segunda-feira, 24 de maio de 2010

Liberdade ou alienação?

Não precisamos
Viver de aparência
Nem precisamos
Nos tornar ocultos

Os nossos sonhos?
Eles serão aparentes
Mas pode ser que se tornem
Algo essencial

A nossa busca
Será alienada
Todos nós gostamos
Da liberdade sonhada


MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Será que eu deveria ter publicado os meus dois livros? Por inúmeras vezes acho que não, que foi um erro patético. Contudo, agora foi... E já que estou gostando de elaborar este blog, irei dar continuidade ao trabalho, mesmo que meus “poemas” não agradem a todos (alguns não chegam a agradar nem a mim mesmo).

Sobre o “Liberdade ou alienação?”... é um texto extremamente simples com um significado importante e complexo. A primeira estrofe trata a respeito do equilíbrio que devemos buscar em todos os aspectos das nossas vidas. (Pelo menos eu acredito nisso.) Mais especificamente no caso do contexto criado no poema, não é muito saudável entrar no "jogo-instinto" do poder, assim como não é muito saudável fugir do mundo. Em seguida, falo da relevância dos sonhos para a existência das pessoas, já que eles impulsionam qualquer indivíduo. Um ser humano que sonha sempre terá motivos para lutar, perguntas para responder, caminhos para trilhar. E, por fim, uma quebra básica: os sonhos não deixam de ser uma “autoalienação”, onde fugimos um pouco da realidade para alcançar as nuvens. (É o que a palavra por si indica: SO.NHO s.m. 1) Conjunto de imagens e de fenômenos psíquicos que se apresentam à mente durante o sono. 2) Coisa ou pessoa com quem se sonha. 3) Devaneio, fantasia, ilusão, utopia. 4) Cul. Doce leve e fofo feito à base de farinha, leite e ovos, frito em gordura e passado em açúcar ou calda. [Minidicionário Português, Grupo Ciranda Cultural]). Para encerrar, a “liberdade sonhada” refere-se ao que enxergamos como realidade, visão diferente em cada um – aquilo que torna a lida mais inquietante e as pessoas amáveis ou odiáveis.

FIM!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Devaneio

Onde mais encontrarei
O que antes procurei
Em alguém que já não sei
Se existe ou eu criei?

No passado eu aprendi
O pensamento construí
Acredito no que vi
Pois você ainda sorri

Procuro então rimar agora
Explicação, deixo p’ra outra hora
Se hoje ainda um padre ora
Preciso, pois, ir embora

Já irei sem devaneio
Já criei algum receio
Em comer pão de centeio
Ou um normal, mas pelo meio


MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Conforme o “Dicionário da Língua Portuguesa” da Editora Avenida (2002), o significado de devaneio é: “de.va.nei.o sm 1 Ato de devanear. 2 Imaginação, fantasia, sonho.” E foi isso o que me levou a colocar tal título nesse poema - não a descrição publicada na obra citada acima, mas o que essa palavra representa para mim.

A primeira estrofe, como vocês podem ver, traz um contexto embebido em esquizofrenia, uma das doenças que mais me intriga. Para quem não sabe do que se trata a moléstia, esta é a definição que o já referido dicionário apresenta: “es.qui.zo.fre.ni.a sf Med Doença mental em que o doente perde o contato com a realidade e vive num mundo imaginário.”

A segunda, situada na mesma situação, prova que o eu-lírico não estava louco. Realmente aconteceu algo entre ele e alguém, tendo em vista que a pessoa, quando o vê, sorri, dum sorriso que só os dois entendem.

Revelando isso, o eu-lírico desconversa, puxando um outro tema, complexo, e parte para a última parte do texto, que denuncia a falta de intensidade do cuidado, da prudência, da precaução.

É basicamente isso...

Até a próxima!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sobre a crítica e a autocrítica

