sábado, 12 de dezembro de 2015

Samba triste ao porvir (17/05/2011)

Tenho saudade daquilo
Que não vivi.
Acho que a vida
Está cada vez pior.
Busco esperança
Num amor
Forte e profundo.
E me preparo
Pras desgraças
Do futuro.

Hoje as mães
Já não acalentam mais.
E nossos filhos são bastardos
De aventuras.
Ninguém trabalha,
Todos ganham um emprego.
Passar a perna é o segredo
Do sucesso.

E o buraco fica
Cada vez mais fundo.
E a natureza fica
Cada vez mais fula.
Cada um cuida
Da sua própria sepultura
E vai matando
O amanhã de seus filhos.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)



O nome desse poema é "Samba triste ao porvir" pois, assim como outro(s) texto(s) de minha autoria, surgiu como uma letra para um samba de raiz. (Nesse caso, como um samba carioca.) E, já que sou musicalmente incompetente, transformo algumas das canções que componho em poesia.

sábado, 28 de novembro de 2015

Sobre o amor e as aventuras (15/04/2011)

O rodízio é tentador –
Mas é mais caro
Do que a comidinha caseira.

A comidinha caseira é trivial,
Porém, certeira, confortável
E feita com amor.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Personagem complexo (15/04/2011)

O Eu
É um personagem complexo,
Definitivamente mascarado,
Que entra em cena
Quando se está dormindo.
Quando se está acordado,
Surge um desconhecido.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Aprenda 2 (13/04/2011)

Às vezes o cego enxerga mais
Do que o homem comum.

Às vezes o mudo fala mais
Do que o homem comum.

Às vezes o surdo ouve mais
Do que o homem comum.

Às vezes a humilde brita
Traz mais felicidade
Do que a pepita de ouro.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)



"Aprenda 2" é uma espécie de sequência do poema "Aprenda", publicado na obra "Sobretudo":



APRENDA

Os mudos são mais humildes.
Os surdos têm mais cumplicidade.
Os cegos discriminam muito menos.

E...

Os humildes são mais mudos.
Os cúmplices são mais surdos.
Os discriminadores são mais cegos.



(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 31.)

terça-feira, 6 de outubro de 2015

A grama do vizinho (12/04/2011)

A grama do vizinho é mais verde,
Mais parelha e mais macia.
Porém, na minha seca e velha grama,
Posso soltar meus cães à vontade.

***

A grama do vizinho é mais verde
Apenas porque não preciso cuidá-la.
A grama do vizinho é mais verde
Só quando posso admirá-la.

A grama do vizinho é mais verde.
Mas não é a minha...



(MENDEL, Guilherme M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.) 

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Enjoo (08/04/2011)

Todos se cansam
De sentir o mesmo perfume
Todos os dias

Todos se cansam
De ver a mesma borboleta
Pousar sobre o seu colo
Todos os dias

Todos se cansam
De admirar a mesma flor
Todos os dias

Todos se cansam
De comer o mesmo prato
De comer do mesmo prato
Todos os dias

Todos se cansam
De não fazer nada...

...Diferente...

Pois
Até o perfume favorito,
A mais bela borboleta,
A rosa mais cheirosa,
O prato preferido,
Algum dia,
Causam enjoo



(MENDEL, Guilherme M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Na ponta do lápis (07/04/2011)

O lápis ficou
Desapontado
Com a brancura
Da folha vazia.

Então,
Assassinou o escritor desinspirado,
Tingindo de tinta rubra e natural
A alvura do tal papel.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

domingo, 16 de agosto de 2015

Sobre a sociedade e a saciedade (07/04/2011)

A sociedade diz:
É retardado aquele
Que se dedica
A um só amor.
É retardado aquele
Que,
Diante de um ente bonito –
E não de um ente querido –,
Torna-se um traidor.

Eu
Continuo retardando o passo
Frente a essa
Retardada sociedade avançada,
Que transforma ego e vaidade
Em contratos sociais.



(MENDEL, Guilherme M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Amor in natura (14/12/2010)

Enquanto estou fora de órbita,
Fugindo da temida rotina,
CHOVE, suave e continuamente.
São as lágrimas da minh’alma gêmea,
Que ficou presa à realidade,
A construir por nós,
Atando com nós,
Nosso futuro a sós.

Todavia, quando eu voltar para lá,
O sol de novo irá brotar,
Coroando nosso amor-mor
Tão desejado por Deus-destino.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

terça-feira, 30 de junho de 2015

A veia véia (21/11/2010)

A velha,
Que ontem era “véia”,
Hoje é veia,
Mas continua sendo idosa.


