sexta-feira, 4 de novembro de 2011

POESIA COTIDIANA 01 – FIOS DE COBRE

[...]

(tu-tu-tu-tu-tu...)

- Droga! Deve tá na internet!

{5 minutos depois}

(tu-tu-tu-tu-tu...)

- Ah! Esperei poco!

{30 minutos depois}

(tuuu... tuuu...)

- Alô!?

- Aê! Consegui falá contigo!

[...]


MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Os três poemas que publiquei na obra "Humano Impresso" sob o título de "Poesia Cotidiana" resultaram de uma experiência frustrada. Eu quis retratar simples fatos cotidianos apropriando-me de sinais gráficos e figuras de linguagem, de modo a dar a esses acontecimentos uma cara de poesia. No entanto, após a publicação do livro, notei que as pessoas não entendem e/ou não gostam desses poemas. E eu, acertadamente, não persisti no erro de tentar criar mais textos desse feitio. Mesmo assim, irei postá-los aqui.


O texto "Fios de cobre" apresenta uma situação onde um interlocutor está fazendo uma ligação via telefone fixo para outro indivíduo, porém, não consegue concretizá-la, porque o destinatário estava conectado na internet - segundo as deduções do interlocutor que efetuou a chamada.


Por um lado, esse poema é histórico, já que registra o que normalmente ocorria no tempo da internet discada, uma tecnologia ultrapassada atualmente. Mas, por outro, não tem qualquer relevância dentro da literatura (pelo visto), sendo apenas um modesto gracejo infeliz dentro de uma pretensa obra literária.


Bem, é isso.

Até mais, pessoal!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Criançada

Menininho
Sai correndo,
Cai de boca.
Vai chorar!

Menininho
Se esconde
Atrás da porta.
Vai sorrir!

Menininho
Está andando
De balanço.
Vai pular!

Menininho
Vai brincando,
Vai sorrindo.
Ele é feliz.


MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


O poema "Criançada" foi a minha primeira tentativa de escrever algo voltado às crianças. (Eu não poderia postá-lo em um dia melhor, já que hoje é o Dia da Criança. E confesso que foi mero acaso.) Nele, tentei alcançar uma espécie de musicalidade típica das cirandas e de outras canções destinadas ao público infantil. E, em termos de conteúdo, tentei retratar o comportamento de uma criança ideal (no sentido de idealizada), que cai e se levanta logo em seguida, que está sempre correndo e emanando energia, que sonha e sorri a todo instante. É, em suma, um pequeno indivíduo que sintetiza e personifica a ideia que todo o adulto tem de infância, o qual é aquele período em que não há problemas e nostalgia, apenas descobertas e expectativa.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Postagem extremamente triste...

Hoje irei utilizar o blog para dar uma notícia brutalmente triste: na terça-feira, dia 27/09/2011, morreu Edson "Redson" Lopes Pozzi, guitarrista, vocalista e fundador da banda paulista Cólera, uma das melhores do mundo na minha modesta opinião.

Redson, que estava com 49 anos, era um dos maiores gênios que já surgiram no país, apesar de não ser reconhecido como tal. Não fazia músicas para ganhar dinheiro, mas para tentar fazer com as pessoas fossem um pouco mais conscientes de seu papel na sociedade.

Ele foi uma das maiores influências para mim, tanto como pessoa quanto como artista, pois suas músicas sempre me fascinaram de forma ímpar, comovendo-me como nenhum outro músico conseguiu até hoje.

Para nós, e para a História, fica como legado a belíssima arte desse verdadeiro artista (para os poucos que têm conhecimento dela, infelizmente) e o exemplo perfeito de alguém que não veio ao mundo a passeio e que não orbitava em torno do próprio umbigo.


Adeus, Redson!
E obrigado por tudo!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Processo

Eu penso e sinto
Coisas que eu quero organizar,
Coisas que eu quero imortalizar,
Coisas que eu quero valorizar.

Então, lanço minhas vivências sobre o papel,
Tentando ser prestativo como o azul do céu,
Trocando ideias que nem eu mesmo entendo,
Fazendo com que mutantes continuem vivendo.

Assim, recheio o mundo de reflexões,
Em meio a um universo de opiniões,
Onde procuro o meu lugar no espaço,
E onde, aos poucos, eu me despedaço.


MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Este poema fala sobre o processo de criação da minha poesia - pelo menos aquele que ocorria em 2008. Eu colocava no papel todos os pensamentos e insights que desejava organizar (para entender), imortalizar (para deixar minha marca no mundo) e valorizar (para não jogar fora meu trabalho artístico).

É mais ou menos isso...
Até mais ver!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Classe média

Acorda cedo
De um sono frustrado
Rodeado de medos
E de sonhos castrados

Chega na empresa
Já está estressado
Coloca-se à mesa
Pensando no tráfego

Alucinado pelo café
Fiel amigo no desespero
Ele sabe que pode ter fé
Pois Deus lhe deu um emprego

O serviço é turbulento
E ele deve produzir
Pois precisa garantir
O seu modo de sustento

[...]

O dia foi torturante
O trabalho foi estressante
A dor já não quer acabar
E o humor já não quer desabrochar

Ele chegou em casa
Depois de perder dois turnos
Só pensando em sua desgraça
Embriagando-se de ares soturnos

Não sabe mais o que fazer
Já não lhe resta tempo para pensar
Faz as contas do próximo mês
Percebe que o salário não vai durar...

Nem salvar a sua vida
Nem trazer sua felicidade
Nem divertir os seus dias
Nem recompor sua liberdade

Então, ele dorme
Ou... tenta dormir
Pois o sono lhe foge
Não lhe deixa sumir

Por isso adormece
Quando já é outro dia
Mas nunca se esquece
De fantasiar com magia



MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Eu adorava o poema "Classe média" até algum tempo atrás, pois tinha conseguido expressar nesse texto tudo aquilo que desejava: elaborar uma espécie de poema-narrativa, onde fosse retratado o cotidiano do homem moderno comum. Porém, revendo o resultado agora, não seria algo que eu escreveria e publicaria atualmente... (Não sei. Acho que perdi a graça - embora continue acreditando nas palavras que coloquei nos versos acima.)

***

Tanto o primeiro quanto o segundo livros são precariamente escritos, apesar de sugerirem reflexões extremamente válidas - o que me deixa muito feliz. Posso até não concordar nos dias de hoje com inúmeras ideias que desenvolvi nessas obras, mas é preciso admitir, humildemente, que, pelo menos, são volumes de conteúdo, que convidam a pensar.

Até a próxima postagem, pessoal!