sábado, 29 de abril de 2023

O professor tem de ser perfeito!

O professor tem de ser perfeito! O professor não pode errar. O professor não pode ser humano. O professor não pode esbravejar. O professor não pode ser antipático. O professor tem de ser perfeito – quase um robô sem inteligência artificial.

O professor tem de ser perfeito! O professor tem de ser o exemplo – mesmo que ninguém queira seguir esse exemplo. É o que esperam do professor. O professor avalia uma pequena parcela da sociedade dentro da sala de aula. A sociedade inteira avalia o professor fora da sala de aula. O professor tem de ser perfeito – em qualquer ocasião!

A sociedade pode abusar (do espaço) do professor. A sociedade pode tirar a paz do professor. A sociedade pode agir como se estivesse na Idade da Pedra. O professor tem de ser perfeito – quase uma Mary Poppins que surge para consertar quem não deseja sê-lo.

O professor é o protagonista de um reality show visto 24 horas por dia, observado mesmo onde não há câmeras de monitoramento. O professor sempre é estudado – até por quem não gosta de estudar. O professor deve sempre ser gentil, sempre ser simpático, sempre ser receptivo – até com quem ele detesta (embora “detestar” não deva ser um sentimento do professor). O professor tem de ser perfeito – em meio a uma sociedade cada vez mais imperfeita.

O professor deve tolerar – mesmo que faça parte de uma sociedade intolerante. O professor deve perdoar – mesmo que faça parte de uma sociedade vingativa. O professor deve ser perfeito, tripulante de um OVNI chamado Educação, cada vez mais incompreendido, cada vez mais distante desta vida terrena. O professor deve ser perfeito – mesmo que ele esteja em ruínas.

Mas… o professor é apenas um profissional. O professor ajuda a desenvolver habilidades e competências dentro das escolas, somente. Fora das escolas, ou dentro delas, o professor é vulnerável, o professor é falível. Fora do local de trabalho, o professor é um cidadão, que tem seus direitos, como qualquer um; seus deveres, como qualquer um; que tem de cumprir as leis, como ninguém – embora o professor cumpra um pouco mais, já que ele é o professor, o exemplo, o burro de carga da moralidade.

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