quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Enjoo (08/04/2011)

Todos se cansam
De sentir o mesmo perfume
Todos os dias

Todos se cansam
De ver a mesma borboleta
Pousar sobre o seu colo
Todos os dias

Todos se cansam
De admirar a mesma flor
Todos os dias

Todos se cansam
De comer o mesmo prato
De comer do mesmo prato
Todos os dias

Todos se cansam
De não fazer nada...

...Diferente...

Pois
Até o perfume favorito,
A mais bela borboleta,
A rosa mais cheirosa,
O prato preferido,
Algum dia,
Causam enjoo



(MENDEL, Guilherme M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Na ponta do lápis (07/04/2011)

O lápis ficou
Desapontado
Com a brancura
Da folha vazia.

Então,
Assassinou o escritor desinspirado,
Tingindo de tinta rubra e natural
A alvura do tal papel.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

domingo, 16 de agosto de 2015

Sobre a sociedade e a saciedade (07/04/2011)

A sociedade diz:
É retardado aquele
Que se dedica
A um só amor.
É retardado aquele
Que,
Diante de um ente bonito –
E não de um ente querido –,
Torna-se um traidor.

Eu
Continuo retardando o passo
Frente a essa
Retardada sociedade avançada,
Que transforma ego e vaidade
Em contratos sociais.



(MENDEL, Guilherme M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Amor in natura (14/12/2010)

Enquanto estou fora de órbita,
Fugindo da temida rotina,
CHOVE, suave e continuamente.
São as lágrimas da minh’alma gêmea,
Que ficou presa à realidade,
A construir por nós,
Atando com nós,
Nosso futuro a sós.

Todavia, quando eu voltar para lá,
O sol de novo irá brotar,
Coroando nosso amor-mor
Tão desejado por Deus-destino.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

terça-feira, 30 de junho de 2015

A veia véia (21/11/2010)

A velha,
Que ontem era “véia”,
Hoje é veia,
Mas continua sendo idosa.


(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)


Este poema parece (e é) bem infeliz. Quando o escrevi, pensei em fazer algum jogo de palavras que envolvesse a reforma ortográfica da Língua Portuguesa, o que resultou em um texto quase sem sentido e linguisticamente feio. Contudo, com esses poucos versos, pretendia mostrar que, além de não apresentar fundamento algum, a dita mudança só confunde quem vai escrever, pois os erros só aumentaram após o seu surgimento.

Como professor de Língua Portuguesa, percebo que, por medo de se equivocar e pelo uso frequente da escrita no meio digital, que tem suas regras (ou a falta delas) particulares, as pessoas não estão mais usando quaisquer acentos, o que considero bastante triste e grave.