domingo, 4 de novembro de 2012

INADEQUADO - Poema Solto 04 (17/08/2007)

O gosto do mau gosto
Deixa opaco o meu rosto,
Deixa cega a minha alma,
Afugenta minha calma.

O gosto do mau gosto
Deixa opaco o meu rosto,
Deixa nula a minha vontade,
Afugenta minha bondade.

Ele trai meu coração,
Só me faz pedir perdão,
Não permite aceitação
E eu desisto da paixão.

Cria traumas ao errar,
Por meu mundo assassinar,
Quando me faz assinar
Meu castigo de calar.

Então, como consequência,
Vou traindo minhas virtudes,
Desvirtuando a consciência
E moldando as atitudes.


(MENDEL, G. M.. Humano Impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.)

O DESVIO DE CARÁTER - Poema Solto 03 (15/08/2007)

O desvio de conduta
Condiciona o meu caráter,
Barateia o meu custo,
E facilita a convivência.

Pois, se errar é humano
E todo mundo o faz,
Por que não se preocupar
Em policiar a sua imagem?

Isso é uma questão de consciência,
De se sentir bem consigo mesmo.
Então, se Judas o agrada mais que Jesus,
Você não terá que carregar qualquer cruz.


(MENDEL, G. M.. Humano Impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.)

TEM GENTE - Poema Solto 02 (07/08/2007)

Tem gente que tem cor de dente
Tem gente que tem dor de gente
 
Tem gente que xinga que é crente
Tem gente que fica contente
 
Tem gente que fala que é moço
Tem gente que esconde seu osso
 
Tem gente que sofre de amor
Tem gente que sabe o que por
 
Tem gente que estranha no início
Tem gente que apanha no hospício
 
E a gente não sente que aprende...
Ou a gente só aprende se sente?
 
 
(MENDEL, G. M.. Humano Impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

DEVANEIO E INDEPENDÊNCIA - Poema Solto 01 (17/07/2007)

Apaixonei-me pelas coisas
Porque as coisas não decepcionam -
A menos que elas dependam de seres;
E os seres decepcionam de vez em quando.

Fui levando o isolamento a sério,
Mas não pude mais fazer mistério,
Pois os seres me solicitaram,
E o paralelo, então, sequestraram.

Dessa forma, cheguei à conclusão
De que tudo e todos dependem de mim - 
Bom, desde que eu abra os olhos,
Porque a vida infelizmente é assim:

Necessitamos dos outros,
E os outros necessitam de nós.
Necessitamos das coisas,
E as coisas necessitam de nós.

E isso tudo é uma simples questão de sobrevivência;
Porque só existe aquilo em que se pode tocar,
Com que se pode conviver e se decepcionar - 
Porém, tanto faz, pois nada disso tem relevância.


(MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

POESIA COTIDIANA 03 - REALIDADE

[...]
(pi-pi-pi-pi-pi...)
(...pi-pi-pi-pi-pi...)

{5 minutos depois}
- Tá ouvindo?
- Ouvindo o quê?
- Um alarme! De carro!
- Bah! Dexa eu vê se não é o meu...!

{10 minutos depois}
- E aí?
- Era. Só disparô!
- Menos mal...
- Não tava aberto, nem tava faltando nada...

{Numa outra quadra}
- Bah, cara! Que droga esses vidro escuro!
- É! Ainda bem que a gente foi rápido!
[...]


MENDEL, G. M.. Humano impresso. Erechim-RS: EdiFAPES, 2008.


"Realidade", o último poema da série "Poesia Cotidiana", fala sobre dois rapazes que tentam roubar um automóvel. Sem perceber que o veículo possui alarme - em virtude da escuridão dos vidros do mesmo -, a tentativa de furto é frustrada, uma vez que esse alarme começa a disparar logo que os dois tentam abrir o carro, fazendo com que eles corram para a outra quadra. Enquanto isso, o proprietário do automóvel, ao ouvir um som de alarme semelhante ao do seu veículo, vai até onde este está estacionado, verifica o carro e pensa que o sistema de proteção disparou sozinho.

***

Bem idiotinha o texto, não é mesmo? Isso é mais uma consequência de decisões erradas que tomei na vida. Lamento muito que eu tenha que colher os frutos dessas decisões para o resto da minha existência.