sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Itaporaí

Itaporaí era uma cidadezinha do interior.

Mas só era;
Agora já não é mais!
E se foi Itaporaí...

Suas raízes,
Sua cultura
E seu povo
Não resistiram aos
Tentáculos perversos
Da tal globalização.
E a vida moderninha
Devorou Itaporaí.

Itaporaí seu povo;
Não mais sua cultura.

Pois, as pessoas
Estão por aí...
Em cidades adequadas,
Que têm suporte técnico.


(BACCA, A. A.; GONÇALVES, C.. Poesia do Brasil. Vol. 8. Bento Gonçalves-RS: Grafite, 2008. p. 188)

Olá!

A partir de agora irei postar os poemas que publiquei na antologia "Poesia do Brasil - Volume 8", realizada em 2008, em referência ao XVI Congresso Brasileiro de Poesia, ocorrido em Bento Gonçalves. No trabalho supracitado, inseri cinco textos previamente selecionados para integrar o livro "Sobretudo". Este, "Itaporaí", escrevi pensando no papel das pequenas cidades nas últimas décadas, que, ao invés de crescerem e se desenvolverem, estão, no máximo, mantendo-se na mesma proporção, uma vez que seus habitantes procuram municípios com mais estrutura. É assim que esses lugarejos "insignificantes" (entre aspas, já que não é a minha opinião) permanecem sem médicos, professores, entre outras funções essenciais.

LEVADO - Poema Solto 14 (23/11/2007)

O que leva uma pessoa
A achar que sabe?

O que leva uma pessoa
A achar que pode?

O que leva uma pessoa?

Eu não sei...

Mas todos são levados a...


(MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008. p. 71)


Voltando a comentar...

Sempre achei este poema prestável. Ele é bem simples, mas muito significativo, pois retrata fielmente o comportamento das pessoas nos últimos tempos.

Pronto.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Sobre a educação escolar

Eu sou um professor de Ensino Fundamental e sei muito bem de todas as questões que estão presentes na prática escolar. Sabe-se que as instituições escolares não estão alcançando os resultados esperados por parte dela e, em virtude disso, pessoas de todas as áreas estão apontando o dedo para muita gente, querendo colocar a culpa pelos maus resultados nos professores, nos pais, nos alunos, nos cúrrículos, no sistema. Na minha modesta opinião, a escola é o reflexo da sociedade e, se a sociedade está doente, a escola também estará. 
 
Atualmente, a sociedade confunde liberdade com libertinagem. As pessoas estão vivendo numa espécie de clima pré-apocalíptico, pois importam-se apenas consigo mesmas, sem respeitar aquilo e aqueles que as rodeiam. Parece que estão aproveitando o seu último dia de vida, no qual é preciso realizar tudo aquilo que se deseja, sem se preocupar com o dia seguinte.

Eis o panorama que vem à minha cabeça: Não importam os valores morais, o importante é aparecer. Não importa a bagagem cultural, o importante é a quantidade de pessoas que se conhece - seja pessoalmente ou não. Não importam as famílias, o importante é o que eu tenho para mostrar e, por conta disso, conquistar novas relações. O número de artistas em evidência é o maior da história, mas nunca houve tão pouca qualidade cultural. O número de filmes lançados por ano é o maior da história, mas são raros os realmente bons. O número de novidades tecnológicas é o maior da história, mas a sociedade não precisa de verdade de tablets, celulares 10 em 1, etc. É cada vez maior o número de redes sociais, mas é cada vez menor o número de amigos verdadeiros. Antigamente, era proibido beijar nos filmes; hoje, as cenas de sexo são indispensáveis. Antigamente, era preciso adicionar poesia nas composições musicais; hoje, é preciso falar em sexo, drogas e adicionar monossílabos tribais nas "músicas". Antigamente, era preciso ter cuidado com a única muda de roupa, com o único par de sapatos que se tinha; hoje, é preciso ter todos os tênis e as roupas da moda. Antigamente, era indispensável ter valores morais; hoje, é indispensável melhorar a imagem, a qualquer custo. Antigamente, os alunos precisavam batalhar muito para ganhar um doce dos pais; hoje, alunos repetentes têm os videogames mais caros para jogarem à vontade e os celulares mais completos de sua época. Antigamente, os pais acompanhavam o desempenho escolar dos filhos, inclusive auxiliando no dever de casa; hoje, os "pais" só têm filhos para verem com que cara saem e, em seguida, jogar para as babás, para as creches, para as escolas. Antigamente, os jovens escutavam Cazuza, Legião Urbana, Nirvana; hoje, escutam Michel Teló, Psy, Beyoncé.  Antigamente, os jovens assistiam a "À espera de um milagre"; hoje, assistem a "Velozes e Furiosos". Antigamente, cinema brasileiro era Mazzaropi, com sua crítica social e humor decente; hoje, cinema nacional é... eu não sei mais o que é o cinema nacional, só sei que tem palavrão e sexo. Antigamente, os estudantes saíam para as ruas, para lutar por justiça; hoje, os estudantes continuam saindo para as ruas, para matar aula. Antigamente, professor era uma autoridade; hoje, professor é um bandido opressor. Antigamente, sexo era "Cine Privé", um programa que era transmitido nas madrugadas da TV aberta; hoje, o sexo explícito, com todas as suas ramificações, está acessível a todos, a qualquer hora, bastando digitar algumas simples palavras no Google. Pessoas que estudam durante anos para conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho têm de se contentar com um salário miserável e com condições precárias de trabalho, enquanto traficantes e políticos corruptos estão milionários.
 
Enfim, numa sociedade onde tudo o que é errado é bonito, o verdadeiro professor é apenas um grão de areia no meio do lixão.

ÓCULOS DE SOL - Poema Solto 13 (06/11/2007)

O poema "Óculos de Sol" sempre foi um dos meus preferidos, pois é simples, natural e bastante filosófico, que são as principais características que norteiam a minha arte e, também, aquilo que eu espero para a minha vida.
 
 
Óculos de Sol
 
 
Eu conheço uma menina
Que só sai de casa
Usando óculos de sol.
 
Com os óculos de sol
Ela se sente mais segura,
Ela se sente à altura,
Ela muda de figura.
 
Ela tem o maior medo
De que roubem aqueles óculos.
 
Ela se sentiria nua,
Duma nudez desconfortável;
Contrária àquela
Que ela quer experimentar.
 
Eu conheço uma menina
Que só sai de casa
Usando óculos de sol.
 
Com os óculos de sol
Ela se sente mais segura,
Ela se sente à altura,
Ela muda de figura...
...mas os rapazes não a sentem.
 
(MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.)


Novidades

Olá!
Algumas pessoas podem achar que eu estou sumindo, tendo em vista que, desde 2010, não publico mais livros e, gradativamente, estou abandonando o blog. Mas eu não desisti de escrever poemas nem aposentei o meu blog, uma vez que ainda anoto um ou outro texto que me surge ocasionalmente. E, assim que houver uma boa quantidade de títulos, prometo publicar um novo livro.
É isso.
Até mais!