sábado, 5 de abril de 2025

Resenha sobre o livro "Escritos", de Mariele Zawierucka Bressan

- Título: "Escritos"

- Autora: Mariele Zawierucka Bressan

- Editora: EdiFAPES (RS)

- Ano de lançamento: 2025

- Nº. de páginas: 56



"A poesia não é, necessariamente, métrica." (Mariele Zawierucka Bressan, na obra “Escritos”, página 48)


Na apresentação do volume em questão, Mariele erroneamente diminui sua poesia ao afirmar que, ao reler seus textos, tende a se flagelar; que, quando está sozinha, sua autoestima eleva-se, conferindo-lhe coragem (e, por conta disso, trazendo à tona seus escondidos, desencontrados e reencontrados versos); que seus poemas são uma tentativa de falar com voz humana (como se humana não fosse); que, por meio deles, expõe o ridículo que mora em suas entranhas. No entanto, ao se posicionar dessa forma, comprova que tanto a poesia quanto a humanidade estão incrustadas dentro de si.

"Escritos" é um livro constituído por poemas que fluem e dançam, com rimas naturais e ocasionais, nem um pouco forçadas. Seus versos apresentam o ritmo do eletrocardiograma que é a nossa vida — oscilante, resiliente e visceral.  

A autora faz um uso criativo e estratégico das palavras, expressando o máximo com o mínimo de elementos. Além disso, a poetisa joga xadrez com os termos que emprega, formando imagens poéticas inspiradas e lapidadas, buscando a precisão do que sente e do que quer dizer.

Por meio de sua poesia, traz beleza até aos mais temíveis transtornos e dramas humanos; e, de maneira geral, aborda temas variados e relevantes, como: o saudosismo, o estilo de vida moderno, o fazer poético, o protagonismo, o consumismo, o carnaval (e suas máscaras), as angústias individuais, as desigualdades sociais e a política.

Fazendo um à parte, chamou-me atenção a releitura criativa de Quintana e Drummond, aludindo, de maneira equilibrada e sagaz, ao positivismo de um e ao negativismo do outro.

Particularmente, em uma breve análise, meus favoritos foram os títulos "Das incertezas", "Das imperfeições", "Acreditar", "Tanta sola", "Menino do morro", "Releitura", "Cães em bando", "A tecitura", "Sobre a mudança" e "Tempo", sendo esses os que mais me impressionaram a mente e o coração.

Mariele subestima a importância da sua produção, tratando-a como mero passatempo. Mas sua excelente capacidade poética faz parar o tempo enquanto o(a) leitor(a) a degusta. Para mim, esta escritora que se lança tarde na Literatura (antes tarde do que nunca) demonstrou ser superior a muitos(as) autores(as) renomados(as).

Portanto, na minha opinião, "Escritos" é indicado para pessoas sensíveis que desejam ganhar tempo e se deleitar com a boa poesia contemporânea.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Dicas de filmes - Parte 23

01- "Os Embalos de Sábado à Noite" (Saturday Night Fever), dirigido por John Badham (1977);

- Este filme icônico de 1977 é mais do que um retrato do tempo das discotecas -- ele é um mergulho na vida de Tony Manero (John Travolta), um jovem do Brooklyn que busca um escape na pista de dança. A obra aborda temas de identidade, aspirações e as complexidades das relações pessoais, apresentando uma profundidade que eu não esperava observar neste clássico.


02- "Elis", dirigido por Hugo Prata (2016);

- Esta produção cinematográfica é uma biografia emocionante da cantora Elis Regina, uma das maiores vozes da música brasileira. A atuação de Andreia Horta no papel principal foi amplamente aclamada, e o filme retrata de forma sensível e intensa a carreira e os desafios pessoais da Pimentinha, desde seu início até sua trágica morte.


03- "Memórias Póstumas", dirigido por André Klotzel (2000);

- Baseado no clássico romance de Machado de Assis, este filme adapta a obra de forma criativa e fiel. A história segue Brás Cubas, que narra suas memórias e reflexões de além-túmulo. O filme mistura humor, crítica social e uma profunda análise da condição humana, mantendo o tom irônico do original literário.


