domingo, 5 de junho de 2016

À estúpida menininha (25/11/2011)

Menininha do umbigo de ouro,
Onde orbita este mundo criado
Para servir de paisagem
Às suas mais incríveis aventuras,
Os figurantes estão roubando a sua cena
Na melodramática novela da vida.
Então, você não quer mais brincar...

Você,
Que nunca gostou
De se esconder.
Você,
Que adorava passar
Tranca nos outros.
Você,
Que sempre endeusou
Seus singelos brinquedos,
Apenas por serem os seus.
Você,
Que, por fim, machucou
Seus pobres amiguinhos,
Que vinham lhe entregar
Um abraço de despedida.

Pois eles,
Eles são figurantes.
Mas não são burros...
E não suportam a estupidez
De ver somente uma menininha
Querendo todos os brinquedos do mundo,
Só para concretizar a sua eterna infância.



(MENDEL, Guilherme M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)



Este poema é dedicado a uma colega que conheci em um dos cursos que fiz. Essa pessoa foi muito estúpida comigo e, impulsivamente, escrevi esse texto.

domingo, 8 de maio de 2016

Provar, experimentar, degustar e desgostar (23/11/2011)

Eu não tenho sal,
Por isso eu como açúcar.
Eu sou tão doce,
Sou tão enjoativo.
Os outros são tão azedos –
Amargura da existência.
Eu provo muitos sabores
Que me fazem vomitar.
Mas provar é preciso,
Para que eu possa existir
Neste mundo de dissabores.



(MENDEL, G. M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

terça-feira, 12 de abril de 2016

Poema do cão solitário (18/11/2011)

Que graça tem o dia
Sem ninguém pra acompanhar?

Que graça tem a bola
Sem ninguém para jogar?

Que graça tem a vida
Sem ninguém para animar?

Que graça tem a sina
Sem ninguém para amainar?



(MENDEL, G. M. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

segunda-feira, 28 de março de 2016

Ainda sou uma criança (09/11/2011)

Ainda sou uma criança com medo,
Escondida em um corpo de adulto.
O tempo passou por mim
E eu não percebi.
Não me tornei um jovem,
Nem me tornei adulto.
Permaneci o mesmo –
Invariável presença do ser.

Ainda sou uma criança com medo,
Essencialmente eu.



(MENDEL, G. M. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)

terça-feira, 8 de março de 2016

Sobre eletrônicos e cadeiras elétricas (29/08/2011)

Crianças ricas cheiram a videogame.
Crianças pobres cheiram a dor.
Videogame e dor não rimam –
Um é do outro o opositor.

E, enquanto os ricos
Embebem-se em torpor,
Os pobres pobres
Recebem game over.



(MENDEL, Guilherme M.. Entretanto. Erechim-RS: AllPrint Varella, 2013.)