sexta-feira, 31 de outubro de 2014

08- Relevância (11/03/2010)

O quadro negro não diz mais
Do que o quadro branco.
Porém, o quadro em branco
É mais inteligente
Do que o quadro escrito.

O quadro em branco revela
Que tudo e estudo são em vão.
Pois, aquilo que é preciso,
Aquilo de que preciso,
Está impresso na existência.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 87.)

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

07- Sambando a torto e a direito (03/03/2010)

O sol, então, raiou lá fora
O tempo de ser feliz é agora
A vida sorriu pra mim e pra ela
Sorriu também pro povo da favela

A gente faz festa até no lixão
Ignora a sujeira do chão
E o cheiro dos restos do pão

O novo dia não tarda a nascer
Um bom momento pra renascer
Virada é o jeito de convencer
Jogando para sempre vencer

O zero é o início da corrida
Quem dá primeiro a partida?
Quem acha logo a saída?

O ano que vem de novo vai chegar
Coitado de quem nele não entrar
Sonhando com a paz na andança
Dançando com a própria esperança

A música já vai acabar
Tenha prudência no bar
Ponha respeito no ar


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 86.)


Esse poema se chama "Sambando a torto e a direito" porque ele realmente me surgiu como um samba. E, como eu não desenvolvi suficientemente o meu lado musical de modo a conseguir musicá-lo, adicionei o texto ao livro.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

05- Sobre pulgas, elefantes e idiotice (04/01/2010)

O mundo pode ser sonho,
devaneio ou ilusão.
Afinal, o que existe
só existe para alguém
enquanto esse alguém existe
(ou pensa existir...).

Sei lá!
Esse tipo de raciocínio
alimenta a síndrome do pânico.

***

É bem provável que o verde que eu vejo
seja o vermelho que você vê.
Eu só sei que o meu verde me mostra
que eu me preocupo demais
com pulgas que parecem elefantes...


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 84.)

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

04- Entretanto (30/12/2009)

Entre a faca no peito
E o beijo no rosto.
Entre o tal desespero
E mesmo o fim do desgosto.
Entre o respeito de fato
E o assassinato do ser.
Entre a força do ato
E a dor de sofrer.

Viver entretanto,
Entre tudo viver.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 83.)

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

03- Metrônomo (07/12/2009)

A torneira pingando
É o metrônomo
Da indiferença.

O coração batendo
É o metrônomo
Da existência.

O trovão furioso
É o metrônomo
Da fraqueza.

O fim de tudo
É o exato término
Da verde música.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p.82.)