Eu sei que já falei sobre o ato de criticar em si num texto intitulado “Sobre a crítica e a autocrítica”. Porém, gostaria de complementar aquele escrito falando a respeito de algumas consequências que os censores causam.
Muito se discute a respeito da pouca leitura em nosso país, bem como da má leitura efetuada pelos poucos que se propõe a ler (redundantemente tratando, como o assunto permite). No entanto, como desejar que alguém que nunca lê o faça tão profundamente quanto um mergulhador descobrindo os mistérios de um mar pouco explorado?
Outra cena que me perturba é a seguinte: considerem o mesmo cidadão inculto mencionado acima. Esse indivíduo, tendo em mente que a leitura é uma coisa boa (de acordo com o que a TV afirma), pega para ler o novo livro mais vendido de um autor tido como fraco pelos críticos literários. Seleciona exatamente essa obra por estar em uma grande revista, na lista dos volumes mais vendidos no mês em todo o país. Um grande leitor, ciente de que existem produtos melhores, dá uma espécie de sermão cultural no pobre despretensioso, cuja intenção era somente ver para onde a literatura poderia levá-lo. Além disso, tal autoridade intelectual não se contentaria em ridicularizar um livro vazio. Ele iria indicar os clássicos ou os raros grandes contemporâneos (de acordo com a maioria dos afins da Literatura) – só para mostrar que ELE SABE!!! Todavia, meus caros, convenhamos que querer que um amador encare um Saramago de supetão é o mesmo que desejar que um telespectador de novelas assista “2001 – Uma odisséia no espaço”. O cara iria achar uma droga!!! Não iria tirar o mínimo de proveito da obra, além de se sentir desencorajado de provar qualquer outra coisa. Ele gostaria tanto do Paulo Coelho (tão detonado nos cursos de Letras)! E, devagar e sempre, poderia vir a experimentar coisas mais densas. Mas não! Aquilo não vale!
É o que a maioria dos professores de Literatura faz quando insiste que seus alunos de Ensino Médio absorvam os clássicos, ignorando completamente as sagas volumosas que os jovens gostam de curtir, como “Crepúsculo”, “Senhor dos anéis”, “Harry Potter”. Esses títulos são ruins. São péssimos! Incentivar que eles vivam de subcultura é compactuar com o desenvolvimento de um bando de idiotas. Porém, o problema é maior do que nós. O buraco é muito mais embaixo. As pessoas só consomem o que está mais a mão: sertanejo universitário, auto-ajuda, filmes com milhões de dólares investidos em efeitos especiais, etc.
Diante dos fatos, é fácil perceber que uma adolescente que vive de Fiuk não irá gostar de Machado de Assis; que um jovem viciado em NX Zero não irá gostar de Mário Quintana; que uma criança que passa o dia assistindo desenhos idiotas de hoje em dia, principalmente os orientais, terá dificuldade em gostar de qualquer coisa que não fale sobre esse universo.
SOBRETUDO, é o que eles, os que mexem os pauzinhos, desejam que continue acontecendo. E nós, meros fantoches, não podemos fazer exatamente nada. E, no meio disso tudo, os críticos são meros palhaços, tentando acordar as paredes.
Muito se discute a respeito da pouca leitura em nosso país, bem como da má leitura efetuada pelos poucos que se propõe a ler (redundantemente tratando, como o assunto permite). No entanto, como desejar que alguém que nunca lê o faça tão profundamente quanto um mergulhador descobrindo os mistérios de um mar pouco explorado?
Outra cena que me perturba é a seguinte: considerem o mesmo cidadão inculto mencionado acima. Esse indivíduo, tendo em mente que a leitura é uma coisa boa (de acordo com o que a TV afirma), pega para ler o novo livro mais vendido de um autor tido como fraco pelos críticos literários. Seleciona exatamente essa obra por estar em uma grande revista, na lista dos volumes mais vendidos no mês em todo o país. Um grande leitor, ciente de que existem produtos melhores, dá uma espécie de sermão cultural no pobre despretensioso, cuja intenção era somente ver para onde a literatura poderia levá-lo. Além disso, tal autoridade intelectual não se contentaria em ridicularizar um livro vazio. Ele iria indicar os clássicos ou os raros grandes contemporâneos (de acordo com a maioria dos afins da Literatura) – só para mostrar que ELE SABE!!! Todavia, meus caros, convenhamos que querer que um amador encare um Saramago de supetão é o mesmo que desejar que um telespectador de novelas assista “2001 – Uma odisséia no espaço”. O cara iria achar uma droga!!! Não iria tirar o mínimo de proveito da obra, além de se sentir desencorajado de provar qualquer outra coisa. Ele gostaria tanto do Paulo Coelho (tão detonado nos cursos de Letras)! E, devagar e sempre, poderia vir a experimentar coisas mais densas. Mas não! Aquilo não vale!
É o que a maioria dos professores de Literatura faz quando insiste que seus alunos de Ensino Médio absorvam os clássicos, ignorando completamente as sagas volumosas que os jovens gostam de curtir, como “Crepúsculo”, “Senhor dos anéis”, “Harry Potter”. Esses títulos são ruins. São péssimos! Incentivar que eles vivam de subcultura é compactuar com o desenvolvimento de um bando de idiotas. Porém, o problema é maior do que nós. O buraco é muito mais embaixo. As pessoas só consomem o que está mais a mão: sertanejo universitário, auto-ajuda, filmes com milhões de dólares investidos em efeitos especiais, etc.
Diante dos fatos, é fácil perceber que uma adolescente que vive de Fiuk não irá gostar de Machado de Assis; que um jovem viciado em NX Zero não irá gostar de Mário Quintana; que uma criança que passa o dia assistindo desenhos idiotas de hoje em dia, principalmente os orientais, terá dificuldade em gostar de qualquer coisa que não fale sobre esse universo.
SOBRETUDO, é o que eles, os que mexem os pauzinhos, desejam que continue acontecendo. E nós, meros fantoches, não podemos fazer exatamente nada. E, no meio disso tudo, os críticos são meros palhaços, tentando acordar as paredes.