Neste mundo tão ligeiro, de necessidades momentâneas e sentimentos tão confusos, a poesia deveria ser uma ferramenta para que o ser humano tivesse pitadas cotidianas de arte e cultura, e conseguisse colocar seus anseios e pensamentos em ordem. Pois os poemas normalmente são leituras breves que mexem com o nosso ser e o nosso viver. Não entendo o porquê de os poemas não estarem mais tanto na vida das pessoas. Talvez por conta de um afastamento dos poetas e poetisas em relação ao público, ocorrido nas últimas décadas, assim que começaram a arriscar a elaboração de poemas mais experimentais, testando todas as possibilidades poéticas permitidas pelas diferentes linguagens artísticas. Isso é válido e lindo. Contudo, o povo quer aquilo que pode entender e, de preferência, algo que faça sentido na vida dele. Então, se o artista se afasta demais do cidadão comum, almejando ser um sucesso de crítica, provavelmente não será um sucesso de público. E a arte faz muito mais sentido e se mostra realmente necessária quando é experimentada pela maior quantidade possível de indivíduos. Do contrário, as obras artísticas apenas existem, sem contribuir de forma incisiva para a mudança da realidade.
Mas, retornando ao tópico proposto, a leitura de poemas é fundamental e benéfica a qualquer ser humano. E, como dizia Mario Quintana, o bom poema é aquele que faz mais sentido para o leitor do que para o autor, pois é o momento em que o poeta realmente atinge o seu objetivo de tocar os demais corações. Garanto que cada indivíduo é capaz de encontrar escondido em algum livro de poesia um poema que parece que foi escrito especificamente para ele.
Creio, também, que a escrita de poemas seja uma das melhores alternativas de terapia existentes, pois o poeta, ou pretenso poeta, pode depositar no papel tudo aquilo que pensa e sente, que o agrada ou que o incomoda, de modo a se (re)descobrir e a se (re)organizar. E, aos poucos, aquilo que de início era feito de forma amadora, pode vir a se tornar uma atividade profissional, quanto mais o escritor se dedicar ao ofício e buscar melhorar os seus textos. É por isso que sempre incentivo estudantes que gostariam de escrever poemas (ou que eu sinto que têm aptidão para isso) a simplesmente se expressarem no papel e irem lapidando aquilo que traçam.
Ficam aqui, então, para encerrar, algumas dicas: para ler poemas, como afirmava a minha saudosa professora de docência e de poesia, Vera Beatriz Sass, tente ficar plenamente sereno, livre-se de todos os seus julgamentos e preconceitos e perceba tudo aquilo que puder naquelas poucas palavras que tanto significam; e, para escrever poemas, mergulhe na profundidade do seu ser e escreva, sem receio, tudo aquilo que você pensa e sente, organizando posteriormente as angústias libertadas, que antes estavam aprisionadas em seu âmago.