terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sem suporte

Você quer o que desconhece
Você desconhece o que você quer
Você não sabe como lidar com isso
Você não quer correr esse risco

Agarre com alma
Dedique sua vida
Agarre sua chance
Dedique seu sangue

Poças d’água não movem moinhos
Mas faça com que parem os moinhos do tempo
Persista no momento / Não deixe passar
Não permita que o vento / Insista em levar



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Esse poema mostra muito do que fui como indivíduo nos anos em que escrevi o “Humano Expresso”. Naquele tempo, eu sempre queria conquistar coisas teoricamente impossíveis. Uma delas era a publicação de um livro. Não sabia como fazer isso, a quem recorrer, aonde ir. Então, por diversas vezes caminhei pelas ruas de Erechim, com uma pasta em que constava o meu projeto de obra, em busca de informações. E, quando tudo aconteceu, foi de uma maneira inesperada, espontânea e sem medo, assim como todas as grandes conquistas da minha vida.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Namorado chiclete

Ela me mascou
Ela me usou
Depois ela cuspiu

Ela me pisou
Ela me arrastou
Depois ela sumiu



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


“Namorado chiclete” é um poema extremamente simples pelo qual eu tenho uma enorme simpatia, pois é engraçado e criativo – sem fazer muita força.

Fi-lo (“Fi-lo” é brabo. É mais antigo do que o “Fi-lo porque qui-lo.”, mas creio que essa ainda é a forma correta de se fazer tal concordância.) baseado na ideia-clichê dos namorados chiclete, que são aqueles que não desgrudam de seus queridos. Porém, inverti um pouco as coisas na minha versão da historinha, tendo em vista que, nela, comparo os namorados chiclete com chicletes mesmo – o que dá todo o tom da micro-narrativa.

***

E aí, gostaram?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cadê a democracia?

O Brasil é um país dito democrático, onde o povo teoricamente escolhe quem são seus governantes (ou opressores). A cada dois anos os brasileiros são obrigados a participar da “Festa da Democracia”. No entanto, o que ocorre parece mais uma ditadura enrustida.

Já no Horário Eleitoral Gratuito, tão aguardado pelas pessoas, pode-se perceber a gigantesca desigualdade existente entre os poderes partidários. Os partidos maiores possuem propagandas enormes e vistosas, dignas de encher os olhos de qualquer um, enquanto que os partidos menores possuem propagandas insignificantes e precárias, dignas da pena de qualquer um. (E, detalhe: muitas dessas legendas minúsculas dedicam a maior parte de seu tempo a questionar a limpeza dos bastidores da publicidade política – e isso basta para fazer valer a sua campanha.)

Há também o caso das pesquisas de intenção de voto, de utilidade discutível. Durante o período eleitoral os indivíduos são bombardeados por essas estatísticas, feitas pelos órgãos mais “ficha limpa” do país e tratadas com ares de necessidade pelos veículos de comunicação (ou manipulação). Porém, o resultado dessas investigações acaba com as chances (que já eram poucas) das siglas pequenas, pois muitos daqueles que iriam apostar nos políticos underground decidem, no fim das contas, não votar nos mesmos, tendo em vista que isso significaria anular o voto, uma escolha que poucos fizeram até hoje.

Sabe-se que o ser humano é guiado pela imagem e pelo grupo. O que a imagem (os vídeos feitos metodicamente para os candidatos) e o grupo (as pesquisas que apontam a intenção da maioria) mandam fazer, o brasileiro, um cidadão com pouca instrução crítica, faz – realizando os desejos daqueles que “mechem os pauzinhos”.

Então, é possível perceber que as eleições brasileiras, vendidas como transparentes e imparciais, pouco têm de limpinhas e bonitinhas, uma vez que só favorecem os interesses do sistema, o que não é nenhuma novidade para esta nação.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Humanotário

Para que cuspir idéias
Se as certezas se esvaem?
Necessidade humanotária
Ego longo e pavio curto

As palavras reproduzidas
Partem sempre de pressupostos inúteis
As palavras inúteis
Partem sempre de suposições reproduzidas

Nada é criado
Tudo é reproduzido
Tudo sempre existiu
E o nada me possuiu

Tudo parece criado
Pois nunca soubemos nada
Viver é como ler um texto
Só absorvemos o que é pretexto

Folhando e vivendo
Aprendendo e descobrindo
Letra por letra
Descoberta por descoberta



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


"Humanotário" é um poema que eu considerava bastante bom. Hoje passei a achá-lo bem podrinho. Mas vale a postagem pelo seu conteúdo. Basicamente ele fala sobre a inutilidade da reflexão humana, tendo em vista que em verdade não estamos evoluindo, como a maioria pensa.

"Ego longo e pavio curto", esse verso valoriza o todo, pois denuncia a essência do homem, da qual ele nunca fugirá: é um ser orgulhoso e violento. E qualquer um fica tomado por um vazio (um nada) quando se dá em conta de que, no fim das contas, nada vale a pena - a não ser o básico do ser humano, o amor.

Por fim, como os caras da banda Karne Krua colocaram em uma de suas músicas, "o homem tem o poder e pensa que tem a verdade; acha que está correto e, assim, vai pastando."

Até mais!