sexta-feira, 28 de março de 2014

Aprendendo a viver

Eu nunca esqueci dos conselhos do meu pai
Quando ele me ensinava sobre as coisas do mundo:

- Procure manter o equilíbrio para seguir em frente.
- Nade contra a correnteza se você estiver sendo levado.

Assim, eu aprendi a andar de bicicleta,
A nadar e a tomar cuidado com estranhos.


(MENDEL, G.M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 42)

sexta-feira, 21 de março de 2014

Hino Animado

Baseado no Hino Nacional Brasileiro, escrito por Joaquim Osório Duque Estrada

Ó, amada, idolatrada,
Um sonho intenso brilhou
No céu da liberdade neste instante:
Consegui te conquistar com braço forte!

Se em teu formoso solo está garrida,
Vejo nos teus risonhos e lindos seios
Mais amores! (Menos dores!)

Mas tu, cheia de amor e de esperança,
Desafias o nosso peito à própria morte.
Pois, tu não achas que alguém
Esteja à tua altura, fulgura minha!

Porém, não teme quem te adora
A própria morte!
Porque...
És bela, és forte, impávida e colossal.
Nos teus traços tem mais vida
E na tua tez muito mais cores...


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 40.)

sexta-feira, 14 de março de 2014

Retratos quebrados

O rapaz tinha ido a um bazar comprar um presente para sua avó, que estava de aniversário. Ele não ganhava muito no seu emprego modesto, mas queria encontrar algo de que a querida aniversariante iria gostar. Achou dois belos baleiros de vidro: um deles, bem mais ornado, custava R$ 20,00; o outro, mais simples, valia a metade do preço do primeiro. Como estava bastante apertado, decidiu-se pelo segundo, embora tivesse uma vontade imensa de ter dado o mais bonito a sua avó.

Então, no momento em que iria pegar o mais bem embalado dos baleiros mais baratos, acabou derrubando um outro exemplar deste mesmo tipo, que estava ao lado. Assustado, encaminhou-se ao caixa do estabelecimento e comprometeu-se a pagar pelo prejuízo. No momento do pagamento, entregou o objeto de R$ 10,00, juntamente com uma nota de R$ 20,00.

Já na rua, extremamente chateado, começou a pensar que aquele dinheiro a mais seria suficiente para pagar alguma distraçãozinha no fim de semana, como sorvetes e pastéis para ele e sua namorada. Além disso, e o pior de tudo, teria sido o bastante para comprar o baleiro mais caro, justamente o que ele queria.

Porém, lembrou-se de uma senhora rica que havia derrubado um copo de vidro em um supermercado. Na ocasião, a mulher apenas foi embora, como se nada tivesse acontecido, sem mostrar qualquer ressentimento. Comparando as duas situações, o rapaz refletiu que não se sentiria bem fazendo o mesmo, que isso não era uma atitude digna de sua pessoa. Assim, descobriu um orgulho que nunca tivera pela sua honestidade, pelo seu caráter, entendendo a mensagem que lhe foi mandada.

Por isso, recordou: "Deus escreve certo por linhas tortas". 

Principiante

Me convidaram a bailar,
Mas eu não danço
Conforme a música!

Se eu fosse vinho
Seria um tinto-pulsante
Seco-azedo.

Me convidaram a bailar,
Mas eu não consigo
Ignorar medos e mágoas!

Se eu fosse vinho
Seria um tinto-pulsante
Seco-azedo.

Me convidaram a bailar,
Mas eu sempre tive
Uma certa arritmia!

Se eu fosse vinho
Seria um tinto-pulsante
Seco-azedo.

Isso se eu fosse vinho!
Mas eu sou azeite,
E não preciso dos efeitos do álcool.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 39.)


Este é mais um poema sobre a minha timidez, a minha preferência pela reclusão e o meu desconforto diante de atividades que, para a maioria das pessoas, são extremamente normais e agradáveis, como a dança.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Galvão e suas azas

Galvão queria voar,
Pois estava cheio de ficar preso aos limites da terra.

Um dia, de tanta vontade pulsando dentro dele,
Surgiram asas nas costas do rapaz.
Então, Galvão subiu aos céus...

No entanto, depois de voar durante dias,
Percebeu que estava ficando profundamente só.
Ninguém além dele podia chegar àquela altitude.

Porém, sabia que não poderia fazer nada,
Porque suas asas não paravam mais de bater.

Desde então, Galvão continua voando,
À procura de alguém que, no mínimo, esteja no topo de uma montanha,
E que, dessa forma, possa lhe fazer companhia.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 38.)