domingo, 8 de maio de 2016

Provar, experimentar, degustar e desgostar (23/11/2011)

Eu não tenho sal,
Por isso eu como açúcar.
Eu sou tão doce,
Sou tão enjoativo.
Os outros são tão azedos –
Amargura da existência.
Eu provo muitos sabores
Que me fazem vomitar.
Mas provar é preciso,
Para que eu possa existir
Neste mundo de dissabores.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

terça-feira, 12 de abril de 2016

Poema do cão solitário (18/11/2011)

Que graça tem o dia
Sem ninguém pra acompanhar?

Que graça tem a bola
Sem ninguém para jogar?

Que graça tem a vida
Sem ninguém para animar?

Que graça tem a sina
Sem ninguém para amainar?



(MENDEL, G. M. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

segunda-feira, 28 de março de 2016

Ainda sou uma criança (09/11/2011)

Ainda sou uma criança com medo,
Escondida em um corpo de adulto.
O tempo passou por mim
E eu não percebi.
Não me tornei um jovem,
Nem me tornei adulto.
Permaneci o mesmo –
Invariável presença do ser.

Ainda sou uma criança com medo,
Essencialmente eu.



(MENDEL, G. M. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

terça-feira, 8 de março de 2016

Sobre eletrônicos e cadeiras elétricas (29/08/2011)

Crianças ricas cheiram a videogame.
Crianças pobres cheiram a dor.
Videogame e dor não rimam –
Um é do outro o opositor.

E, enquanto os ricos
Embebem-se em torpor,
Os pobres pobres
Recebem game over.



(MENDEL, Guilherme M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Laboratório (16/08/2011)

Alfredo tinha certeza:
Assim que começasse a trabalhar,
Ele iria morrer.
E morreu...
Apesar de já estar na labuta
Há alguns meses.

No começo,
Sua cabeça pesava;
Depois,
Acostumou-se à rotina.
E foi ficando leve,
Leve, leve, vazia
Como a sua alma.

***

Enfim, Alfredo,
Após a labutomia,
Tornou-se útil socialmente.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)