Será que esse bicho pensa?
Se não pensa...
Gostaria de ser esse bicho
Que não pensa,
Que não fala,
Que só vive ( ! ),
Sem a angústia da linguagem,
Sem a angústia do EU.
Mas ele late, ele mia
E tem vontades...
E se ele pensa e não pode botar pra fora?
Coitado! Não pode nem escrever poemas...
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Vai saber...
Ele não pode nos dizer a verdade.
(MENDEL, G. M.. Sobretudo. Erechim-RS: EdiFAPES, 2010. p. 26.)
Em "A verdade", procurei colocar um pouco das minhas reflexões sobre os animais. Sempre fico imaginando o que eles acham do ser humano e o que pensam a respeito deste nosso estilo de vida, no qual criamos nossas próprias jaulas e gaiolas.
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As pessoas se acham muito especiais por terem as capacidades de falar e de manejar objetos - os dois fatores que são a nossa bênção e a nossa desgraça simultaneamente, dependendo do ponto de vista (mas não colocarei aqui o que penso do assunto, uma vez que é um argumento longo e filosófico). E, por conta disso, sempre se consideraram extremamente superiores aos animais. Nós somos os evoluídos, dizem.
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Hoje, durante a minha caminhada diária, alguém atirou de dentro de um ônibus urbano uma garrafa de refrigerante aberta e contendo metade do seu conteúdo. O objeto caiu no meio da rua, sobre o asfalto feito recentemente pela prefeitura. O líquido escorreu, lambuzando o progresso (poético, não?). E, pela trajetória do projétil, calculei que este deveria atingir aqueles que se locomoviam pela calçada, no caso, eu. Até hoje eu nunca soube de um animal irracional que tenha feito algo similar. E duvido que algum o faria se pudesse. (Inclusive publiquei um poema tratando disso no meu novo livro.)
FIM