quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Apelo moral

Ele vem assim,
Meio que de repente,
Só para me reprimir
Quando fujo do meu senso.

Então, permanece ali,
Até poder perceber
Que consegui suprimir
Aquela falta de freios.

É o golpe de consciência,
Que não permite voos livres,
Mas que sempre me sustenta
Como se eu fosse uma pandorga.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 15.)


Escrevi "apelo moral", assim como alguns outros poemas da obra "Sobretudo", pensando na importância que a consciência tem em minha vida. Acredito que o indivíduo que ouve a sua consciência e, desse modo, mede a consequência de seus atos tem mais chances de se tornar uma pessoa melhor - e não apenas mais um idiota em meio a tantos que se vê por aí. Infelizmente, poucas pessoas ouvem a sua consciência, bem como são em número reduzido aquelas que pensam nos outros (sejam eles animais ou pessoas). Porque, atualmente, vivemos numa sociedade egoísta e fútil, em que os valores morais estão se perdendo completamente. Em qualquer lugar, são mais valorizados os indivíduos falsos e bajuladores do que aqueles que somente tentam fazer a sua parte bem feita e de maneira honesta. 

***

Finalizando, sei que não sou a melhor pessoa do mundo. Porém, pelo menos, tenho alguma dose de autocrítica (e isso me deixa maluco às vezes).

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sanguessugas

Sanguessugas:
Cuidado com elas!
Basta você crescer um bocadinho
Que elas já te miram,
Te pulam em cima
E te sugam o sangue,
Até a última gota.

E depois de terem sugado a tua força
Elas te pisam na cara –
Só para terem certeza 
De que você não criará problemas.

***

Isso pode não ser um poema,
Mas, pelo menos,
É uma verdade.
É um alerta de amigo!

E, como dizem por aí:
“O mundo é dos vivos!”
Então...
Tome cuidado com eles!


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 13.)


O poema "Sanguessugas" refere-se aos indivíduos que desejam se aproveitar dos outros, absorvendo e usando tudo aquilo que considerarem útil nas pessoas e jogando no lixo o que restar. E, em verdade, o ato de usar o outro é a essência das relações humanas. Nós sempre usamos o próximo, seja para satisfazer um prazer, para acabar com a solidão, para conseguir uma informação, para nos afirmarmos como indivíduos, para aprendermos algo, entre outras situações.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pela arte de Marte

Eu luto, cada vez mais,
Pela arte de Marte:
Do planeta da sorte,
Não da estrela da morte!
Porque a da Terra se enterra,
Num furo sem futuro,
Com perdas morais.

Pois, nesse mundo imundo,
A paz não é capaz,
Da floresta nada resta,
Dinheiro é companheiro,
Beleza é impureza,
E o homem?
O homem não merece rimar com nada!


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 12.)


"Pela arte de Marte" fala, sobretudo, sobre a minha descrença no ser humano, porque não valoriza a arte de qualidade, a qual permanece clandestina ao grande público, sendo a cultura difundida ao povo alienante e manipuladora. E esse é um contexto bastante interessante para o sistema capitalista, já que dispõe de pessoas ignorantes e passivas para usar (e não de  indivíduos sábios e questionadores, que poderiam causar problemas). Além disso, o homem transforma esse mundo em um imundo, repleto de violência, destruição, injustiças, crueldade, entre outras coisas. Desse modo, essa gente não merece rimar com nada.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Osmose Inversa

Todo o ser humano
Faz uma osmose inversa:
Passa do meio menos concentrado
Para o mais concentrado.

Eu não!
Sempre sigo as leis da ciência:
Passo do meio mais concentrado
Para o menos concentrado.

***

Todo o ser humano
Tem medo da solidão.
Ela é muito perigosa
E revela vários monstros!

Eu não!
Não tenho medo dela!
Pois cresci só,
E, assim, eu só cresci.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 11.)


"Osmose Inversa" é o primeiro poema do livro "Sobretudo", minha última obra publicada até o momento. Nesse texto comento sobre a necessidade de alguma solidão para a verdadeira descoberta interior. Faço isso comparando os movimentos humanos com a osmose, conteúdo que aprendi vagamente durante o Ensino Médio.

FIM!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Assim que chutei uma pedra, encontrei inúmeros iguais a mim, iludidos ou ignorados...

Em qualquer sala de aula tem gente escrevendo poesia. Em qualquer bairro, comunidade, distrito ou viela, por mais insignificante que seja, tem gente escrevendo poesia. Isso é estranho, porque ninguém mais valoriza a poesia, ninguém entende nada sobre poesia, mas uma incontável multidão de indivíduos escreve poemas. 

Todos esses escritores (na maioria das vezes informais) seriam poetas não reconhecidos pela sociedade cultural e pelo mercado editorial (que nem pensa mais em poesia, já que poemas não são produtos de fácil comercialização)? Ou poucos deles seriam realmente poetas, no verdadeiro sentido da palavra?

Quando comecei a escrever poesia, aos 15 anos, usava tal atividade como válvula de escape. Depositava ali todos os meus problemas e desabafos, imaginando que estava escrevendo algo bastante importante e exclusivo. E é o que a maioria dos poetas atualmente faz. Embora tenha muita gente que escreva poesia só para aparecer. Tem gente que fala sobre flores, tem gente que fala sobre amor, tem gente que fala sobre sexo... A gama de assuntos é bem variada. E não importa a qualidade desses textos. Quem mais trabalha as relações sociais é quem mais vende livros*. (* Existem também aqueles escritores de internet, que têm uma imensa produção virtual e não têm nada publicado no papel.)

Refletindo sobre essas questões, fico procurando o meu lugar: 
- Será que sou um dos poucos bons poetas, criando textos de real qualidade?
- Será que sou apenas mais um dos inúmeros que pensa ser um grande escritor?
- Será que meus livros têm valor ou apenas fiz papel de idiota, gastando um dinheiro que eu nem tenho?

Sem conseguir responder a qualquer uma dessas perguntas, o fato é que lançarei o meu próximo livro ainda neste ano (assim espero). E, embora esteja evoluindo muito como poeta, no presente momento não sei qual será o sentido mais coerente dessa produção, se será somente a minha quarta obra ou se será a última. Enfim, erro ou não, uma vez dado o primeiro passo com o "Humano Expresso", agora devo continuar a caminhada.