quinta-feira, 20 de julho de 2023

Dicas de filmes - Parte 14

01- "Felicidade de Mentira" (The Bride Wore Red), dirigido por Dorothy Arzner (1937);


- Dirigido por Dorothy Arzner, mulher pioneira no cinema, e estrelado pela maravilhosa Joan Crawford, "Felicidade de Mentira" é um filme que questiona indiretamente o modo pelo qual a sociedade enxerga ricos e pobres. Além disso, alude às pessoas que vivem de manter aparências e ao fato de nem sempre a riqueza significar felicidade. Em suma, trata-se de uma obra que redefine as ideias de felicidade, riqueza, luxo, liberdade. 


02- "O Canal" (The Canal), dirigido por Ivan Kavanagh (2014);


- "O Canal" é um filme irlandês de terror psicológico muito envolvente, cuja produção lembra os clássicos do gênero e diverte demais quem é fã desse tipo de obra cinematográfica. O roteiro gira em torno de uma família (casal jovem e filho pequeno) que mora em uma casa bem antiga, sobre a qual descobrem a existência de um passado sangrento.


03- "Jane Eyre" (Jane Eyre), dirigido por Robert Stevenson (1943);


- Contando com Joan Fontaine, Orson Welles, Agnes Moorehead e Elizabeth Taylor no elenco, esta adaptação do romance escrito por Charlotte Brontë é maravilhosa! O filme narra a triste história de Jane Eyre desde criança, uma personagem fascinante que desperta a empatia do espectador.


04- "Inimigo público" (The Public Enemy), dirigido por William A. Wellman (1931);


- "Inimigo público" é um filme policial fantástico, brilhantemente estrelado por James Cagney, que soa quase como uma preparação para outra inesquecível produção cinematográfica, "Laranja Mecầnica" (1971), protagonizado por Malcolm McDowell.


05- "À beira do abismo" (The Big Sleep), dirigido por Howard Hawks (1946).


- Estrelado pelo casal Humphrey Bogart e Lauren Bacall, "À beira do abismo" é uma adaptação cinematográfica de "O sono eterno" (1939), livro de Raymond Chandler que apresenta o detetive particular Philip Marlowe aos leitores. A produção é impecável e o andamento do roteiro é muito envolvente, sem mencionar a presença fundamental de Bogart dando vida a um personagem marcante da Literatura.

sábado, 29 de abril de 2023

Dicas de filmes - Parte 13

01- "A dama enjaulada" (Lady in a cage), dirigido por Walter Grauman (1964);

- "A dama enjaulada" é um filme que eu já gostaria de ter visto há muito tempo! Neste ano, finalmente, surgiu a oportunidade. E ele não me decepcionou. Nele, Olivia de Havilland, uma das maiores atrizes da história do cinema, fica presa em um elevador instalado em sua casa. A situação dá abertura para os mais diversos abusos cometidos pelos demais "seres humanos". A produção é dos anos 60, mas fala sobre uma sociedade que pode ser observada hoje mesmo, na sua vizinhança.

02- "O Show de Truman - O Show da Vida" (The Truman Show), dirigido por Peter Weir (1998);

- "O Show de Truman" é um filme do final dos anos 90 que está cada vez mais moderno. Ele trata sobre as câmeras que nos vigiam diariamente, nos lugares mais insuspeitos, e a respeito da nossa sufocante e emergente sociedade do espetáculo. Esse título ficou conhecido, na época, por proporcionar o primeiro papel dramático para o astro em ascensão Jim Carrey.

03- "Gonzaga - De pai pra filho", dirigido por Breno Silveira (2012);

- Essa joia do cinema nacional conta a história de dois dos maiores artistas que o Brasil já teve: Luiz Gonzaga e Gonzaguinha. O filme é muito fidedigno e fiel ao livro que o inspira. É, em suma, um exemplo para os demais cineastas brazucas.

04- "O último chá do General Yen" (The bitter tea of General Yen), dirigido por Frank Capra (1933);

- Brilhante como qualquer filme de Capra, mas sem aquele oportuno otimismo que ele sempre inseria, essa produção possui inúmeras camadas de interpretação, envolvendo, sobretudo, política internacional, missões humanitárias e diferenças culturais.

05- "O dirigível Hindenburg" (The Hindenburg), dirigido por Robert Wise (1975).

- Centrado na tragédia envolvendo o notável dirigível alemão Hindenburg ocorrida em 1937, essa produção dirigida por Robert Wise surpreenderá eternamente. Muito bem feita, com um roteiro atraente e efeitos especiais belíssimos, a obra cinematográfica em questão dá uma aula sobre essa linguagem.

O professor tem de ser perfeito!

O professor tem de ser perfeito! O professor não pode errar. O professor não pode ser humano. O professor não pode esbravejar. O professor não pode ser antipático. O professor tem de ser perfeito – quase um robô sem inteligência artificial.

