sexta-feira, 1 de abril de 2011

Poesia: por que não?

Normalmente, as pessoas com quem eu falo afirmam que não gostam de poesia. Porém, não é que elas simplesmente não gostem de poesia. Em verdade, esses que torcem o nariz para tal gênero sentem medo dele, pois não o entendem.


A poesia tem menos recursos linguísticos (pistas) que facilitem a interpretação do que qualquer texto em prosa. Ou seja, além de tradicionalmente ser elaborada com menos palavras, as que são escolhidas são posicionadas de modo a serem transformadas, a se tornarem multifacetadas.


Assim, os poemas estão para seus possíveis leitores como Gulliver para os lilliputianos. E, por conta disso, eles têm em mente que é preciso ser um Hércules para derrotar os titãs, que é preciso ser um Édipo para decifrar o enigma da esfinge, que apenas uns poucos escolhidos têm os poderes necessários para tirar bom proveito da poesia.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Meu medo é mesmo cego!

O medo que eu tenho
É o mesmo que o seu
O mesmo que eu sou
É o medo que eu tenho

Eu tenho o mesmo medo
Que você me ensinou
Eu temo tudo aquilo
Que o tempo esqueceu

Meu medo é tão cego
Que não pode enxergar
A causa desse medo
Que a cegueira enviou

É fácil ter um medo
Quando o medo quer você
É fácil ser um cego
Quando a vida é sem porquê


MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Eu gosto desse poema, porque é um texto jocoso, mas profundo. Só que não vou cometer o crime de interpretá-lo, pois isso acabaria com a riqueza dessas estrofes. Enfim, acredito que fui infinitamente feliz na construção desse poema - surgido com certa naturalidade. Simplesmente veio... e o meu trabalho foi apenas o de transcrevê-lo para o papel. É assim que surgem os melhores poemas, as melhores ideias, as melhores iniciativas.

Espero que todos tenham gostado e compreendido as mensagens explícitas e implícitas nesses versos.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Problemas

Problemas me assombram!
Não me deixam dormir.

Problemas me arrastam
Para um lugar sem mim.

Problemas me afogam!
Não me deixam existir.

Problemas são só problemas!
O que me faz ser assim?



MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Esse é outro poema que nasceu como música. Em seu formato original, tinha inclusive uma melodia bastante interessante.

Porém, levando em conta o meu insucesso como músico e, estudando a carreira que eu estava (estou) construindo como poeta, percebi que essa composição daria um bom poema. Por isso, lancei mais uma letra de música como poema. E espero que tenha tomado uma decisão acertada.

terça-feira, 1 de março de 2011

O lado bom da vida

O lado bom da vida é viver!
Sobreviver fazendo o que se gosta.

O lado bom da vida é sonhar!
Para esquecer que um dia você vai dormir para sempre.

O lado bom da vida é construir!
Para esquecer que você também é capaz de destruir.

O lado bom da vida é lembrar!
Para não se esquecer dos momentos felizes.

O lado bom da vida é crescer!
Evoluindo intelecto, evoluindo corpo.

O lado bom da vida é envelhecer...
Sabendo que valeu a pena escrever sua autobiografia.

O lado bom da vida é morrer...
Sabendo que você faz falta para muita gente.



MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Esse texto agrada a muita gente, pois é profundo e positivo.

***

Só isso por hoje...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Entendendo você

Você é gente!
A gente é você!

Você é uma coisa!
As coisas são você!

Quando você esquecer,
Esquecer de você!
Quando você estiver,
Estiver por aí!

Satânicos...
Vão parecer (seus atos)!
Orgânicos...
Vão parecer (seus traços)!

Para você entender,
Entender o porquê?
Para você se render,
Se render e vencer!

Satânicos, orgânicos...
Insensatos!

Mecânicos, eletrônicos...
Malditos!



MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


O poema "Entendendo você" nasceu como uma letra de música. Na realidade, só não virou música porque não tenho habilidade para musicá-la. Ou melhor, o ritmo até já existe - e é algo do tipo Titãs do começo da carreira. Porém, o que falta é capacidade para tocá-la e gravá-la.

Nunca consegui ler esse texto como poema, tendo em vista que, basta ele surgir na minha frente, o ritmo da "música" vem a minha mente. Inclusive, as partes entre parênteses, meio sem sentido em se considerando o poema, seriam os trechos em que entraria o backing vocal.

***

O fato é que vários dos poemas que já produzi recebi¹ como canções. No entanto, por falta de recursos humanos e materiais, transformei-as em textos poéticos, de modo a facilitar a sua divulgação.

É isso.


___

1 Digo "recebi" atentando ao fato de que, quando crio um poema do qual realmente gosto, parece que ele surge de outro, como se eu estivesse possuído ou fosse uma espécie de Chico Xavier.