antologia.

Não há um significado específico para esse poema. É mais um dos textos que simplesmente me surgiram. Então, antes de tentar explicar o que eu quis dizer com ele, prefiro que os leitores o interpretem da sua maneira (o que é muito mais produtivo, na minha opinião).

***

Enfim, acabam por aqui os poemas da antologia. Desse modo, a partir da próxima postagem, publicarei alguns textos de "Sobretudo", minha última obra publicada até hoje. Em breve, mandarei para a editora meu mais novo livro, provavelmente o menos pior da minha carreira. Espero que, quem apoiá-lo, não se aborreça com a leitura.

Tchau!
Obrigado pela atenção e pela leitura!

sábado, 7 de setembro de 2013

Sobre o silêncio e alguma solidão

Exilado e preso
É como estou agora.
Mas esse já não é
Mais um poema triste.

Tenho um livro na mão
E dois voando...
Eles são meus amigos -
E não sustentam a solidão.

Esses livros, os três,
São cárceres benditos.
E suas páginas...
São carcereiros de ideias.

***

Isso, então, é a razão do livro:
- Aprisionar ideias fujonas,
Ideias livres e contra a lei.

Por qual motivo? Eu sei!
- Resgatar no ser humano
O que está morto dentro dele.


(BACCA, A. A.; GONÇALVES, C.. Poesia do Brasil. Vol. 8. Bento Gonçalves-RS: Grafite, 2008. p. 191)

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Não confunda!

Leis são limites,
Mas limites não são leis!

Reis são governantes,
Mas governantes não são reis!

Seis são seus amantes,
Mas seus amantes não são seis!

***

Leis nunca serão governantes,
E governantes nunca serão leis!

Reis nunca serão seus limites,
E seus amantes nunca serão reis!


(BACCA, A. A.; GONÇALVES, C.. Poesia do Brasil. Vol. 8. Bento Gonçalves-RS: Grafite, 2008. p. 190)


O poema "Não confunda!" é bastante agradável, tanto a mim quanto ao público - pelo menos é o que eu acho. É agradável a mim porque me ocorreu naturalmente, embora eu tenha lapidado a última parte. E é agradável ao público porque tem rima - e, ainda hoje, a maioria das pessoas relaciona poesia à rima.

Além disso, não é apenas mais um poeminha idiota e rimado; é sim, um convite à emancipação do leitor sob diversos aspectos - o que, tematicamente, considero muito bom.

Por hoje é só. Até a próxima, pessoal!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Itaporaí

Itaporaí era uma cidadezinha do interior.

Mas só era;
Agora já não é mais!
E se foi Itaporaí...

Suas raízes,
Sua cultura
E seu povo
Não resistiram aos
Tentáculos perversos
Da tal globalização.
E a vida moderninha
Devorou Itaporaí.

Itaporaí seu povo;
Não mais sua cultura.

Pois, as pessoas
Estão por aí...
Em cidades adequadas,
Que têm suporte técnico.


(BACCA, A. A.; GONÇALVES, C.. Poesia do Brasil. Vol. 8. Bento Gonçalves-RS: Grafite, 2008. p. 188)

Olá!

A partir de agora irei postar os poemas que publiquei na antologia "Poesia do Brasil - Volume 8", realizada em 2008, em referência ao XVI Congresso Brasileiro de Poesia, ocorrido em Bento Gonçalves. No trabalho supracitado, inseri cinco textos previamente selecionados para integrar o livro "Sobretudo". Este, "Itaporaí", escrevi pensando no papel das pequenas cidades nas últimas décadas, que, ao invés de crescerem e se desenvolverem, estão, no máximo, mantendo-se na mesma proporção, uma vez que seus habitantes procuram municípios com mais estrutura. É assim que esses lugarejos "insignificantes" (entre aspas, já que não é a minha opinião) permanecem sem médicos, professores, entre outras funções essenciais.

LEVADO - Poema Solto 14 (23/11/2007)

O que leva uma pessoa
A achar que sabe?

O que leva uma pessoa
A achar que pode?

O que leva uma pessoa?

Eu não sei...

Mas todos são levados a...


(MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008. p. 71)


Voltando a comentar...

Sempre achei este poema prestável. Ele é bem simples, mas muito significativo, pois retrata fielmente o comportamento das pessoas nos últimos tempos.

Pronto.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Sobre a educação escolar

Eu sou um professor de Ensino Fundamental e sei muito bem de todas as questões que estão presentes na prática escolar. Sabe-se que as instituições escolares não estão alcançando os resultados esperados por parte dela e, em virtude disso, pessoas de todas as áreas estão apontando o dedo para muita gente, querendo colocar a culpa pelos maus resultados nos professores, nos pais, nos alunos, nos cúrrículos, no sistema. Na minha modesta opinião, a escola é o reflexo da sociedade e, se a sociedade está doente, a escola também estará. 
 