O professor tem de ser perfeito! O professor tem de ser o exemplo – mesmo que ninguém queira seguir esse exemplo. É o que esperam do professor. O professor avalia uma pequena parcela da sociedade dentro da sala de aula. A sociedade inteira avalia o professor fora da sala de aula. O professor tem de ser perfeito – em qualquer ocasião!

A sociedade pode abusar (do espaço) do professor. A sociedade pode tirar a paz do professor. A sociedade pode agir como se estivesse na Idade da Pedra. O professor tem de ser perfeito – quase uma Mary Poppins que surge para consertar quem não deseja sê-lo.

O professor é o protagonista de um reality show visto 24 horas por dia, observado mesmo onde não há câmeras de monitoramento. O professor sempre é estudado – até por quem não gosta de estudar. O professor deve sempre ser gentil, sempre ser simpático, sempre ser receptivo – até com quem ele detesta (embora “detestar” não deva ser um sentimento do professor). O professor tem de ser perfeito – em meio a uma sociedade cada vez mais imperfeita.

O professor deve tolerar – mesmo que faça parte de uma sociedade intolerante. O professor deve perdoar – mesmo que faça parte de uma sociedade vingativa. O professor deve ser perfeito, tripulante de um OVNI chamado Educação, cada vez mais incompreendido, cada vez mais distante desta vida terrena. O professor deve ser perfeito – mesmo que ele esteja em ruínas.

Mas… o professor é apenas um profissional. O professor ajuda a desenvolver habilidades e competências dentro das escolas, somente. Fora das escolas, ou dentro delas, o professor é vulnerável, o professor é falível. Fora do local de trabalho, o professor é um cidadão, que tem seus direitos, como qualquer um; seus deveres, como qualquer um; que tem de cumprir as leis, como ninguém – embora o professor cumpra um pouco mais, já que ele é o professor, o exemplo, o burro de carga da moralidade.

sábado, 25 de março de 2023

Dê uma chance à poesia!

Neste mundo tão ligeiro, de necessidades momentâneas e sentimentos tão confusos, a poesia deveria ser uma ferramenta para que o ser humano tivesse pitadas cotidianas de arte e cultura, e conseguisse colocar seus anseios e pensamentos em ordem. Pois os poemas normalmente são leituras breves que mexem com o nosso ser e o nosso viver. Não entendo o porquê de os poemas não estarem mais tanto na vida das pessoas. Talvez por conta de um afastamento dos poetas e poetisas em relação ao público, ocorrido nas últimas décadas, assim que começaram a arriscar a elaboração de poemas mais experimentais, testando todas as possibilidades poéticas permitidas pelas diferentes linguagens artísticas. Isso é válido e lindo. Contudo, o povo quer aquilo que pode entender e, de preferência, algo que faça sentido na vida dele. Então, se o artista se afasta demais do cidadão comum, almejando ser um sucesso de crítica, provavelmente não será um sucesso de público. E a arte faz muito mais sentido e se mostra realmente necessária quando é experimentada  pela maior quantidade possível de indivíduos. Do contrário, as obras artísticas apenas existem, sem contribuir de forma incisiva para a mudança da realidade.

Mas, retornando ao tópico proposto, a leitura de poemas é fundamental e benéfica a qualquer ser humano. E, como dizia Mario Quintana, o bom poema é aquele que faz mais sentido para o leitor do que para o autor, pois é o momento em que o poeta realmente atinge o seu objetivo de tocar os demais corações. Garanto que cada indivíduo é capaz de encontrar escondido em algum livro de poesia um poema que parece que foi escrito especificamente para ele.

Creio, também, que a escrita de poemas seja uma das melhores alternativas de terapia existentes, pois o poeta, ou pretenso poeta, pode depositar no papel tudo aquilo que pensa e sente, que o agrada ou que o incomoda, de modo a se (re)descobrir e a se (re)organizar. E, aos poucos, aquilo que de início era feito de forma amadora, pode vir a se tornar uma atividade profissional, quanto mais o escritor se dedicar ao ofício e buscar melhorar os seus textos. É por isso que sempre incentivo estudantes que gostariam de escrever poemas (ou que eu sinto que têm aptidão para isso) a simplesmente se expressarem no papel e irem lapidando aquilo que traçam.

Ficam aqui, então, para encerrar, algumas dicas: para ler poemas, como afirmava a minha saudosa professora de docência e de poesia, Vera Beatriz Sass, tente ficar plenamente sereno, livre-se de todos os seus julgamentos e preconceitos e perceba tudo aquilo que puder naquelas poucas palavras que tanto significam; e, para escrever poemas, mergulhe na profundidade do seu ser e escreva, sem receio, tudo aquilo que você pensa e sente, organizando posteriormente as angústias libertadas, que antes estavam aprisionadas em seu âmago.