04- "O Diabo a Quatro", dirigido por Alice de Andrade (2004);

- Esta comédia com roteiro crítico e complexo explora Copacabana e seus diversos personagens. 'O Diabo a Quatro' destaca tanto o político badalado e o apresentador de televisão consagrado, quanto o menino de rua e a prostituta. O filme oferece ao espectador um retrato interessante do Brasil, em toda a sua pluralidade e desigualdade.


05- "Medo Profundo" (47 Meters Down), dirigido por Johannes Roberts (2017).

- Este suspense é verdadeiramente angustiante, tenso e envolvente! A história segue duas irmãs que ficam presas em uma gaiola de tubarões no fundo do oceano. Com recursos limitados e o tempo se esgotando, elas lutam para sobreviver enquanto os predadores circulam ao redor. O filme explora o medo primordial das profundezas e a luta pela vida.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Dicas de filmes - Parte 22

01- "O Último Pôr-do-Sol" (The Last Sunset), dirigido por Robert Aldrich (1961);

- Este filme é um clássico do faroeste, cuja trama gira em torno de um fugitivo que busca refúgio em um rancho e acaba se envolvendo em um triângulo amoroso complexo. A tensão emocional é elevada, e o desfecho da obra é verdadeiramente surpreendente, transformando-a em uma rara peça de arte. Além disso, as atuações de Kirk Douglas e Rock Hudson são memoráveis, enquanto que, por sua vez, a direção de Aldrich mantém um ritmo que destaca os dilemas morais dos personagens.


02- "Terra Estranha" (Strangerland), dirigido por Kim Farrant (2015);

- "Terra Estranha" é um suspense que explora a desintegração de uma família após o desaparecimento de seus filhos no deserto australiano. Nicole Kidman e Joseph Fiennes entregam performances emocionantes, capturando o desespero e a dor de seus personagens. A direção de Farrant cria uma sensação palpável de isolamento e mistério, tornando o filme uma experiência envolvente, embora perturbadora. Por fim, cabe salientar que a narrativa trata de forma impecável a relação entre pais e adolescentes nos dias atuais, destacando o quanto aqueles estão distantes da realidade vivida por estes e os perigos proporcionados por essa falta de controle e de conhecimento.


03- "Rebeldia Indomável" (Cool Hand Luke), dirigido por Stuart Rosenberg (1967);

- "Rebeldia Indomável" é um retrato poderoso da opressão, da resistência, do Sistema, das leis, da justiça, do tédio e da transgressão. Paul Newman brilha no papel de Luke, um prisioneiro que desafia as autoridades da prisão com sua atitude indomável. A direção de Rosenberg equilibra momentos de humor e tragédia, criando um filme profundamente humano e inspirador. Um verdadeiro clássico, merecedor de toda a fama que possui, pois é uma produção comovente, divertida e encantadora.


04- "Emma" (Emma), dirigido por Autumn de Wilde (2020);

- Nesta adaptação da enorme obra de Jane Austen, Anya Taylor-Joy interpreta a protagonista Emma com charme e inteligência. A direção de Autumn de Wilde destaca a beleza visual e o humor sutil da história, encantando o olhar e as emoções. O filme é uma celebração do espírito de Austen, apresentando diálogos afiados e cenários deslumbrantes, os quais comprovam acuradamente as razões que tornaram a autora inglesa atemporal e inesgotável.


05- "Buscando..." (Searching), dirigido por Aneesh Chaganty (2018).

- "Buscando..." é um thriller inovador, contado inteiramente através de telas de dispositivos digitais. A narrativa acompanha um pai que se utiliza da tecnologia moderna para ajudar nas buscas por sua filha adolescente desaparecida. A produção é brilhante, comovente e poética ao mostrar a evolução da família, tanto os momentos bons quanto os ruins, por meio dos registros que são feitos dessas ocasiões (vídeos, fotos, anotações na agenda, interações em redes sociais). Ou seja, como atualmente as pessoas organizam e compartilham suas vidas nos PCs, notebooks, smartphones, etc, são as atividades realizadas nesses equipamentos que contam a história para o espectador. O filme aborda temas de extrema relevância, como privacidade e confiança, perdas na família, o distanciamento entre pais e filhos (principalmente o quanto estes mudam e se afastam daqueles durante a adolescência, transformando as famílias, muitas vezes, em aglomerados de indivíduos que não interagem, nem se conhecem). Surpreendente!