Atualmente, a sociedade confunde liberdade com libertinagem. As pessoas estão vivendo numa espécie de clima pré-apocalíptico, pois importam-se apenas consigo mesmas, sem respeitar aquilo e aqueles que as rodeiam. Parece que estão aproveitando o seu último dia de vida, no qual é preciso realizar tudo aquilo que se deseja, sem se preocupar com o dia seguinte.

Eis o panorama que vem à minha cabeça: Não importam os valores morais, o importante é aparecer. Não importa a bagagem cultural, o importante é a quantidade de pessoas que se conhece - seja pessoalmente ou não. Não importam as famílias, o importante é o que eu tenho para mostrar e, por conta disso, conquistar novas relações. O número de artistas em evidência é o maior da história, mas nunca houve tão pouca qualidade cultural. O número de filmes lançados por ano é o maior da história, mas são raros os realmente bons. O número de novidades tecnológicas é o maior da história, mas a sociedade não precisa de verdade de tablets, celulares 10 em 1, etc. É cada vez maior o número de redes sociais, mas é cada vez menor o número de amigos verdadeiros. Antigamente, era proibido beijar nos filmes; hoje, as cenas de sexo são indispensáveis. Antigamente, era preciso adicionar poesia nas composições musicais; hoje, é preciso falar em sexo, drogas e adicionar monossílabos tribais nas "músicas". Antigamente, era preciso ter cuidado com a única muda de roupa, com o único par de sapatos que se tinha; hoje, é preciso ter todos os tênis e as roupas da moda. Antigamente, era indispensável ter valores morais; hoje, é indispensável melhorar a imagem, a qualquer custo. Antigamente, os alunos precisavam batalhar muito para ganhar um doce dos pais; hoje, alunos repetentes têm os videogames mais caros para jogarem à vontade e os celulares mais completos de sua época. Antigamente, os pais acompanhavam o desempenho escolar dos filhos, inclusive auxiliando no dever de casa; hoje, os "pais" só têm filhos para verem com que cara saem e, em seguida, jogar para as babás, para as creches, para as escolas. Antigamente, os jovens escutavam Cazuza, Legião Urbana, Nirvana; hoje, escutam Michel Teló, Psy, Beyoncé.  Antigamente, os jovens assistiam a "À espera de um milagre"; hoje, assistem a "Velozes e Furiosos". Antigamente, cinema brasileiro era Mazzaropi, com sua crítica social e humor decente; hoje, cinema nacional é... eu não sei mais o que é o cinema nacional, só sei que tem palavrão e sexo. Antigamente, os estudantes saíam para as ruas, para lutar por justiça; hoje, os estudantes continuam saindo para as ruas, para matar aula. Antigamente, professor era uma autoridade; hoje, professor é um bandido opressor. Antigamente, sexo era "Cine Privé", um programa que era transmitido nas madrugadas da TV aberta; hoje, o sexo explícito, com todas as suas ramificações, está acessível a todos, a qualquer hora, bastando digitar algumas simples palavras no Google. Pessoas que estudam durante anos para conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho têm de se contentar com um salário miserável e com condições precárias de trabalho, enquanto traficantes e políticos corruptos estão milionários.
 
Enfim, numa sociedade onde tudo o que é errado é bonito, o verdadeiro professor é apenas um grão de areia no meio do lixão.

ÓCULOS DE SOL - Poema Solto 13 (06/11/2007)

O poema "Óculos de Sol" sempre foi um dos meus preferidos, pois é simples, natural e bastante filosófico, que são as principais características que norteiam a minha arte e, também, aquilo que eu espero para a minha vida.
 
 
Óculos de Sol
 
 
Eu conheço uma menina
Que só sai de casa
Usando óculos de sol.
 
Com os óculos de sol
Ela se sente mais segura,
Ela se sente à altura,
Ela muda de figura.
 
Ela tem o maior medo
De que roubem aqueles óculos.
 
Ela se sentiria nua,
Duma nudez desconfortável;
Contrária àquela
Que ela quer experimentar.
 
Eu conheço uma menina
Que só sai de casa
Usando óculos de sol.
 
Com os óculos de sol
Ela se sente mais segura,
Ela se sente à altura,
Ela muda de figura...
...mas os rapazes não a sentem.
 
(MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.)


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Olá!
Algumas pessoas podem achar que eu estou sumindo, tendo em vista que, desde 2010, não publico mais livros e, gradativamente, estou abandonando o blog. Mas eu não desisti de escrever poemas nem aposentei o meu blog, uma vez que ainda anoto um ou outro texto que me surge ocasionalmente. E, assim que houver uma boa quantidade de títulos, prometo publicar um novo livro.
É isso.
Até mais!