quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A verdade

Será que esse bicho pensa?
Se não pensa...
Gostaria de ser esse bicho

Que não pensa,
Que não fala,
Que só vive ( ! ),
Sem a angústia da linguagem,
Sem a angústia do EU.

Mas ele late, ele mia
E tem vontades...

E se ele pensa e não pode botar pra fora?
Coitado! Não pode nem escrever poemas...

***

Vai saber...
Ele não pode nos dizer a verdade.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 26.)


Em "A verdade", procurei colocar um pouco das minhas reflexões sobre os animais. Sempre fico imaginando o que eles acham do ser humano e o que pensam a respeito deste nosso estilo de vida, no qual criamos nossas próprias jaulas e gaiolas. 

***

As pessoas se acham muito especiais por terem as capacidades de falar e de manejar objetos - os dois fatores que são a nossa bênção e a nossa desgraça simultaneamente, dependendo do ponto de vista (mas não colocarei aqui o que penso do assunto, uma vez que é um argumento longo e filosófico). E, por conta disso, sempre se consideraram extremamente superiores aos animais. Nós somos os evoluídos, dizem.

***

Hoje, durante a minha caminhada diária, alguém atirou de dentro de um ônibus urbano uma garrafa de refrigerante aberta e contendo metade do seu conteúdo. O objeto caiu no meio da rua, sobre o asfalto feito recentemente pela prefeitura. O líquido escorreu, lambuzando o progresso (poético, não?). E, pela trajetória do projétil, calculei que este deveria atingir aqueles que se locomoviam pela calçada, no caso, eu. Até hoje eu nunca soube de um animal irracional que tenha feito algo similar. E duvido que algum o faria se pudesse. (Inclusive publiquei um poema tratando disso no meu novo livro.)



FIM

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

BOAS NOVAS!!!

Acabei de retirar na editora a minha mais nova obra poética! Esse livro, intitulado "Entretanto", é o meu mais curto mas, provavelmente, o melhor. Ele conta com 40 poemas teoricamente adultos e 10 poemas teoricamente infantis. Isso porque qualquer público poderá tirar proveito (ou não) de qualquer um dos textos, já que escrevo pensando no crescimento pessoal dos indivíduos, e não somente de determinados grupos. Espero que todos que tiverem a oportunidade de lê-lo apreciem a leitura.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O jornaleiro e o jornalista

Há uma diferença sutil
Entre o jornaleiro e o jornalista:
Os dois distribuem informações,
Mas só o segundo tem voz
Para dizer alguma coisa.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 25.)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Encharcados de temores e convenções

Sem medo da chuva 
Só eu e os miseráveis.
Será que já sou um miserável?
Não! Estou indiferente à chuva,
Mas não ao sol.

Indiferença, essa é a minha melhor arma!
No entanto,
Será indiferença ou conformidade?
Bem, talvez seja loucura!

Porém,
Quanto mais a loucura se aproxima de mim,
Mais eu adquiro a minha sanidade.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 24.)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Endoface / Exoface

Ô, cara!
Ô, rosto!
Ô, face!
(vocativo...)

Ó, cara!
Ó, rosto!
Ó, face!
(evocativo...)

Minha cara não é a tua coroa!
- mas nós sabemos como modelá-las -


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 21.)


Este é um dos meus poemas mais significativos. E eu não quero assassiná-lo revelando as minhas intenções com esse texto...