quinta-feira, 17 de abril de 2014

Floricultura

A bromélia morreu.
E, junto com ela,
A minha paixão por Margarida.

Joguei a rosa fora,
Mas fiquei com os espinhos.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 46.)


O poema "Floricultura" é um dos meus favoritos. Elaborado com poucos versos, esse texto permite diversas interpretações, de acordo com a capacidade e os conhecimentos de cada leitor.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A lamentável busca de Fulano pela plenitude...

A Vida só reservava para Fulano
caminhos bloqueados, ruas
sem fim, linhas ocupadas...
Enfim, corações acomodados.

Assim, ele ia seguindo, não sei
se em frente, sempre sozinho...

Mas, quanto mais passos dava,
mais o tempo passava...
E, desse modo, a vida de Fulano:
era uma eterna busca
que não resultava em ouro;
era uma eterna caminhada
que não levava a lugar algum;
era uma série de tentativas
com fracassados investimentos...

Por isso, não era um homem
pleno. Sentia-se vazio, frustrado,
cansado, sem nada a perder...


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 45.)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Ante

Atacante é aquele
Que ataca.

Importante é aquele
Que importa.

Mas...

Amante é aquele
Que ama?

Ignorante é aquele
Que ignora?

Ou...

Amante é aquele
Que é amado,
E ignorante é aquele
Que é ignorado?

Talvez os dois,
Talvez nenhum...


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 43.)

Um Sancho Sem Pança

Eu estava voltando do supermercado, repleto de guloseimas. Passei por um miserável da pior espécie. Há duas formas de se ser um miserável: você pode ser uma péssima pessoa ou pode estar bem abaixo da linha da pobreza. E o senhor que avistei era do tipo que não tinha nem um centavo nos bolsos, o que é realmente terrível para ele (e para a humanidade). Atrás desse homem, que puxava um enorme carrinho de recicláveis, vinha o seu fiel escudeiro, um surrado cão manquitolante.

Então, lembrei-me da Nina, a minha adorável cachorrinha mimada, a qual agrado o máximo possível (dentro das minhas parcas possibilidades). Ela, irracional que é, provavelmente não tem conhecimento sobre as racionais diferenças criadas pelo sábio ser humano, que se acha o dono do mundo por ter a capacidade de falar e de cometer maldades.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Aprendendo a viver

Eu nunca esqueci dos conselhos do meu pai
Quando ele me ensinava sobre as coisas do mundo:

- Procure manter o equilíbrio para seguir em frente.
- Nade contra a correnteza se você estiver sendo levado.

Assim, eu aprendi a andar de bicicleta,
A nadar e a tomar cuidado com estranhos.


(MENDEL, G.M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 42)