sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Abnegação

Não há mais calma
Não há mais amor
Sinto o peso da alma
Sinto tanto pavor

Não há mais verão
Não há mais calor
Sinto o peso do vão
Sinto tanto pavor

Não há mais poesia
Não há mais furor
Sinto tanta histeria
Sinto tanto pavor

Não há mais beleza
Não há mais pureza
Sinto o peso da dor
Sinto tanto pavor


MENDEL, G.M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Depois de algum tempo que comecei a guardar os poemas que escrevia, com o sonho de publicá-los em livro, eu fiquei desacreditado e parei de escrever. Não estava mais gostando dos meus textos, não pensava mais que conseguiria lançar uma obra, esse tipo de coisa deprimente.

De repente, eis que chega em Erechim o meu único irmão, mais velho, morador de PoA (exatamente o lugar onde ele nasceu), para uma rápida visita. E, durante essa estadia, me incentiva a continuar com os escritos, pois ele gostava muito dos meus textos e sempre me apoiava. (Ainda faz isso, com bastante competência inclusive - mas o presente não cabe num comentário sobre um poema passado...) Então, eu, que sempre fui imensamente ligado ao meu irmão, considerei os seus conselhos e lapidei "Abnegação", com as ferramentas toscas e as mãos canhotas que eu tinha em maior intensidade na época.

E acabei gostando demais do texto, o que me deu uma enorme injeção de ânimo para seguir em frente.

***

Até hoje não considero "Abnegação" um texto ruim. Mas atualmente as minhas atenções se voltam apenas ao "Sobretudo".

Até!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Circo da Democracia

O Lula foi eleito
E todos acharam graça.

O Tiririca foi eleito
E ninguém mais riu.

Este é o efeito...
Bem-feito, Brasil!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sem suporte

Você quer o que desconhece
Você desconhece o que você quer
Você não sabe como lidar com isso
Você não quer correr esse risco

Agarre com alma
Dedique sua vida
Agarre sua chance
Dedique seu sangue

Poças d’água não movem moinhos
Mas faça com que parem os moinhos do tempo
Persista no momento / Não deixe passar
Não permita que o vento / Insista em levar



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


Esse poema mostra muito do que fui como indivíduo nos anos em que escrevi o “Humano Expresso”. Naquele tempo, eu sempre queria conquistar coisas teoricamente impossíveis. Uma delas era a publicação de um livro. Não sabia como fazer isso, a quem recorrer, aonde ir. Então, por diversas vezes caminhei pelas ruas de Erechim, com uma pasta em que constava o meu projeto de obra, em busca de informações. E, quando tudo aconteceu, foi de uma maneira inesperada, espontânea e sem medo, assim como todas as grandes conquistas da minha vida.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Namorado chiclete

Ela me mascou
Ela me usou
Depois ela cuspiu

Ela me pisou
Ela me arrastou
Depois ela sumiu



MENDEL, G. M. Humano expresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2007.


“Namorado chiclete” é um poema extremamente simples pelo qual eu tenho uma enorme simpatia, pois é engraçado e criativo – sem fazer muita força.

Fi-lo (“Fi-lo” é brabo. É mais antigo do que o “Fi-lo porque qui-lo.”, mas creio que essa ainda é a forma correta de se fazer tal concordância.) baseado na ideia-clichê dos namorados chiclete, que são aqueles que não desgrudam de seus queridos. Porém, inverti um pouco as coisas na minha versão da historinha, tendo em vista que, nela, comparo os namorados chiclete com chicletes mesmo – o que dá todo o tom da micro-narrativa.

***

E aí, gostaram?