domingo, 16 de agosto de 2015

Sobre a sociedade e a saciedade (07/04/2011)

A sociedade diz:
É retardado aquele
Que se dedica
A um só amor.
É retardado aquele
Que,
Diante de um ente bonito –
E não de um ente querido –,
Torna-se um traidor.

Eu
Continuo retardando o passo
Frente a essa
Retardada sociedade avançada,
Que transforma ego e vaidade
Em contratos sociais.



(MENDEL, Guilherme M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Amor in natura (14/12/2010)

Enquanto estou fora de órbita,
Fugindo da temida rotina,
CHOVE, suave e continuamente.
São as lágrimas da minh’alma gêmea,
Que ficou presa à realidade,
A construir por nós,
Atando com nós,
Nosso futuro a sós.

Todavia, quando eu voltar para lá,
O sol de novo irá brotar,
Coroando nosso amor-mor
Tão desejado por Deus-destino.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

terça-feira, 30 de junho de 2015

A veia véia (21/11/2010)

A velha,
Que ontem era “véia”,
Hoje é veia,
Mas continua sendo idosa.


(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)


Este poema parece (e é) bem infeliz. Quando o escrevi, pensei em fazer algum jogo de palavras que envolvesse a reforma ortográfica da Língua Portuguesa, o que resultou em um texto quase sem sentido e linguisticamente feio. Contudo, com esses poucos versos, pretendia mostrar que, além de não apresentar fundamento algum, a dita mudança só confunde quem vai escrever, pois os erros só aumentaram após o seu surgimento.

Como professor de Língua Portuguesa, percebo que, por medo de se equivocar e pelo uso frequente da escrita no meio digital, que tem suas regras (ou a falta delas) particulares, as pessoas não estão mais usando quaisquer acentos, o que considero bastante triste e grave.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Mais um dia

Estou deitado em minha cama
Esperando o Sol se pôr:
Mais um dia exilado
Remoendo a minha dor.

Sem saber aonde chegar
Resta agora o meu quarto:
Conversando com as paredes
Pode ser que me encontre.

Agora veio a noite...

O estresse toma conta
De todos aqueles que fazem...
E a depressão dedura
Os que não têm o que fazer.

Basta esperar um novo dia
Com costumes e obrigações,
Mesmas crenças e opiniões,
E destaque aos destacáveis.

***

Porém, eu saio a vagar
Para ver somente isto:
Rapazes vazios e garotas-vitrine
Querendo provar sua emancipação.
_____________________________

Com "Mais um dia" concluo os poemas que resgatei dentre os meus primeiros escritos. Esse texto, na minha opinião, é um dos que mais têm valor em meio à minha precária produção inicial.

Em seguida, começarei a postar os poemas do meu último livro, chamado "Entretanto".

sábado, 16 de maio de 2015

Holocausto Próprio

Um momento iluminado
Esvaiu-se com um grito.
Sumiram os meus traços,
Meu coração foi ao delírio.

Já não tenho mais imagem
Nem tampouco personagem.
Só o que resta é um corpo liso -
Já perdi todo o meu siso.

O horizonte se apagou,
Também a luz no fim do túnel.
Teu semblante me afagou
Pra eu não crer ser um inútil.