“O Inferno são os outros”

Neste superpopuloso mundo, uma das questões mais incômodas para as pessoas tem sido a convivência com os vizinhos. Não há quem não tenha que dividir espaços em qualquer lugar atualmente, e os convivas que se situam mais próximos de nossas residências, locais na qual todos convencionalmente desejamos ter um pouco de paz e de tranquilidade, são os principais determinantes da nossa (in)felicidade no lar, especialmente em tempos em que o altruísmo, a cultura, a educação, a tolerância e o bem comum estão em baixa.

Há indivíduos que, por exemplo, fazem festas e algazarras em qualquer dia e horário, sem levar em consideração aqueles que estão nas imediações. Se há alguém que precisa acordar cedo para trabalhar, se há alguém enfermo, se há uma criança autista por perto, dane-se. Se há alguém que deseja assistir à televisão, ler, estudar, dormir, descansar, relaxar, dentre outras ações, dane-se. Todos os moradores da vizinhança são obrigados a ouvir as músicas, boas ou ruins (não é esta a questão) e as gritarias animalescas proporcionadas pelos cidadãos alegres.

Há, também, aqueles que, por não terem nenhum compromisso no outro dia, ganhando a vida esquivando-se do trabalho, o que é bem comum no Brasil, não ligam nem um pouco para os horários em que praticam as suas atividades. Começam a ver TV no início da madrugada, com o volume no máximo, gritam tarde da noite e fazem barulhos diversos como se estivessem reorganizando a mobília ou embalando os seus pertences para uma mudança repentina. Com isso, não estou afirmando que alguns residentes da rua devem deixar de viver porque outros têm horários diferentes dos seus, mas o respeito e o bom senso precisam predominar sempre. É possível realizar qualquer atividade em qualquer ocasião, desde que, levando-se em conta o próximo, o indivíduo saiba dosar o seu nível de perturbação.

Uma terceira questão muito importante é a do lixo, não só para a política da boa vizinhança, assim como para o meio ambiente. Em relação a esse assunto, as más atitudes são inúmeras: acondicionar mal os rejeitos, deixando-os em uma situação em que qualquer vento da desgraça carregue para as residências dos outros aquilo que alguém jogou fora; depositar o lixo em frente às residências de terceiros, que nada têm a ver com a porcaria dos outros; levar para o passeio público sacolas de lixo orgânico e seco, sem dar a mínima atenção para o dia e o horário em que estas serão recolhidas, dando abertura para todo o tipo de inconveniências. É como afirma o genial Luís Fernando Veríssimo em sua crônica intitulada “O Lixo”: “Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social.”. Dizendo mais, o nosso lixo, bem como o cuidado e a atenção que destinamos a ele, retratam quem somos.

O tema “espaços”, além dos anteriores, é também pertinente. Há vizinhos que habitam o seu próprio ambiente, o seu próprio terreno, o seu próprio lote, respeitando fronteiras contratadas, adquiridas e convencionadas. Contudo, há aqueles que são verdadeiros cidadãos do mundo. O que é deles, é deles. O que é dos outros, é deles também. São os espaçosos, os abusados, os legítimos sem-vergonha. E, naqueles momentos preciosos, em que o indivíduo quer ficar sozinho, utilizando-se da (im)possível e (im)provável tranquilidade do lar, acaba sendo invadido pela existência dos vizinhos, das esposas dos vizinhos, dos filhos dos vizinhos, que, inclusive, são outro ponto bastante relevante.

Os filhos dos vizinhos, benza Deus, podem tornar-se o próprio Diabo e construírem o Inferno na frente da casa dos outros, que sempre serão considerados “crianças brincando”, “adolescentes curtindo a vida” (do ponto do vista dos vizinhos-pais, logicamente). Tudo é permitido: quebrar, sujar, berrar, bater. É aquele célebre ditado popular na prática: “Pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Então, já que, dentro de quatro paredes, o filho perturbaria os pais, ficaria abobado com o celular nas mãos, brigaria com os irmãos por quaisquer besteiras, que vá para fora! E, uma vez lá fora, que incomode os outros, para dar um pouco de sossego àqueles que o trouxeram à luz para o criarem nas trevas da ignorância.

Enfim, tendo em vista tudo o que expus acima, a vizinhança é uma espécie de microcosmos da humanidade. E o que falta nos seus vizinhos é exatamente aquilo que carece no restante dos seres humanos: humanidade; em suma, há a inexistência do respeito, do bom senso, dos valores morais verdadeiramente postos em prática. Atualmente, é muito bonito dizer-se cristão, defensor da família, atento aos bons costumes. Porém, infelizmente, poucos dão atenção, de verdade, àquilo que Jesus Cristo ensinou aos seres humanos: o respeito, o perdão, a tolerância, a empatia, a paz, o amor, não julgar, não se considerar superior aos demais. Caso todos realmente fossem cristãos em cada atitude diária, teríamos uma vizinhança melhor, uma sociedade melhor, alguma esperança.