A crítica é extremamente importante, pois tem por função afirmar ou transgredir um evento, linguístico ou não, e, dessa forma, permitir a permanência ou a mudança (quando acatada). Contudo, a posição do crítico é um tanto quanto patética, tendo em vista que este nada mais é do que a voz de um orgulho acariciado ou ofendido, expressando através de uma atitude eu julgo a sua (in)conformidade com a realidade que enxerga. Mas o que ele vê é do ponto de vista dele, não do sujeito agente ou ator, cuja decisão está entre um leque de opções, onde deve analisar a sua visão e os olhares de urubu dos outros, sendo o peso na consciência variável conforme a pessoa.
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Tem-se também a autocrítica, cuja utilização em excesso leva à loucura e, num momento posterior, ao mais perto que se pode chegar da lucidez. Ela é um mecanismo excelente para que um pensante observador estude suas ações e comportamentos passados, presentes e futuros, tentando alcançar o seu ideal degrau por degrau. Porém, é baseada no ponto de vista egoísta e de experiências únicas de quem sofre a sua agoniante influência e, então, indigna de credibilidade.
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De qualquer forma, todas essas reflexões fazem com que questionemos, prepotentes ou não, conceitos como os de verdade, sanidade, etc. E essa inquietude infinita, existente somente na espécie humana, não tem valor mensurável.
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P.S.01: Ainda, basta pensarmos um pouco num mundo de plena humildade para chegarmos a uma conclusão incrivelmente intrigante: se todos fôssemos totalmente humildes nunca teríamos achado nada ruim ou bom, o que nos levaria a não criar nada nem nos instigaria a desenvolver a linguagem (para expressar nossa opinião). Portanto, o orgulho (ou ego), assim como julgamentos envolvendo os significados abstratos e facilmente mutáveis de bom e mau, estão intrinsecamente relacionados, fazem parte da natureza e são ferramentas indispensáveis para a movimentação do mundo e do ser humano - que quando usadas em excesso ocasionam a maioria das desgraças conhecidas até o momento atual.
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P.S.02: Notem que, agora mesmo, estou embebido em orgulho, desenvolvendo uma ideia que EU JULGUEI interessante de compartilhar com a sociedade.
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P.S.03: Bem, vou acabar antes que todos acabem insanos. Tchau!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

As portas das janelas

Abram as portas
Para todas as janelas
Para que andem pelo mundo
Que nos fizeram enxergar
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Abram as portas
Para todas as janelas
Para que dancem conosco
A dança do medo
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Abram as portas
Para todas as janelas
Para que trilhem um caminho
Sem avisar onde estão
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Abram as portas
Para todas as janelas
Para que elas fujam
Deixando os cegos no exílio
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Abram as portas
Para todas as janelas
Para que encontrem um amor
Que ilumine o nosso quarto
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MENDEL, G.M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
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"As portas das janelas" foi um dos poemas de que eu mais gostei. Tenho apenas um certo problema com o título: nunca o achei o mais adequado, só que também não encontrei algum melhor.
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Esse texto me veio enquanto eu observava a rua através da janela do meu quarto. Provavelmente estava com a cabeça em turbilhão, como sempre. Acredito nisso por causa das ideias que expressei nas estrofes:
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1ª "Para que andem pelo mundo que nos fizeram enxergar" = O mundo que as janelas nos denunciaram não é tão bonito assim. Não é aquele olhar para fora e encontrar beleza, alegria, tranquilidade; mas feiura, tristeza, correria.
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2ª "Para que dancem conosco a dança do medo" = Ali fora há sim a dança do medo. Basta observar qualquer pessoa, correndo, com atenção extrema, preocupada, de cabeça cheia.
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3ª "Para que trilhem um caminho sem avisar onde estão" = Esse trecho é um pouco mais alegre, pois expressa simplesmente o sentimento de liberdade, do caminhar despreocupado e errante.
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4ª "Para que elas fujam, deixando os cegos no exílio" = Quem são os cegos no exílio? Por que são cegos? Onde é o exílio?
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5ª "Para que encontrem um amor que ilumine o nosso quarto" = Que bonito, não é mesmo? E também bastante significativo...
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É basicamente isso, pessoal. Espero que tenham gostado da postagem. Até a próxima oportunidade...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Diet

Ignore o que te faz sobreviver
Valorize a felicidade
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Não importa o que você foi em um mês
Sempre valerá o que você foi a vida inteira
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Todos juntos com propósitos diferentes
Todos cansados destas incansáveis mentes
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Não existem sonhos
Apenas planos curtos e alcançáveis
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MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.
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Esse texto parece ruim. Eu prefiro achar que ele permite inúmeras interpretações.
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Assim como vários outros, é um poema onde não encaixo uma estrofe com outra, tendo em vista que a única relação que elas têm entre si são a identificação com o título: a cultura moderna da dieta rigorosa e da punição estética.
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Dessa forma, na primeira estrofe procurei retratar a busca desenfreada pela felicidade e a desvalorização dos detalhes da vida (que é o que realmente traz o gozo); na segunda, as pessoas que tentam mudar quando já é tarde demais (ex.: indivíduos que foram gordos durante um grande período, mesmo após emagrecer, sempre se enxergarão como obesos, desprezíveis diante da sociedade atual); na terceira, o individualismo e a concorrência indiretamente pregados pelo poder e a falsa solidariedade diretamente instigada pela mídia; e na última, a conquista do grande sonho passo a passo, por meio de um planejamento com ações disciplinadas, que é o método em que eu acredito para realizar aquilo que se almeja.
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Mas, o que isso tudo tem a ver com diet? É óbvio que eu não darei o poema inteiro de mão beijada! Então, façam bom proveito...