(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)


Este poema parece (e é) bem infeliz. Quando o escrevi, pensei em fazer algum jogo de palavras que envolvesse a reforma ortográfica da Língua Portuguesa, o que resultou em um texto quase sem sentido e linguisticamente feio. Contudo, com esses poucos versos, pretendia mostrar que, além de não apresentar fundamento algum, a dita mudança só confunde quem vai escrever, pois os erros só aumentaram após o seu surgimento.

Como professor de Língua Portuguesa, percebo que, por medo de se equivocar e pelo uso frequente da escrita no meio digital, que tem suas regras (ou a falta delas) particulares, as pessoas não estão mais usando quaisquer acentos, o que considero bastante triste e grave.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Mais um dia

Estou deitado em minha cama
Esperando o Sol se pôr:
Mais um dia exilado
Remoendo a minha dor.

Sem saber aonde chegar
Resta agora o meu quarto:
Conversando com as paredes
Pode ser que me encontre.

Agora veio a noite...

O estresse toma conta
De todos aqueles que fazem...
E a depressão dedura
Os que não têm o que fazer.

Basta esperar um novo dia
Com costumes e obrigações,
Mesmas crenças e opiniões,
E destaque aos destacáveis.

***

Porém, eu saio a vagar
Para ver somente isto:
Rapazes vazios e garotas-vitrine
Querendo provar sua emancipação.
_____________________________

Com "Mais um dia" concluo os poemas que resgatei dentre os meus primeiros escritos. Esse texto, na minha opinião, é um dos que mais têm valor em meio à minha precária produção inicial.

Em seguida, começarei a postar os poemas do meu último livro, chamado "Entretanto".

sábado, 16 de maio de 2015

Holocausto Próprio

Um momento iluminado
Esvaiu-se com um grito.
Sumiram os meus traços,
Meu coração foi ao delírio.

Já não tenho mais imagem
Nem tampouco personagem.
Só o que resta é um corpo liso -
Já perdi todo o meu siso.

O horizonte se apagou,
Também a luz no fim do túnel.
Teu semblante me afagou
Pra eu não crer ser um inútil.

sábado, 2 de maio de 2015

Contudo

Teu sorriso hipnotiza,
Apaixona e aprisiona
Todo homem que encontrar
Todo o céu no teu olhar.

Contudo,

Várias vezes pude presenciar
Tua alma sorrindo melosa
Diante de mentes proveitosas -
Agravando a minha solidão.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Fervente

Parada, em movimento,
Em profunda ebulição,
Minha cabeça vai ruindo,
Irá pausar meu coração.

Não entendo as mensagens,
Já que não sei viver.
Assim tenho coragem
Pra lutar sem esquecer.

Entristeço a minha face
Quando a vejo defronte a mim.
Enriqueço a minha mente
Quando sinto que não há fim.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Esboço de Vida

Postarei em sequência os cinco poemas que publiquei em uma antologia de uma entidade cultural erechinense do qual eu participava. Os textos que selecionei para essa miscelânea lançada em 2010 foram resgatados dentre os meus primeiros escritos, do tempo em que eu ainda era um adolescente inexperiente e sonhador. Eles estavam em meio aos poemas que não fizeram parte do primeiro livro e seriam jogados fora. Contudo, em uma última leitura antes de descartá-los, percebi o seu potencial, dei uma reformada nos cinco e os eternizei na referida coletânea de artistas locais.



ESBOÇO DE VIDA

Correndo numa esteira elétrica
Ele quer fugir do que o cerca
Velejando numa rasa banheira
Está à procura de novas fronteiras

Nadando em meio à lama
Afoga-se em si mesmo
Dizendo, enfim, que ama
Quem o gerou a esmo

Feito uma criança perdida
Tentando entender os meios
Trabalha pra pagar a fiança
Que o liberte de seus freios

sábado, 21 de março de 2015

Pensamento 12

12- As pessoas se esforçam para serem sujeitos, mas conseguem ser apenas meros objetos. Sonham em condicionar, mas são condicionadas.


Aqui termina a obra "Sobretudo". A partir do próximo post, passarei a atualizar o blog com poemas de uma antologia do qual participei.

sexta-feira, 6 de março de 2015

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

sábado, 10 de janeiro de 2015

sábado, 3 de janeiro de 2015

Pensamento 06

06- Sempre quando quero aprender sobre a raça humana eu observo o comportamento dos animais e o modo como as coisas funcionam na natureza.