quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

POESIA COTIDIANA 02 - RESULTADO

[...]

{6 horas e 25 minutos}

(tic-tac, tic-tac, tic-tac...)

* sono conturbado *


{6 horas e 30 minutos}

(trrriiinnn!!! / pãc)

- Ah, não!

* rotina *


{20 horas e 30 minutos}

* assistir TV *

passa, passa, passa, passa, passa...


{24 horas e 30 minutos}

* cansaço / insônia à remédio para dormir *

__________

[...]


MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Segundo poema dos três textos da “Poesia Cotidiana”, “Resultado” mostra as consquências causadas pela atribulada rotina que o ser humano comum tem de enfrentar diariamente. Acorda, normalmente, muito cedo, sem ter dormido o suficiente para recompor as suas energias. Em seguida, precisa dar um pulo da cama e se preparar às pressas para não chegar atrasado ao trabalho – e, mesmo sem condições fisiológicas, emocionais e/ou psicológicas, deve passar o dia correndo, dando conta de uma boa porção de tarefas. Retorna para casa apenas no início da noite e tenta descansar e se distrair assistindo à televisão, sem encontrar um programa que o faça se sentir melhor. Por fim, tenta dormir, perturbado por um contraste de cansaço e insônia. Por isso, ingere um sonífero, procurando, através de medicamentos, galgar condições de levar a sua vida adiante. É mais ou menos isso.

*** Lá vai um pouco de intertextualidade! Abaixo está uma composição da banda paulista Inocentes, a qual combina perfeitamente com o poema postado acima:


INOCENTES – Rotina (1986)

Acorda cedo para ir trabalhar
O relógio de ponto a lhe observar
No lar esposa e filhos a lhe esperar
Sua cabeça dói, um dia vai estourar, com essa

Rotina (Rotina!) (x4)

Sua cabeça dói, não consegue pensar
As quatro paredes a lhe massacrar
Daria tudo pra ver o que acontece lá fora
Mesmo sabendo que não iria suportar essa

Rotina (Rotina!) (x4)

Até quando ele vai aguentar?
Até quando ele vai aguentar? (Rotina)

No lar sua esposa lhe serve o jantar
Seus filhos brincam na sala de estar
Levanta da poltrona e liga a TV
Chegou a hora do programa começar

Rotina (Rotina!) (x4)

O homem da TV lhe diz o que fazer
Lhe diz do que gostar, lhe diz como viver
Está chegando a hora de se desligar
A sua esposa lhe convida para o prazer

Rotina (Rotina!) (x4)

Até quando ele vai aguentar?

Até quando ele vai aguentar? (Rotina)

Rotina (Rotina!) (x4)

Até quando ele vai aguentar?
Até quando ele vai aguentar?


Obs.: Em 1999, os Titãs gravaram uma nova versão dessa música, em um álbum intitulado “As dez mais”, constituído somente por versões de composições de outros artistas.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

POESIA COTIDIANA 01 – FIOS DE COBRE

[...]

(tu-tu-tu-tu-tu...)

- Droga! Deve tá na internet!

{5 minutos depois}

(tu-tu-tu-tu-tu...)

- Ah! Esperei poco!

{30 minutos depois}

(tuuu... tuuu...)

- Alô!?

- Aê! Consegui falá contigo!

[...]


MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Os três poemas que publiquei na obra "Humano Impresso" sob o título de "Poesia Cotidiana" resultaram de uma experiência frustrada. Eu quis retratar simples fatos cotidianos apropriando-me de sinais gráficos e figuras de linguagem, de modo a dar a esses acontecimentos uma cara de poesia. No entanto, após a publicação do livro, notei que as pessoas não entendem e/ou não gostam desses poemas. E eu, acertadamente, não persisti no erro de tentar criar mais textos desse feitio. Mesmo assim, irei postá-los aqui.


O texto "Fios de cobre" apresenta uma situação onde um interlocutor está fazendo uma ligação via telefone fixo para outro indivíduo, porém, não consegue concretizá-la, porque o destinatário estava conectado na internet - segundo as deduções do interlocutor que efetuou a chamada.


Por um lado, esse poema é histórico, já que registra o que normalmente ocorria no tempo da internet discada, uma tecnologia ultrapassada atualmente. Mas, por outro, não tem qualquer relevância dentro da literatura (pelo visto), sendo apenas um modesto gracejo infeliz dentro de uma pretensa obra literária.


Bem, é isso.

Até mais, pessoal!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Criançada

Menininho
Sai correndo,
Cai de boca.
Vai chorar!

Menininho
Se esconde
Atrás da porta.
Vai sorrir!

Menininho
Está andando
De balanço.
Vai pular!

Menininho
Vai brincando,
Vai sorrindo.
Ele é feliz.


MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


O poema "Criançada" foi a minha primeira tentativa de escrever algo voltado às crianças. (Eu não poderia postá-lo em um dia melhor, já que hoje é o Dia da Criança. E confesso que foi mero acaso.) Nele, tentei alcançar uma espécie de musicalidade típica das cirandas e de outras canções destinadas ao público infantil. E, em termos de conteúdo, tentei retratar o comportamento de uma criança ideal (no sentido de idealizada), que cai e se levanta logo em seguida, que está sempre correndo e emanando energia, que sonha e sorri a todo instante. É, em suma, um pequeno indivíduo que sintetiza e personifica a ideia que todo o adulto tem de infância, o qual é aquele período em que não há problemas e nostalgia, apenas descobertas e expectativa.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Postagem extremamente triste...

Hoje irei utilizar o blog para dar uma notícia brutalmente triste: na terça-feira, dia 27/09/2011, morreu Edson "Redson" Lopes Pozzi, guitarrista, vocalista e fundador da banda paulista Cólera, uma das melhores do mundo na minha modesta opinião.

Redson, que estava com 49 anos, era um dos maiores gênios que já surgiram no país, apesar de não ser reconhecido como tal. Não fazia músicas para ganhar dinheiro, mas para tentar fazer com as pessoas fossem um pouco mais conscientes de seu papel na sociedade.

Ele foi uma das maiores influências para mim, tanto como pessoa quanto como artista, pois suas músicas sempre me fascinaram de forma ímpar, comovendo-me como nenhum outro músico conseguiu até hoje.

Para nós, e para a História, fica como legado a belíssima arte desse verdadeiro artista (para os poucos que têm conhecimento dela, infelizmente) e o exemplo perfeito de alguém que não veio ao mundo a passeio e que não orbitava em torno do próprio umbigo.


Adeus, Redson!
E obrigado por tudo!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Processo

Eu penso e sinto
Coisas que eu quero organizar,
Coisas que eu quero imortalizar,
Coisas que eu quero valorizar.

Então, lanço minhas vivências sobre o papel,
Tentando ser prestativo como o azul do céu,
Trocando ideias que nem eu mesmo entendo,
Fazendo com que mutantes continuem vivendo.

Assim, recheio o mundo de reflexões,
Em meio a um universo de opiniões,
Onde procuro o meu lugar no espaço,
E onde, aos poucos, eu me despedaço.


MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Este poema fala sobre o processo de criação da minha poesia - pelo menos aquele que ocorria em 2008. Eu colocava no papel todos os pensamentos e insights que desejava organizar (para entender), imortalizar (para deixar minha marca no mundo) e valorizar (para não jogar fora meu trabalho artístico).

É mais ou menos isso...
Até mais ver!