sexta-feira, 9 de maio de 2014

Pulsando em banda larga

Eu amo demais a Ana Byte!
Depois de cinco anos conversando pela internet,
Finalmente hoje nós iremos nos encontrar.

A Ana Byte conhece todos
Os meus segredos,
A minha rotina,
Os meus amigos,
O quanto eu gosto dela.

***

Ei, espere aí!
No local combinado apareceu
Uma tal de Ana Clara.
Eu não conheço essa pessoa!
E ainda tem esses olhos...
Essa não é a Ana Byte!
Nos meus sonhos ela era diferente...

(Caiu a conexão...)


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 51.)


O poema "Pulsando em banda larga" fala sobre a vulnerabilidade das paixões virtuais. No universo da internet, as pessoas entram em contato, passam a conversar diariamente e a alimentar sentimentos que consideram concretos. Contudo, quando encontram-se cara a cara, na vida real, fora da fantasia eletrônica, percebem que os indivíduos de carne e osso são mais complexos do que aqueles personagens que surgem por trás das telas.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

A paixão que não rima

Abel e Isabel rimavam,
Mas não formaram um par.
Ficaram alternados entre
Muriel e Ariel,
Com quem casavam perfeitamente.

Então, eis a estrofe:
Muriel
E Abel;
Ariel
E Isabel:

Pares sem mel,
Ligados pelo anel.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 50.)

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O fazer poético

Existem duas formas
de se fazer poesia:
a forma esculpida
e a forma escarrada.

A forma esculpida
é aquela em que o poeta
molda as palavras
de modo a produzir
um texto bonitinho.

A forma escarrada
é aquela em que o poeta
é pego por uma ânsia,
de mexer com quem lê
suas incontidas ideias.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 47.)


No texto "O fazer poético" pretendi comentar a respeito dos diversos modos de se escrever um poema. Há aqueles oriundos da inspiração e os nascidos do nada, da tentativa de se produzir um texto em versos. Confesso que, no começo da carreira, empolgado com a ideia de escrever poesia, construí alguns poemas forçados, a partir do zero, só pela vontade de fazer número. E esses foram os meus maiores erros, pois os meus melhores títulos sempre foram aqueles que surgiram em momentos de inspiração.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Floricultura

A bromélia morreu.
E, junto com ela,
A minha paixão por Margarida.

Joguei a rosa fora,
Mas fiquei com os espinhos.


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 46.)


O poema "Floricultura" é um dos meus favoritos. Elaborado com poucos versos, esse texto permite diversas interpretações, de acordo com a capacidade e os conhecimentos de cada leitor.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A lamentável busca de Fulano pela plenitude...

A Vida só reservava para Fulano
caminhos bloqueados, ruas
sem fim, linhas ocupadas...
Enfim, corações acomodados.

Assim, ele ia seguindo, não sei
se em frente, sempre sozinho...

Mas, quanto mais passos dava,
mais o tempo passava...
E, desse modo, a vida de Fulano:
era uma eterna busca
que não resultava em ouro;
era uma eterna caminhada
que não levava a lugar algum;
era uma série de tentativas
com fracassados investimentos...

Por isso, não era um homem
pleno. Sentia-se vazio, frustrado,
cansado, sem nada a perder...


(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 45.)