terça-feira, 1 de março de 2011

O lado bom da vida

O lado bom da vida é viver!
Sobreviver fazendo o que se gosta.

O lado bom da vida é sonhar!
Para esquecer que um dia você vai dormir para sempre.

O lado bom da vida é construir!
Para esquecer que você também é capaz de destruir.

O lado bom da vida é lembrar!
Para não se esquecer dos momentos felizes.

O lado bom da vida é crescer!
Evoluindo intelecto, evoluindo corpo.

O lado bom da vida é envelhecer...
Sabendo que valeu a pena escrever sua autobiografia.

O lado bom da vida é morrer...
Sabendo que você faz falta para muita gente.



MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Esse texto agrada a muita gente, pois é profundo e positivo.

***

Só isso por hoje...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Entendendo você

Você é gente!
A gente é você!

Você é uma coisa!
As coisas são você!

Quando você esquecer,
Esquecer de você!
Quando você estiver,
Estiver por aí!

Satânicos...
Vão parecer (seus atos)!
Orgânicos...
Vão parecer (seus traços)!

Para você entender,
Entender o porquê?
Para você se render,
Se render e vencer!

Satânicos, orgânicos...
Insensatos!

Mecânicos, eletrônicos...
Malditos!



MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


O poema "Entendendo você" nasceu como uma letra de música. Na realidade, só não virou música porque não tenho habilidade para musicá-la. Ou melhor, o ritmo até já existe - e é algo do tipo Titãs do começo da carreira. Porém, o que falta é capacidade para tocá-la e gravá-la.

Nunca consegui ler esse texto como poema, tendo em vista que, basta ele surgir na minha frente, o ritmo da "música" vem a minha mente. Inclusive, as partes entre parênteses, meio sem sentido em se considerando o poema, seriam os trechos em que entraria o backing vocal.

***

O fato é que vários dos poemas que já produzi recebi¹ como canções. No entanto, por falta de recursos humanos e materiais, transformei-as em textos poéticos, de modo a facilitar a sua divulgação.

É isso.


___

1 Digo "recebi" atentando ao fato de que, quando crio um poema do qual realmente gosto, parece que ele surge de outro, como se eu estivesse possuído ou fosse uma espécie de Chico Xavier.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Eu sou

Eu sou filho de outros tempos
Quando o sol brilhava mais
E o céu era o limite

Eu sou sujeito de uma vida
Iluminada pelo sol
E ofuscada pelo céu

Eu sou gente como tu
Tentando ser um sol
Tentando ser um só...
Limitado pelo céu

Eu sou produto social
Que não tem medo do fogo do sol
Que não se contenta com os limites do céu
Mas que tem medo da frieza de um só




MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Esse poema é realmente sobre mim. Nele eu exponho toda a minha determinação e a minha impaciência.

* Julgo ser determinado, porque essa característica já me levou a grandes coisas: emagreci mais de 20kg em menos de três meses (quando tinha 15 anos); publiquei meus livros (banhados a suor); sou poeta e não desisto nunca; etc.

* Julgo ser impaciente, porque preciso sempre de resultados imediatos, de pouca complicação: se não fosse pelos meus pais, provavelmente eu não teria terminado nenhum dos cursos que já fiz e não terminaria o que estou fazendo, levando em conta que desisti do curso de violão, do curso de baixo... não terminei nem a catequese, e assim por diante.

E não me condeno por isso. Pois, a princípio nós só temos uma vida. Assim, não carece ficar enrolando com muita coisa.

***

Eu não preciso de muito para viver: necessito da minha família, da mulher que amo, das coisas pelas quais prezo (livros, DVDs, CDs; ou seja, injeções de ânimo), de um trabalho que não me aprisione muito, de um lugar próprio para morar, de um carro simples e sem problemas para me locomover, de tempo para me exercitar, de tempo para relaxar e, como resultado de tudo isso, paz.


É isso.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A avenida, o centro e o caos

Movimentação
Instinto de grupo
Espírito de trupe
Aglomeração

O medo em seus olhos
A pressa em seus ossos
O ódio em seu sangue
Nenhum semelhante

Aglomeração
Espírito de trupe
Instinto de grupo
Movimentação



MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Eu gosto demais deste poema! Até hoje é um dos meus favoritos. Ele fala sobre a correria que acaba com os dias de praticamente todas as pessoas atualmente, assoladas por um turbilhão de informações, tarefas a cumprir e (des)encontros fulminantes.

Como não estou muito inspirado para comentar hoje - o faço apenas pela necessidade de atualizar o blog -, vou parar por aqui. Porque é preciso correr

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Números

Sete vidas
Sete dias
Sete horas sem você

Doze meses
Doze vezes
Doze tardes sem você

Cem momentos
Cem palavras
Contra o vento
Nessa estrada

Cem prazeres
Cem memórias
Cem mulheres
Cem histórias



MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


Tenho muito orgulho do poema “Números”. Nele consegui desenvolver a poesia na qual acredito: simples, lúdica, breve, rica semanticamente e afinada na sintonia entre forma e conteúdo. Além disso, é um texto sem conclusão, o que é mais uma característica interessante, pois o leitor acaba de lê-lo sem saber se existe um “você”, se o eu-lírico é mulherengo ou solitário, se ele tem ou não histórias para contar. (E “Contra o vento / Nessa estrada”. Mas que vento? Em qual estrada? É tudo por conta do leitor.)

É como acontece em um poema do grande artista Ademir Antonio Bacca, de Bento Gonçalves-RS:

fim de noite

no
último
táxi
da
madrugada
não
tinha
carona
pra
minha
solidão


(BACCA, A. A.; GONÇALVES, C. (org.). Poesia do Brasil – Volume 8. Porto Alegre-RS: Grafite, 2008.)

Sugestão de interpretação: O poema é bem sugestivo. Por um lado, pode-se inferir que a solidão do eu-lírico era tão grande que não cabia em lugar algum. Por outro, é possível observar que o taxista deu carona para o poeta, mas não para a solidão, o que deixa a seguinte questão: será que ele voltou só ou não?

Sensacional (ponto final)